O iconoclasta
quarta-feira, fevereiro 11, 2004
O advogado e jornalista António Marinho Pinto, autor de recente livrito sobre a crise na justiça, que tal como outros do mesmo teor está fatalmente destinado a adornar a montra de monos de futuras feiras do livro, escreveu em tempos uma das crónicas mais vitriólicas de que há memória na imprensa escrita.
O artigo, inserido em jornal de circulação restrita ao centro do país, aparentemente não teve reprodução noticiosa, na altura.
Contudo, sendo um panfleto virulento contra uma das figuras emblemáticas e intocáveis do Portugal que temos, talvez seja oportuno lembrar aqui o escrito que por acaso o copista encontrou e está disponível na net.
Fica o link, para quem quiser ler, e algumas frases lapidares e incómodas ...
Na altura todos meteram a cabeça na areia, incluindo o próprio clã dos Soares, e nem tugiram nem mugiram, apesar de as acusações serem então bem mais graves do que as de agora. Por que é que Jorge Sampaio se calou contra as «calúnias » de Rui Mateus ?
PRESSÕES SOBRE MAGISTRADOS
Aliás, só num país sem cultura democrática e sem qualquer respeito pelas mais elementares regras da justiça é que a publicação de um livro como o de Rui Mateus, não teve quaisquer consequências. Num país minimamente decente e onde a cidadania não fosse uma miragem, um dos dois estaria a contas com a justiça : ou o autor do livro como caluniador, ou o visado como autor dos comportamentos imputados.
Mas não ; tudo se calou e nem sequer um processo crime por difamação foi instaurado. A própria Procuradoria Geral da República assobiou para o lado, como se nada tivesse acontecido.
Mário Soares manifestou um profundo desprezo pela independência da justiça portuguesa e tentou pressionar publica e indevidamente magistrados no exercício das suas funções, aparecendo publicamente a solidarizar-se com Leonor Beleza no caso dos hemófilicos e proferindo declarações gravíssimas para a idoneidade e independência de magistrados.
Tudo para impedir um julgamento de uma figura política, apesar de haver fortíssimos indícios da prática dos delitos imputados.
Soares, como advogado que foi sabia que, perante certos factos, só em julgamento é que se pode verdadeiramente apreciar a culpabilidade ou inocência das pessoas envolvidas, mas tudo fez, juntamente com outros políticos, para impedir esse julgamento."
Publicado por josé 20:49:00