"A Tanga, o Fio Dental e a Retoma"
quinta-feira, maio 27, 2004
Chegou a Retoma.
Passados dois anos e meio em que os lusos se indumentaram resumidamente de tanga, depois de fio dental impúdico, que fazia inveja a qualquer exposição solar do Rio de Janeiro, Durão Barroso (DB) anunciou, de uma cidadezinha desconhecida da Germânia, a capacidade organizativa, empreendedora do rectângulo que ainda é, parcialmente, dos descendentes de árabes, visigodos e celtas.
Passou-se finalmente da discussão à execução que é o que distingue a retoma da sua pré-retoma. Associou-se-lhe o Presidente da República (PR), este teorizando as virtudes futeboleiros do norte e aconselhando os sulistas-elitistas a seguir-lhe o exemplo de equipa com garra, bem organizada e com uma equipa de técnica invejável.
Ficaram por promulgar, através de Decreto-Lei (DL), as glórias e os relvados das mesmas, pois o país é hoje, e será nos próximos tempos, um imenso relvado de futebol em que quem é patriota se deve rever.
Já disse aqui que o barrosismo é uma filosofia política que se sintetiza em transmudar tudo e todos numa bola de futebol, as cabeças devem acomodar-se ao feito dessas bolas. Ser redondas.
Manuela Ferreira Leite (MFL) perdeu aquele ar autoritário e desdenhoso com que fala na Comunicação Social (CS) e que lhe advêm dos tiques adquiridos no tempo em era membro de um Governo cujo chefe nunca se enganava e raramente tinha dúvidas.
Com a retoma do futebol, tornou-se democrata, quase populista, e segue de metro ou autocarro para o Ministério das Finança (MF), depois de ter cedido o seu gabinete ministerial ao Director -Geral dos Impostos (DGI).
Um gestor privado que vai dirigir a "res publica" em moldes privados...Por isso que MFL, dona que é dos nossos impostos, decidiu, como ministro do Dinheiro Público, pagar a um privado uma quantia que nem o PR recebe - só, mesmo assim, 25.000 euros mensais.
Que representa isso com o êxito da retoma internacional provinda do futebol com riscas azuis e brancas?
Carlos Tavares (CT), ministro da economia, que traçou com todo o pormenor tantos programas económicos de salvação nacional que já nem ele sabe o que está em vigor, pode finalmente, em bicos de pés, sair daquela situação deprimente de pedir, mendigar, voltar a mendigar e a pedir, aos ditos empresários que não se estabeleçam no leste que deixem as empresas no país. Pode agora exigir, exibindo a Bola às riscas e com o aval da UEFA e,
por maioria de razão da EU. Que o que cá está, cá fique. E fica.
Já não pela força política de CT, mas antes pelo beatério de Bagão Félix (BF). Este, com vários dribles futebolísticos, desde a liga dos campeões ao sacrossanto euro, vai manter os quinhentos mil desempregados, as pensões degradadas e os apoios sociais chorudos às famílias desempregadas e doentes. Consola-as com umas missinhas de domingo em que o FCP faz de Igreja Universal na terra que foi de Camões e de que este, com certeza, hoje muito se ufanaria.
Celeste Cardona (CC) ministra de um extinto ministério que se diz de justiça, por fim, vai levar a efeito tudo quanto é necessário para se ter um "colinho" para todas as criancinhas desamparadas. Para tornar célere a dita cuja justiça, a hipotética ministra vai pagar horas extra a tudo quanto é funcionário e magistrados. Em nome da grande indústria nacional que se passou das cervejas, do vinho do Porto, da Lisnave, para o futebol, onde o Estado nada investe, como é sabido, nem em dinheiro, nem em impostos que devia receber e não recebe.
Marques Mendes (MM), que adquiriu uns sapatos de tacão alto para o efeito, na Assembleia da República (AR), em nome do governo que nos desgoverna, fará, em tom patriótico e exaltado, tipo parlamentar da 1ª República, um discurso inflamado, exaltando este povo que conseguiu, numa só noite, o que demorou anos a conseguir. Vai propor um voto de louvor ao FCP.
Os deputados, alguns a contragosto por causa de questões que nada têm a ver com objectivos eleiçoeiros, vão votar, por unanimidade.
O país, pela mão redonda de uma bola de futebol, entrou na retoma, deixou a tanga e o fio dental.
Alberto Pinto Nogueira
Publicado por josé 09:06:00
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