Conde d'Abranhos. Aos Portugueses On-Line
terça-feira, abril 06, 2004
Sou a última costela dos Zagalos. Não serei uma linda réplica do meu trisavô, Z. Zagalo que, com toda a inocência e zelo, secretariou o Conde d’Abranhos até ao enterro para o cemitério dos Prazeres e que com agudeza desleixada testemunhou os quinze anos em que serviu aquela pessoa de tão grande marca. «Varão eminente», chamou-lhe o meu trisavô, antes de lhe enumerar as facetas do Orador, Publicista, Estadista, Legislador e Filósofo – coisas que jamais, ao longo do século XX surgiriam acumuladas em qualquer dos descendentes em linha directa dos Abranhos. Um foi Publicista e nada mais, aliás tão reles publicista que por decisão de conselho de família foi obrigado a mudar de nome, optando por conveniência recuperar rudemente o Noronha. Ainda outro que se lhe seguiu na geração, arvorou-se em Legislador e bastou coisa pouca para se lhe ver a mecânica – foi o autor de um regulamento de contínuos por alturas da Batalha da Educação do ministro Veiga Simão mas, apesar de parecer favorável da Procuradoria-Geral da República, confundiu os regulamentados com monges budistas, pelo que chegou ao ponto de estatuir o uso do rabicho, valendo o aviso do ministro para que a Educação Portuguesa não tivesse passado pela mais grave das humilhações junto dos países da OTAN! Mas o último dos Abranhos, Paulo Orquídea Ferreira Abranhos, o actual Conde Abranhos, é um Estadista e também apenas Estadista há quinze anos, muito embora eu tenha de confessar que tem uns assomos de Orador pelo começo da manhã, uma réstea de Publicista antes do almoço, um fugaz dote de Legislador a meio da tarde e - Santo Deus! – ainda assim umas resmunguices de Filósofo pela noite, com ideias imensas sobre Portugal – o que as televisões descobriram e aproveitam, vivendo à custa disso. É aquilo a que poderá chamar um arremedo de Abranhos, mas é o primeiro arremedo a ter em conta desde que o original repousa nos Prazeres. Ora se o meu trisavô Z. Zagalo, com toda a justeza, se vangloriou de ter sido só ele a ver em chinelos e de «robe-de-chambre» aquele primeiro Conde de Abranhos que todos os Portugueses ouviram falar por um século inteiro – atormentando-lhes a consciência, diga-se - , também posso garantir que só eu, hoje, sou o único que vê Paulo Orquídea Ferreira Abranhos em «boxer» e a pingar água do duche, perdoem-me os Portugueses On-Line a «familiar expressão» tal como a Condessa perdoou ao meu trisavô, a seu expresso pedido. Vou sendo a testemunha da sua vida.
K. Zagalo
Secretário do MI Sr. Conde d'Abranhos,
sócio efectivo da Academia Lusófona dos Pontos Focais da Ilha de Fernando Pó.
Rua do Espeto
6700-980 Lisboa – 6 de Abril de 1879.
K. Zagalo
Secretário do MI Sr. Conde d'Abranhos,
sócio efectivo da Academia Lusófona dos Pontos Focais da Ilha de Fernando Pó.
Rua do Espeto
6700-980 Lisboa – 6 de Abril de 1879.
Publicado por Anónimo 15:25:00
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