Protocolo/Futeboleiro
terça-feira, junho 15, 2004
De um estimado colaborador, devidamente identificado como "vae victis", fica o seguinte postal...
Em boa hora, as entidades públicas competentes decretaram o Euro/Futebol como um projecto nacional, de modo a que ninguém duvidasse de que, pelo menos aí, toda a nação lusa estava de acordo. Sem necessidade de votos, de eleições, ou de referendos.
Nesta conformidade, os lusos também entenderam que as ditas entidades públicas se tinham posto de acordo no que dizia respeito a essa missão histórica que nos foi, mais uma vez, concedida pelo nosso destino colectivo.
Enganaram-se.
Enquanto a nação se entendia nas ruas e ruelas de Portugal, alegrando tudo quanto era sítio com a exibição alegre da bandeirinha da pátria, como lhes fora imposto por decreto presidencial e decreto-lei do governo, os ditos poderes públicos desentendiam-se, como é uso, por razões de "interesse nacional". Conectado com o Euro/Futebol.
Uma questão de cadeiras, de cadeiras VIP, de cadeiras não tão VIP, de cadeiras menos VIP.
São assim os nossos governantes - falam simpaticamente se a TV filma, são arrogantes se as câmaras estão longe, tratam de mediocridades de cadeiras se supõem que ninguém dá conta.
Pois isso aconteceu mesmo na inauguração desse acontecimento sebastiânico determinado pela UEFA e cumprido pelos lacaios do país.
Estava tudo determinado antes, como compete a um protocolo sério, bem organizado, onde cada um, pelo valor social e financeiro que exibe, tem a cadeira correspondente.
Na hora da verdade, chegaram ministros a mais, penduras a mais e já não havia lugares a respeitar. As personalidades, zangam-se, protestam, querem estar todas nos lugares de relevãncia, tanto mais que, no domingo há eleições.
Madail e o patrão da UEFA, ressabiados, ameaçam ausentar-se antes do acontecimento. Ministros exigem o lugar correspondente ao dinheiro "deles" que desembolsaram para o Dragão, o presidente toma o sítio mais brilhante. Acabam todos por se desentender, mas logo se entendem. São pessoas de bem, civilizadas, ou seja, gente do futebol - tudo gente séria.
Lá bem ao centro, com direito próprio, Valentim Loureiro, ao lado, mesmo ao lado do Sr. Presidente. Valentim não se sentou como Homem do futebol mas como "presidente da Junta Metropolitana do Porto...".. É ver os jornais de domingo último.
No fim, ninguém falou - os políticos, do futebol,e não só, só falam alto na hora da vitória, na derrota calam-se, não querem ser confundidos com ela.
"Vae Victis".
Publicado por josé 10:31:00
3 Comments:
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Ahh, e Martin Kallen, o tal das afirmações que afinal não foram ditas naquele contexto, que é apenas o responsável da UEFA para o Euro-2004, viu o jogo de pé.
Já tá de férias?