"Limiano às Fatias"
domingo, abril 18, 2004
Edição nº 3 / Ano 2004
Editorial
Cada vez que passo pela zona do marquês de Pombal em Lisboa reparo que alguma coisa está diferente. Ou são os sentidos do trânsito que mudam, ou são as máquinas que invertem o seu sentido de labuta, é o túnel meus senhores. O Túnel que irá permitir eliminar o trânsito à superfície na Avenida Joaquim Augusto Aguiar e zona das Amoreiras. Para quem conhece a cidade francesa de Lyon, há muito que um túnel de quase 4 quilometros atravessa a cidade numa espécie de circular interna, concluída de uma só vez, permitindo que os automóveis atravessem a cidade.
Não tenhamos dúvidas que o túnel do Marquês será a obra que Pedro Santana Lopes deixará na cidade, quer vá para Bélem quer continue. Da mesma forma que João Soares deixou uma baixa pombalina com um enorme “ buraco “ na zona do cais das colunas devido a ineficiência económica e racionalidade de engenharia na obra do metro em Santa Apolónia. A obra do túnel do Marquês é um risco, e Pedro Santana Lopes gosta e corre riscos, porque que não os correr não ganha na vida.
Mas uma coisa é correr riscos , outra é correr riscos desnecessariamente. Não partilhando dos adjectivos que já classificaram o túnel do Marquês, como o túnel do IP5, confesso que acho o túnel uma obra necessária para Lisboa. Pode hoje a oposição reclamar, mas estamos todos recordados que esta obra foi proposta por Jorge Sampaio, aprovada por João Soares e finalmente posta em prática por Pedro Santana Lopes. E meus senhores não é porque passa a existir um túnel que passam a entrar mais carros em Lisboa.
Mas a questão do túnel levanta-se não só ao nível de engenharia, como ao nível de sustentabilidade ambiental e económica. O túnel por si só não irá resolver nenhum problema do trânsito em Lisboa, porque efectua um “transvasse” do automóvel a superfície das Amoreiras para as Avenidas Fontes Pereira de Melo, Liberdade e António Augusto de Aguiar. O túnel por si só já valorizou os terrenos da Avenida Joaquim Augusto Aguiar, comprados em hasta pública por um conhecido empresário português. O túnel por si só não irá tornar Lisboa numa melhor Lisboa.
Se houver coragem e algo que se chama planeamento , se existir uma estratégia concertada de transportes, se existir por exemplo, uma gare inter-modal na zona de Monsanto/Alfragide com parques de estacionamento, e a partir daí um metro ligeiro de superfície com ligação a Campolide/Campo de Ourique/Amoreiras, então o túnel será uma mais valia, que se acrescenta ao processo.
Isoladamente, será apenas e só um negócio, que o mercado imobiliário já agradece.
Não tenhamos dúvidas que o túnel do Marquês será a obra que Pedro Santana Lopes deixará na cidade, quer vá para Bélem quer continue. Da mesma forma que João Soares deixou uma baixa pombalina com um enorme “ buraco “ na zona do cais das colunas devido a ineficiência económica e racionalidade de engenharia na obra do metro em Santa Apolónia. A obra do túnel do Marquês é um risco, e Pedro Santana Lopes gosta e corre riscos, porque que não os correr não ganha na vida.
Mas uma coisa é correr riscos , outra é correr riscos desnecessariamente. Não partilhando dos adjectivos que já classificaram o túnel do Marquês, como o túnel do IP5, confesso que acho o túnel uma obra necessária para Lisboa. Pode hoje a oposição reclamar, mas estamos todos recordados que esta obra foi proposta por Jorge Sampaio, aprovada por João Soares e finalmente posta em prática por Pedro Santana Lopes. E meus senhores não é porque passa a existir um túnel que passam a entrar mais carros em Lisboa.
Mas a questão do túnel levanta-se não só ao nível de engenharia, como ao nível de sustentabilidade ambiental e económica. O túnel por si só não irá resolver nenhum problema do trânsito em Lisboa, porque efectua um “transvasse” do automóvel a superfície das Amoreiras para as Avenidas Fontes Pereira de Melo, Liberdade e António Augusto de Aguiar. O túnel por si só já valorizou os terrenos da Avenida Joaquim Augusto Aguiar, comprados em hasta pública por um conhecido empresário português. O túnel por si só não irá tornar Lisboa numa melhor Lisboa.
Se houver coragem e algo que se chama planeamento , se existir uma estratégia concertada de transportes, se existir por exemplo, uma gare inter-modal na zona de Monsanto/Alfragide com parques de estacionamento, e a partir daí um metro ligeiro de superfície com ligação a Campolide/Campo de Ourique/Amoreiras, então o túnel será uma mais valia, que se acrescenta ao processo.
