o divino censor...
sexta-feira, junho 18, 2004
Enquanto se fala da possível venda do ramo comunicacional da PT (um perfeito disparate do ponto de vista estratégico e mesmo financeiro, diga-se) o jet set dos oligopoliozinhos da nossa comunicação social alarma-se com um pequeno grande "drama".
Pinto Balsemão, por quem não nutrimos grandes amores, tem no entanto uma grande virtude - às vezes lembra-se que já foi um verdadeiro jornalista.
Assim aquando da publicação pelo Expresso de uma primeira peça menos simpática para o consórcio Carlyle & Associados, e relacionada com o dúbio processo de revenda da participação da ENI na GALP, Balsemão ignorou estoica e olimpicamente os insistentes pedidos directos de Ricardo Salgado para por o Expresso na "linha", pelo que nas semanas seguintes o Expresso lá continuou a dar eco a algumas das preocupações e alertas desta Venerável Loja. Como retaliação Ricardo Salgado, e com a polidez habitual que se lhe conhece, não faz a coisa por menos e promete cumprir a ameaça prévia - asfixiar a Impresa desviando para outras pastagens a larga parte do budget publicitário do universo BES que lhe era destinada... Um pequeno episódio que diz muito sobre muita coisa, e explica ainda mais coisas.
Publicado por Manuel 02:31:00
Não posso deixar de me lembrar da exaltação demonstrada por Durão Barroso quando sobre esse assunto foi interpelado na Assembleia.
Haverá alguma relação nisto, ou é só impressão minha?
É que como Durão foi consultor do BES nos EUA...
Não sendo marxista, é preciso reconhecer que a análise marxista sobre o Estado e a sua superestrutura, continuam a fazer sentido nos dias de hoje.
Mesmo que o remédio, neste caso, seja pior do que a cura, o diagnóstico já conta para alguma coisa.
Daí que se possa dizer que os governantes que temos há muito fizeram uma opção de classe: o apoio aos mais poderosos interesses particulares, em detrimento dos interesses dos mais poderosos em eleições: o povo em geral.
Esta contradição vai moê-los e derrotá-los e é essa a única consolação que resta.