Especial Euro 2004 (X)

Portugal, Portugal!

Contra tantas previsões, e para baralhar certas mentes que têm uma enorme tentação para o pessimismo, Portugal conseguiu mesmo o apuramento para os quartos-de-final.

A Grande Loja, que desde o encontro com a Grécia foi avisando que a coisa não estava assim tão má, felicita a selecção nacional por um apuramento justíssimo e por esta vitória diante da Espanha. Foi suada, beneficiámos de uma pontinha de sorte, mas está muitíssimo bem entregue.



Depois de ter tudo ter corrido mal com a Grécia, desta vez o essencial correu bem. Portugal marcou na altura certa - numa fase em que, de facto, a esperança começava a esmorecer - e teve alguma sorte pelo facto de não ter sofrido qualquer golo nas três ocasiões flagrantes que a Espanha criou nos minutos seguintes. Valeram-nos um poste (remate de Fernando Torres), a barra (que travou um cabeceamento) e, claro, a cabeça de Ricardo Carvalho, que roubou o empate à Espanha já quase em cima da linha.

O central do FC Porto fez, uma vez mais, um jogo fantástico. Cortou tudo, quase não fez faltas, salvou-nos de situações de perigo e saiu a jogar com firmeza e oportunidade. É um jogador de excepção - já não é só o melhor central português. É mesmo capaz de ser, neste momento, o melhor jogador português.



Depois da boa reacção espanhola, e com o tempo a passar, Portugal soube recompor-se e retomou as rédeas da partida. E até podia ter dilatado a vantagem - em dois cabeceamentos de Costinha, num remate de Nuno Gomes, ou no remate de Maniche que um defesa espanhol corta sobre a linha de golo.

Contas feitas, Portugal até teve mais ocasiões para dilatar do que a Espanha para empatar. Independentemente disso, a vitória portuguesa foi justíssima, porque a nossa equipa revelou-se, ao longo dos 90 minutos, um conjunto mais sólido, que trocou melhor a bola e se mostrou mais ofensivo e empreendedor.

No plano individual, há vários nomes a destacar. Logo de início, o autor do golo decisivo - Nuno Gomes. A Grande Loja tinha referido esse aspecto ontem, Pauleta não está bem. O açoriano desaparece do jogo e o seu instinto matador parece ter-se esfumado.

Tínhamos advogado a titularidade do benfiquista em detrimento do avançado do PSG. O decorrer do jogo deu-nos razão - Nuno entrou para resolver; Pauleta passou ao lado do duelo, enquanto esteve em campo.

E que golo fez o ponta-de-lança do Benfica! Numa jogada de altíssimo recorte técnico, Figo passa a Nuno Gomes e quando todos esperavam a tabelinha, Nuno faz uma rotação perfeita (a fazer lembrar um golo que apontou há uns meses em Milão, para a Taça UEFA) e atirou para o êxito.

Mas há vários outros destaques, Ricardo Carvalho, claro, que para nós foi o melhor em campo; Deco voltou a ser o maestro do meio-campo; Jorge Andrade fez cortes oportuníssimos; Nuno Valente e Miguelderam conta do recado nas laterais, secando os perigosos extremos espanhóis, Joaquin e Vicente.

E agora? Agora, tudo pode acontecer. Portugal soube reagir ao desaire do primeiro jogo e ainda foi a tempo de vencer o grupo A. Em função do extremo equilíbrio que tem pautado este europeu, o sonho de estar na final é perfeitamente legítimo.

Aconteça o que acontecer, uma coisa está já garantida: a selecção deixará uma boa imagem no Euro'2004 organizado por nós. E é caso para perguntar, fechado que está o grupo A, olhando para a classificação final, com que cara estarão os julgadores sumários que profetizaram a desgraça depois do jogo com a Grécia? O que têm eles a dizer-nos?

Por que é que só sabemos viver com o tudo e o nada?

No rescaldo do quentíssimo Portugal, 1-Espanha, 0, a nossa selecção merece um 17, a Espanha fica-se pelo 15

Bem tínhamos dito que esta Espanha não nos convencia. Quanto a Portugal, tem feito um Euro em curva ascendente - começou com um 14, subiu para um 16 e no terceiro jogo já mereceu 17. A média portuguesa começa a estar ao nível dos principais candidatos ao título...

No outro jogo do dia, os gregos festejaram a qualificação, com uma... derrota frente à Rússia. Os russos chegaram ao 2-0, resultado que daria o apuramento aos espanhóis, mas um golo grego serviu para o apuramento, embora não tenha evitado a derrota à equipa de Otto Rehhaggel.

Bem tínhamos avisado que este grupo ia ser tão equilibrado que talvez fosse decidido por um golo...

A Rússia leva 15, a Grécia um 13.

Publicado por André 02:05:00  

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