Isoladamente, será apenas e só um negócio, que o mercado imobiliário já agradece.
Alargamento a Leste
No blog De Direita fala-se que isto está bom é para os países que vão aderir a União Europeia. Depende do que estivermos a falar, mas se for da situação e evolução económica, termine a UE com a PAC e depois diga-me o que fazem com a Polónia. Isto para não falar no défice orçamental de 12,6 % que a poderosa República Checa ostenta. Sim eu sei, as cortinas ainda são de ferro, mas falar assim tão despreendida mente dos países que vão entrar na UE, pode-vos trazer alguns amargos de boca.
Alucinações e Visões
Sempre pensei as visões do inferno, eram algo aterradoras, com fogo e espíritos de lucifer a vociferar pelos ares. Mas não, aqui o Barnabé, acha que os cartazes de promoção ao euro-2004, sobretudo aquele que cobre o areal da Praia da Rocha com relva, se trata de um visão do inferno. Provavelmente o facto de o André Belo estar fora do país leva-o a estar fora daquilo que foi sempre a ideia que serviria de suporte ao Euro-2004 : Um designio nacional. Se o ICEP não fizesse promoção nenhuma , provavelmente estaria aqui a criticar a ausência de promoção do organismo. Mas não, e pelos vistos até recebeu um folheto aí onde se encontra.
Mas nunca jogou a bola na Praia da Rocha cheia de turistas ? O facto de ter jogado lá a bola despertou em si , alguma vocação de construtor civil ?
Lamento, mas deve rapidamente consultar aí, um especialista de visão e não só...pois parece-me que também sofre de algumas alucinações.
Mas nunca jogou a bola na Praia da Rocha cheia de turistas ? O facto de ter jogado lá a bola despertou em si , alguma vocação de construtor civil ?
Lamento, mas deve rapidamente consultar aí, um especialista de visão e não só...pois parece-me que também sofre de algumas alucinações.
Durão Barroso e o Terrorismo
Normalmente afastado da política nos últimos anos, o ex-primeiro ministro colocou Durão Barroso e a sua política externa em cheque, ao afirmar que “ficou surpreendido pelos Americanos não estarem preparados para lidar com a paz”.
Não concordando com a forma com Durão Barroso se terá dirigido a Zapatero, a verdade é só uma, e assenta numa frase que Ferro Rodrigues proferiu. O providencialismo da direita e o insulto que Durão Barroso terá feito segundo as suas palavras. Caro Ferro Rodrigues, agora que já tem o gastão consigo, poderá mais descansadamente concordar comigo, no seguinte :
A esquerda portuguesa falou das eleições de Espanha e da vitória da esquerda do PSOE nas urnas, como a derrota da direita providencial, pior uma lição para todos aqueles que não sabem o que uma democracia.
Numa democracia, os partidos da oposição não se reúnem com organizações separatistas as escondidas do Governo, talvez perpetuando pactos de regime. Numa democracia, o providencialismo nunca deve ser substituído pelo oportunismo.
Se ao votar no PSOE os espanhóis foram democráticos, os que votaram no PP foram o que ? Providenciais ou a favor do terrorismo, que tanto a esquerda agora se apressa a acolher como salvaguarda do futuro
A esquerda portuguesa " pensa que o terrorismo é um problema de civilizações, aliás que a direita providencial não o conseguiu compreender, mas se as vossas mentes iluminadas acham que sem a guerra no iraque, sem a guerra no afeganistão, com a paz na palestina, a AL-Qaeda baixaria os braços, então lamento mas estão a passar ao lado do problema, ou melhor estão a criar um novo problema.
Muitos eleitores espanhóis poderão ter sucumbido à ilusão de que, sem o envolvimento da Espanha na guerra do Iraque, teriam sido poupados aos atentados de Madrid. Muitos eleitores europeus podem ser tentados a fazer o mesmo raciocínio. Foi esse um dos efeitos imediatos e pretendidos das bombas em Madrid.
A primeira responsabilidades dos políticos espanhóis e, em primeiro lugar, daqueles que acabam de ser eleitos para governar, é de explicar que as bombas - porque foram da Al-Qaeda e não da ETA - exigem uma resposta política nova. E que a cedência ao terrorismo é a única resposta que não é possível.
Nenhum país democrático pode permitir que a Al-Qaeda determine a sua política externa. A Espanha, que conhece melhor do que ninguém a cobardia e a imoralidade do terror e que foi exemplar na defesa do seu Estado de Direito contra a ETA, nunca o poderia consentir.
