"bacocos"
terça-feira, julho 06, 2004
A Comunicação Social , que "nunca se engana e raramente tem dúvidas", opina, como é sabido, sobre tudo quanto é fenómeno ou epifenómeno social. Tem, antes de tudo, e contra a Constituição, um objectivo: o mercado, vender.
Vende de tudo: "noticias", "histórias", "factos políticos", opiniões sobre tudo e sobre todos nós. Ai de quem lhe cai no desagrado. Fala do que sabe e do que não sabe, do que tem uma ideiazinha e do que não tem ideia nenhuma.
Nos últimos tempos, a Comunicação Social está apetrechada de doutores em direito, em tribunais, em organização judiciária, em competências dos tribunais, em prisões preventivas, em presunção de inocência, em culpados e inocentes. Dita sentenças com ares de quem julga, de quem está mandatada pelo povo para o efeito.
Os juízes ligeiros sobre tudo e mais alguma coisa, arrastam-na, determinantemente para o abismo da arrogância, da falta de autocrítica, para o uso cada vez menos comum de um pingo de modéstia.
Vem isto a propósito de um sermão de um cronista, aliás director de um certo semanário que, em geral, o que afirma não passa de basismo tristonho e medíocre.
Não se lhe conhece uma ideia própria com subsistência, mancha o semanário com textos que confrangem e magoam a inteligência de qualquer pessoa. Apenas lugares comuns encaixados uns nos outros e em que afirma, como seus, lamentos com fontes em outras paragens. Ideias próprias e claras - Zero.
Pois o mesmo cronista e director de tal semanário vem hoje, dizendo haver "Uma vitória da Justiça", publicar um alarvidade própria de um pasquim, mas indigna de tal semanário, sobretudo da história longínqua desse semanário.
Nas mais profundas "convicções" e certezas do tal director, em certo processo que não digo qual seja, mas que toda a gente sabe qual é, escapando assim à violação do sagrado "dever de reserva", um certo arguido não foi pronunciado e daí que tenha sido "inadmissível" ter sido preso, tanto mais que, e cito para
..agora se concluir a inexistência de provas para o levar a julgamento...
E acrescenta, com ar de catedrático coimbrão, daqueles que publicou compêndios e tratados de direito penal que isto é assim......Mesmo que agora venha a dar razão à acusação...
Quer dizer que, para o catedrático, a decisão da relação, dando razão ao recurso, nada altera, o arguido tem razão e, até parece, que não irá a julgamento. Tanto atrevimento e tanta ignorância juntos são de desalinhar cabelos a quem os tenha.
O director de um jornal que escreve isto, tamanha asneirada e tão grande desalinho, num jornal sério e num país sério, tinha um futuro próximo - o despedimento, pelo menos de director, devendo ser arredado para o corpo de escribas de terceira ordem do jornal.
Um director de um jornal, por mais importante que se julgue, tem de se informar antes de escrever seja o que for e não se mete a congeminar asneiras sobre um tema de que não capta o sentido.
Mas já nada espanta neste triste país em que, após a vitória colectiva e patrioteira da Euro, não se enxerga uma ideia mobilizadora, um projecto, num pais em que o destino colectivo se trama em manobras palacianas e em entrevistas esquizofrénicas na TV e onde se fala como se fosse aquilo que se não é e nem se sabe se se irá ser.
É um Carnaval.
Alberto Pinto Nogueira
Publicado por josé 23:00:00
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