O Cavalo de Tróia

Que fique claro, eu não gosto do Dr. Santana Lopes. Para mim ele representa tudo, ou quase, o que de errado existe na política e nos políticos.

Dito isto, e face aos acontecimentos recentes, declarar pura e simplesmente a morte politica da criatura ou a irrelevância das suas posições é no mínimo contraproducente e, na opinião deste modesto escriba, revelador de muito pouca lucidez.

Mas, por incrível que pareça, foi o que fizeram por ângulos diferentes mas complementares Paulo Gorjão, José António Lima e, pasme-se, José Pacheco Pereira.

Paulo Gorjão, afirma relaxadamente ...

Como muito bem nota a Grande Loja do Queijo Limiano, existe aqui claramente uma ameaça directa ao Primeiro-Ministro. Porém, deve-se de imediato desmistificar esta declaração e dizer que tal não passa de um tigre de papel, na medida em que PSL sabe perfeitamente que não deixaria de pagar um elevado custo político, se fosse identificado como o responsável pela queda do Governo.
A não ser que queira jogar à roleta russa, PSL não está em condições para fazer ameaças a Durão Barroso ou a Cavaco Silva.

Ora, escrever, isto é não conhecer minimamente o PSD. Quem de facto controla o aparelho é Pedro Santana Lopes. Quem faz o obséquio de quando é preciso desacelerar a JSD, Fernando Ruas ou até Alberto João Jardim é ,ele mesmo, Santana Lopes. Quem domina a esmagadora maioria dos aparelhos distritais é, again, Santana Lopes. Quem mais boys coloca é, surpresa, Santana Lopes, em alegre joint-venture com José Luís Arnaut.

O Lopes é, de facto, um jogador puro, mas o preço político a pagar por correr com Durão numa boa parte dos cenários possíveis é zero, como ele hoje explica pacientemente na sua prosa no DN. Santana não seria  identificado como o responsável pela queda do Governo, mas sim como o perpetuador da coligação já que ele, e apenas ele, a garantiria. Com a economia no estado em que está, com sinais lentos de recuperação, com o desemprego a aumentar, com um PS esfrangalhado, o cenário de um golpe de estado interno no PSD, na premissa de que com Santana a líder poderiam existir boas hipóteses de renovar a actual maioria pela coligação no poder não é totalmente invendável ao aparelho.

Pacheco Pereira, acerta no acessório, mas cai escusadamente na armadilha do Lopes, e que é fatalmente acabar a discutir Presidenciais. José António Lima, comete o mesmíssimo erro.

Ontem, na CPN do PSD, ninguém ousou criticar Santana, por outras palavras o custo político que ele pagou por esta aventura foi zero, o que quer dizer que vai invariavelmente haver mais, muito mais... Santana goza, e conta, descaradamente com a sua inimputabilidade  para continuar descontraidamente os seus fins ... Porque o verdadeiro problema é que em política existe horror ao vazio, e sendo Durão o vácuo absoluto, em ideias, em liderança, em afirmação do poder, é ele o melhor seguro de vida de Santana...

Ou, se se quiser,  Durão é o verdadeiro Cavalo de Tróia de Santana ...

Publicado por Manuel 15:07:00  

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