Por isso, José Luis Rodriguez Zapatero devia ter escolhido outra forma de anunciar as mudanças, legítimas, que tenciona introduzir à política externa espanhola. Nunca, o anúncio da retirada das tropas espanholas do Iraque.
Zapatero discorda de uma guerra que considera um desastre para o Iraque e para o mundo. Zapatero vitupera uma guerra que foi feita "a partir de mentiras". Outros governos europeus defenderam uma posição semelhante quando a questão da guerra se pôs, no início do ano passado.
Mas Zapatero já não está em campanha eleitoral. Tem agora uma responsabilidade perante o seu país, perante a Europa e perante o mundo. Tem a responsabilidade de liderar um país traumatizado pelo pior atentado jamais perpetrado na Europa. Atacar os seus aliados e ignorar a chantagem do terror é a pior forma possível de assumir as suas novas responsabilidades na Espanha e na Europa.
Sejam quais forem as críticas à política americana contra o terrorismo, seja qual for o grau de rejeição da guerra no Iraque, da sua inutilidade e das suas consequências, as bombas de Madrid vieram provar - a quem ainda pudesse duvidar - que o terror não distingue entre "bons" e "maus" ocidentais. E que a Europa também é um alvo.
O terrorismo islâmico, como qualquer fundamentalismo, odeia o Ocidente porque odeia a democracia, a liberdade individual, a tolerância, as nossas sociedade livres e abertas. Como todos os totalitarismos, como todos os nacionalismos extremos.
O 11 de Setembro foi antes da guerra do Iraque. Não foi a guerra do Iraque que desencadeou o terrorismo, como alguns discursos por vezes nos levam a pensar. E ninguém pode dizer, em consciência, o que seria o mundo depois do 11 de Setembro, se Washington tivesse escolhido outra estratégia.
Não tenhamos ilusões. Só do mesmo lado, a Europa e a América (e todas as democracias do mundo) poderão vencer este combate. Como venceram a guerra fria e derrotaram o nazismo.
O maior risco que a Europa, confrontada com o brutal atentado de Madrid, volta a enfrentar é, de novo, o da sua própria divisão. A maior tentação que corre é a de um novo "isolacionismo" - dentro de si própria e em relação à América.
Ontem, Zapatero, com as suas declarações, não contribuiu para a unidade da Europa. Fez a única opção moralmente inaceitável, por maior que seja a sua oposição à guerra do Iraque: aceitar os termos em que a Al-Qaeda colocou as bombas de Madrid.
A Espanha revelou, uma vez mais, a força e a vitalidade da sua cultura democrática. Nas manifestações que levaram às ruas 11 milhões de pessoas para reivindicar a paz e rejeitar o medo. No voto em massa, como a mais radical resposta democrática ao terror. Na forma como reagiu a um governo que quis enganá-la sobre a única coisa em que não era admissível ser enganada.
Estas demonstrações da vitalidade democrática da Espanha não são de agora. Foram testada e demonstradas mil vezes perante o terror da ETA. Poucas democracias do mundo resistiriam tão exemplarmente à arma do terrorismo sem cair na tentação de pôr em causa o império da lei. A Espanha é capaz de ver mais longe do que uma retirada precipitada do Iraque. Merece um novo líder capaz de ver mais longe do que uma vitória eleitoral.
Não concordando com a forma com Durão Barroso se terá dirigido a Zapatero, a verdade é só uma, e assenta numa frase que Ferro Rodrigues proferiu. O providencialismo da direita e o insulto que Durão Barroso terá feito segundo as suas palavras. Caro Ferro Rodrigues, agora que já tem o gastão consigo, poderá mais descansadamente concordar comigo, no seguinte :
A esquerda portuguesa falou das eleições de Espanha e da vitória da esquerda do PSOE nas urnas, como a derrota da direita providencial, pior uma lição para todos aqueles que não sabem o que uma democracia.
Numa democracia, os partidos da oposição não se reúnem com organizações separatistas as escondidas do Governo, talvez perpetuando pactos de regime. Numa democracia, o providencialismo nunca deve ser substituído pelo oportunismo.
Se ao votar no PSOE os espanhóis foram democráticos, os que votaram no PP foram o que ? Providenciais ou a favor do terrorismo, que tanto a esquerda agora se apressa a acolher como salvaguarda do futuro
A esquerda portuguesa " pensa que o terrorismo é um problema de civilizações, aliás que a direita providencial não o conseguiu compreender, mas se as vossas mentes iluminadas acham que sem a guerra no iraque, sem a guerra no afeganistão, com a paz na palestina, a AL-Qaeda baixaria os braços, então lamento mas estão a passar ao lado do problema, ou melhor estão a criar um novo problema.
