Ana Gomes
segunda-feira, julho 12, 2004
Nem sempre a elegância estética se pode colocar acima da verdade, da justiça e outros valores. Diria mesmo que nunca tal dita "elegância", pode sobrepor-se a quaisquer valores, sejam de ética, sejam de princípios políticos.
Certo que um dos "valores" cultivados ao extremo na nossa pequenina sociedade, de mediocridades, minudências e coisas análogas, se chama, muito simplesmente de hipocrisia ou de "nacional porreirismo" que, hoje, tem designação eufemística de "patriotismo moderno" gerado para os lados de Belém, com cunho futeboleiro à mistura.
Ana Gomes que é de quem aqui quero falar, e prestar homenagem, com todos os riscos que isto tem, é premiada pela natureza do seu carácter de uma virtude que mais aprecio, sempre apreciei e espero sempre apreciar: a frontalidade.
Esta conduziu-a, não pela primeira vez, a dizer o que disse, com firmeza, sem tibiezas e claramente. É assim que vejo um político.Aprecio, sem nenhuma reserva, os que exercem a cidadania contra tudo e contra todos, como é próprio numa democracia que se não vê limitada pelos poderes vindos de deus como foi típico das monarquias não constitucionais.Detesto recados, terminologias equívocas, compromissos espúrios, falta de clareza, o "politicamente correcto" Este conduziu ao que se sabe, a sociedades mórbidas, sem alma, onde a cidadania é ZERO.
Daí que me pergunto onde estavam os "correlegionários" de Ana Gomes quando esta, com firmeza e a sério, lutou em Timor contra a ditadura indonésia. Nessa altura, não lhe apontaram a "incontinência verbal".
De "incontinência", e não só verbal, padecem muitos deles, quando nos traem fugindo da luta da política, quando nos traem organizando panelas com a direita, quando nos traem reduzindo a política à distribuição de tachos. Isso é que é incontinência da mais rasca.
Os que hostilizam Ana Gomes são os mesmos que colaboraram na guerra do Iraque, que acobertaram os corruptos, que se embrenham no universo escuro e esconso do futebol. São os manipuladores de quem os elege, os que se assumem donos das instituições para que apenas foram eleitos e que, na "hora da verdade" se deslocam para um tacho internacional abandonando o Povo à sua sorte.
Ana Gomes, como cidadã, tem todo o direito de se manifestar, contra ou a favor, com esta ou aquela linguagem, apenas com os limites do código penal que não infringiu que se saiba. Os novos censores não têm o direito de dizer a Ana Gomes "como " se deve exprimir, nem de lhe impor a terminologia hipócrita das chancelarias que ela conhece muito bem.
E não passará muita água debaixo das pontes sem que os que hoje criticam certa entidade pública lhe estejam a prestar vassalagem. Estou certo que Ana Gomes não o fará. É capitosa.
Tudo se resume afinal, a uma questão de Cidadania e Ana Gomes não padece de nenhuma CAPITIS DIMINUTIO.
Alberto Pinto Nogueira
Publicado por josé 10:54:00
18 Comments:
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Soundstorm.
Parece-me destemperada demais, para diplomata. Mas é só o "parece-me", por comparação e se calhar imagem estereotipada da diplomacia.
Também prefiro o desassombro no discurso e a coragem na ousadia. COntudo, na política, não sei se isso será grande qualidade ou se bastará para impor um carisma.
Abstenho-me de mais comentários sobre a pessoa que não conheço.
Mesmo assim, atentei no que escreveu sobre Lurdes Pintassilgo, no causa nossa e que revela o seu desconhecimento de uma certa realidade, fora dos círculos políticos:
" Naquele dia na Estrela, fomos conversando enquanto eu a amparava no lento e penoso percurso, corredor fora, deixando a capela do velório. Sobre a morte do Professor Sousa Franco, que a abalara muito, sobre a campanha para as europeias, o PS, os anos de trabalho juntas em Belém, etc.. Já à saída da Basílica, perguntei de que lado estaria o motorista que a viera trazer. Atalhou «Meu motorista? Filha, não tenho dinheiro para tal. Este é um senhor muito amigo, muito gentil, que insiste em conduzir-me quando tenho de sair de casa. Sabe, é que eu vivo apenas de uma pequeníssima pensão dada pelo Baltazar Rebelo de Sousa...». Perante a minha incredulidade, Maria de Lourdes explicou que nos tempos do governo PS bem tentara que a situação fosse corrigida, falara até a alguns ministros... Mas, que havia de se fazer, só fora Primeira-Ministra cinco meses, só tinha direito a pensão pelos tempos de Procuradora à Câmara Corporativa!
