A encruzilhada
quarta-feira, fevereiro 11, 2004
Não é segredo para ninguém que por estas bandas se nutre uma confessada simpatia pelo actual Procurador Geral da República - Souto Moura. Para surpresa de muitos, o calmo e sereno Homem, não travou, não arquivou, não desviou o olhar, não cedeu a pressões ou telefonemas e permitiu que muita gente perca hoje o sono.
Enquanto outros podem agora a cabeça do Homem, nós só pedimos que agora o Homem não perca a cabeça.
Por muito que lhe custe, para Souto Moura o pior ainda está para vir. Num terreno minado, onde na sua própria casa pululam Brutus que fazem do lema "a traição é uma mera questão de datas" o seu modus operandi e da sobrevivência e progressão na carreira "whatever it takes" o objectivo mor impoêm-se a Souto Moura decisões dificeis e porventura dolorosas.
Souto Moura está agora no meio da "ponte", chegou até lá, basicamente, deixando as coisas acontecerem naturalmente mas, para chegar ao outro lado terá, incontornavelmente, de se livrar daqueles, que à volta dele, não hesitarão, mais ou menos às claras, com maior ou menor lealdade, em dinamitar a ponte onde ele se encontra e tudo aquilo que ele até hoje construíu.
Além da honestidade e sobriedade até agora demonstradas as circunstâncias exigem agora, ainda mais, coragem e uma acção ainda mais firme e determinada.
As movimentações públicas, e privadas, dos Cunhas Rodrigues, Clunys, Cândidas Almeidas, Van Dunnens e outros que tais, não deixam a Souto Moura grandes alternativas, e dar estoica e sistematicamente a outra face não é manifestamente opção.
Há muito boa gente que aposta que Souto Moura será incapaz de dar o tal murro na mesa que se impõe, e as circunstâncias exigem, mas esses são os mesmos que antes garantiram que nada se poderia vir a passar.
Mais uma vez, e contra todas as estatisticas, esperamos que o Homem volte a surpreender, porque se não o fizer ainda vai ter muito mais surpresas desagradáveis do que as que teve até agora.
Publicado por Manuel 22:36:00