Muitos eleitores espanhóis poderão ter sucumbido à ilusão de que, sem o envolvimento da Espanha na guerra do Iraque, teriam sido poupados aos atentados de Madrid. Muitos eleitores europeus podem ser tentados a fazer o mesmo raciocínio. Foi esse um dos efeitos imediatos e pretendidos das bombas em Madrid.
A primeira responsabilidades dos políticos espanhóis e, em primeiro lugar, daqueles que acabam de ser eleitos para governar, é de explicar que as bombas - porque foram da Al-Qaeda e não da ETA - exigem uma resposta política nova. E que a cedência ao terrorismo é a única resposta que não é possível.
Nenhum país democrático pode permitir que a Al-Qaeda determine a sua política externa. A Espanha, que conhece melhor do que ninguém a cobardia e a imoralidade do terror e que foi exemplar na defesa do seu Estado de Direito contra a ETA, nunca o poderia consentir.
Por isso, José Luis Rodriguez Zapatero devia ter escolhido outra forma de anunciar as mudanças, legítimas, que tenciona introduzir à política externa espanhola. Nunca, o anúncio da retirada das tropas espanholas do Iraque.
Zapatero discorda de uma guerra que considera um desastre para o Iraque e para o mundo. Zapatero vitupera uma guerra que foi feita "a partir de mentiras". Outros governos europeus defenderam uma posição semelhante quando a questão da guerra se pôs, no início do ano passado.
Mas Zapatero já não está em campanha eleitoral. Tem agora uma responsabilidade perante o seu país, perante a Europa e perante o mundo. Tem a responsabilidade de liderar um país traumatizado pelo pior atentado jamais perpetrado na Europa. Atacar os seus aliados e ignorar a chantagem do terror é a pior forma possível de assumir as suas novas responsabilidades na Espanha e na Europa.
Sejam quais forem as críticas à política americana contra o terrorismo, seja qual for o grau de rejeição da guerra no Iraque, da sua inutilidade e das suas consequências, as bombas de Madrid vieram provar - a quem ainda pudesse duvidar - que o terror não distingue entre "bons" e "maus" ocidentais. E que a Europa também é um alvo.
O terrorismo islâmico, como qualquer fundamentalismo, odeia o Ocidente porque odeia a democracia, a liberdade individual, a tolerância, as nossas sociedade livres e abertas. Como todos os totalitarismos, como todos os nacionalismos extremos.
O 11 de Setembro foi antes da guerra do Iraque. Não foi a guerra do Iraque que desencadeou o terrorismo, como alguns discursos por vezes nos levam a pensar. E ninguém pode dizer, em consciência, o que seria o mundo depois do 11 de Setembro, se Washington tivesse escolhido outra estratégia.
Não tenhamos ilusões. Só do mesmo lado, a Europa e a América (e todas as democracias do mundo) poderão vencer este combate. Como venceram a guerra fria e derrotaram o nazismo.
O maior risco que a Europa, confrontada com o brutal atentado de Madrid, volta a enfrentar é, de novo, o da sua própria divisão. A maior tentação que corre é a de um novo "isolacionismo" - dentro de si própria e em relação à América.
Ontem, Zapatero, com as suas declarações, não contribuiu para a unidade da Europa. Fez a única opção moralmente inaceitável, por maior que seja a sua oposição à guerra do Iraque: aceitar os termos em que a Al-Qaeda colocou as bombas de Madrid.
A Espanha revelou, uma vez mais, a força e a vitalidade da sua cultura democrática. Nas manifestações que levaram às ruas 11 milhões de pessoas para reivindicar a paz e rejeitar o medo. No voto em massa, como a mais radical resposta democrática ao terror. Na forma como reagiu a um governo que quis enganá-la sobre a única coisa em que não era admissível ser enganada.
Estas demonstrações da vitalidade democrática da Espanha não são de agora. Foram testada e demonstradas mil vezes perante o terror da ETA. Poucas democracias do mundo resistiriam tão exemplarmente à arma do terrorismo sem cair na tentação de pôr em causa o império da lei. A Espanha é capaz de ver mais longe do que uma retirada precipitada do Iraque. Merece um novo líder capaz de ver mais longe do que uma vitória eleitoral.
A Frase da Semana
“Não leio as merdas de José Saramago”
Alberto João Jardim
Alberto João Jardim
Publicado por António Duarte 20:56:00
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