A Democracia tem destas injustiças. Injustiça os seus melhores. E o mais duro é que eles nos estão a deixar.
Ana Gomes "
Como discordo, ali�s, de algu�m que admite na pra�a p�blica que a sua posi��o de amiga pessoal de JSampaio deveria ter influenciado a decis�o do Presidente da Rep�blica.
JSNovo (http://ecosdaprovincia.weblog.com.pt)
Já que me parecem todos tão doutos, deveriam saber melhor que eu, que a política não se faz de uma forma emotiva, irracional, irreflectida utilizando as primeiras palavras sugeridas pela angústia.
A grande política tem necessariamente que ter uma linha de pensamento cartesiano. Tem que ser absolutamente racional, fria, distante, mas eficaz.
O que a D. Ana Gomes demonstrou é que em situações de grande stress o melhor que consegue é bradir palavras emotivas sem conseguir definir um plano de contra-ataque!
Efectivamente, este exemplo, como outros, é a demonstração que a política em Portugal encontra-se de rastos e que há uma ausência de grandes Homens de Estado.
Cordialmente,
Olindo Iglesias
Obrigado
Luis Tito
www.tugir.blogspot.com
No entanto gostei de a ouvir outro dia despejar à frente das camaras de TV o que todos pensavam mas tinham receio de dizer. Não fossem as suas carreiras políticas ficarem prejudicadas.
Sim, Ana Gomes pode ser mulher mas mostrou que tem mais "cojones" que todo o Palácio de Belém junto...
(http://cabalas.blogspot.com)
Irascível
Meus caros, a Dra. Ana Gomes tem todo o direito de se sentir traída por um presidente em quem votou por julgar que em situações como esta ele não indigitaria para primeiro ministro um político que nunca foi a votos senão para eleições autárquicas. Será que vocês votaram nele como possível primeiro ministro? Acho que não e aqui para nós, acho que nunca votariam. Só que, como o outro, para se ir lestamente embora, tinha que entregar as chaves a alguém que estivesse à mão, entregou-as a ele... E vocês: "Está bem...". Isto sim, é que é patriotismo, coragem, elevação de espírito e já agora, fisionomicamente, o ar de espanto disfarçado...
Mais uma vez: a Dra. Ana Gomes tem toda a razão em se sentir magoada com o político que vive em Belém (de que agora já não vale a pena mencionar o nome) e o que diz é mel, comparado com o que o pessoal da ex-"maioria" teria dito se a decisão fosse a de marcar eleições. Só que ele (o de Belém) vai estar muito atento... O que não deve ter sido o caso até agora...
Valha-nos Deus, quando vier das férias que deve estar a gozar nas Caraíbas há para aí uns 2000 anitos.
Bem precisámos...
PS- Nada disto afasta o facto de Jorge Samapaio ter tido uma decisão política lamentável ao deixar-se pelo ex-Durão hoje Barroso
Ana Gomes, Mª. José Morgado, Saldanha Sanches, e quejandos, sempre a ousar lutar !!!
Podem dizer que os teve no sítio, mas escusava de insultar Jorge Sampaio.
O Presidente tem um passado impoluto, insuspeito e a História há de lhe dar razão.
Perdeu a táctica politiqueira, ganharam os interesses nacionais.
E já agora a história de Timor está muito mal contada, sim senhores. Ainda me lembro de ver o Dr. Portas e o Dr. Lopes a arriscarem a bronzeada pele em Jakarta, enquanto a Dra. Ana Gomes fazia minutos de silêncio em Lisboa ou assobiava para o ar. Ou então foi ao contrário. Mas acho que tem que estar mal contada e o jeito que isso dava. Eu fiquei em Lisboa, dessa parte não tenho dúvidas...
Mas vocês ainda não estão contentes?!!!
Gostava de citar José Lello e FMS do No Quinto dos Impérios respectivamente. Sofre de Incontinência Verbal e foi graças às suas ameaças de histeria que Timor ficou independente.
No mercado da Ribeira
Há um romance de Amor
Entra a Ana Gomes que é peixeira
E o Sampaio que foi um "traidor"
Sabem todos que lá vão
Que a Ana gostava do Jorgito
Só o Santana é que não
Consentiu no Namorico
Quando ele empossa o Governo
Ela berra descarada
Porém o Jorge à cautela
Dialoga e não diz nada
Que o PS quando calha
Dizendo Sampaio és um chato
Por dá cá aquela palha
Faz tremer o Largo do Rato