A Banda do Casaco revisitada
quinta-feira, fevereiro 05, 2004
Aqui há tempos, li por aí que alguém descobriu pela primeira vez a sonoridade deste grupo musical português e que numa década (74 a 84) fez o que ninguém, ou muitissimo poucos (Brigada Victor Jara, Fernando Pereira - o do Fernandinho Vai ao Vinho, não o outro...) -- pronto! Enganei-me: é o Júlio Pereira (nota apócrifa) jamais fizeram pela música portuguesa: composições musicais originais, baseadas na pop e na música tradicional portuguesa e letras apelativas, inventivas e pejadas de trocadilhos e rodriguinhos, ou não fossem da autoria de Nuno Rodrigues ( euh... António Pinho - mais outra.)
Copiado daquí, aqui fica a homenagem do copista:
A Banda do Casaco.
"Nascido do encontro de elementos vindos do jazz, como Nuno Rodrigues, e da inclassificável Filarmónica Fraude de António Pinho, a Banda do Casaco viverá muito da liderança destes dois elementos e da sua capacidade para se rodearem de excelentes vozes e instumentistas. Uma das características da banda será a frequente mudança de formação, mantendo-se Pinho, Rodrigues e o violoncelista Celso de Carvalho e, mais tarde, António Pinheiro da Silva, como núcleo duro.
Em 1973 dá-se o encontro entre Pinho e Rodrigues, que iniciam de imediato a escrita do seu primeiro álbum, Dos Benefícios dum Vendido no Reino dos Bonifácios, apenas editado em 1975. O nome do álbum denotava já o tom surrealista que vai acompanhar toda a obra do grupo, surrealismo esse acentuado pêlos desenhos de Carlos Zíngaro na capa do LP. No ano anterior saíra um single com os temas Ladainha das Comadres e Lavados Lavados Sim. No disco colaboravam Judi Bren-nan e Helena Afonso nas vozes, Carlos Zíngaro, Luís Linhares, José Campos e Sousa e Nelson Portelinha. António Pinho, assina todas as letras e Nuno Rodrigues compôs os temas (excepto Aliciação e Opúsculo).
Mas é no ano seguinte que sai o primeiro disco verdadeiramente marcante do grupo: Coisas do Arco da Velha. O talento satírico dos trocadilhos de Pinho conjuga-se com soluções inovadoras, e o disco é marcado pela guitarra de Armindo Neves e pelo violino de Mena Amaro, que substituiu Zíngaro. Cândida Soares participa e reforça a vocalização, ao mesmo tempo que ganha um nome artístico: Cândida Branca-Flor, do título da terceira faixa do disco, Romance de Branca-Flor. Temas como Canto de Amor e Trabalho, Morgadinha dos Canibais, ou Cantiga d'Embalar Avozinhas contribuíram para um inesperado sucesso junto do público e da crítica, que o considera disco do ano.
Se em Coisas do Arco da Velha a recolha etnográfica, depois livremente trabalhada e adaptada, é ainda decisiva para o resultado final, o álbum seguinte da Banda do Casaco inclina-se para a experimentação e o vanguardismo. Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos (1977), pretendia ser uma sátira à instabilidade económica e à precaridade social do país. Num álbum onde são significativas a entrada para o grupo de António Pinheiro da Silva e as colaborações dos "iniciados" Gabriela Schaaf na voz e Rão Kyao no saxofone tenor, destacaram-se os temas País, Portugal, Geringonça e Acalanto.
Este álbum é uma das jóias perdidas da nossa música popular. De facto, o master de Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos perdeu-se, o que torna impraticável a sua reedição em CD.
No ano seguinte, Contos da Barbearia sintetiza os trabalhos anteriores, incorporando as colaborações do contrabaixista José Eduardo e do baterista Vitor Mamede, além do regresso de Zíngaro. Mas é preciso esperar três anos mais para, em 1981, sair novo disco da banda que viria a causar forte impressão junto do público e da crítica. No Jardim da Celeste trazia duas novidades: uma sonoridade mais "urbana", aproximando-se do rock, e a participação de duas notáveis figuras: Né Ladeiras, na voz, após ter colaborado com a Brigada Victor Jara e os Trovante; e Jerry Marotta, baterista de Peter Gabriel, de reputação internacional, que gostou tanto da banda que veio a Portugal gravar com ela. Do disco sobressai Natação
Obrigatória, presença "obrigatória" nas playlists das rádios.
Também Eu (1982), é o último álbum de originais do grupo (haverá ainda em 1982 a compilação, em duplo, A Arte e a Música da Banda do Casaco), onde se faz sentir a ausência de António Pinho, um dos pilares do projecto. Notabiliza-se Salve Maravilha, na voz de Né Ladeiras. Em 1984 o grupo dá o seu primeiro e único espectáculo ao vivo, que deste modo encerra uma década de prodigiosa reinvenção dos pressupostos da música popular portuguesa. Nas palavras de Nuno Rodrigues: "Entre António Calvário e Sérgio".
"Nascido do encontro de elementos vindos do jazz, como Nuno Rodrigues, e da inclassificável Filarmónica Fraude de António Pinho, a Banda do Casaco viverá muito da liderança destes dois elementos e da sua capacidade para se rodearem de excelentes vozes e instumentistas. Uma das características da banda será a frequente mudança de formação, mantendo-se Pinho, Rodrigues e o violoncelista Celso de Carvalho e, mais tarde, António Pinheiro da Silva, como núcleo duro.
Em 1973 dá-se o encontro entre Pinho e Rodrigues, que iniciam de imediato a escrita do seu primeiro álbum, Dos Benefícios dum Vendido no Reino dos Bonifácios, apenas editado em 1975. O nome do álbum denotava já o tom surrealista que vai acompanhar toda a obra do grupo, surrealismo esse acentuado pêlos desenhos de Carlos Zíngaro na capa do LP. No ano anterior saíra um single com os temas Ladainha das Comadres e Lavados Lavados Sim. No disco colaboravam Judi Bren-nan e Helena Afonso nas vozes, Carlos Zíngaro, Luís Linhares, José Campos e Sousa e Nelson Portelinha. António Pinho, assina todas as letras e Nuno Rodrigues compôs os temas (excepto Aliciação e Opúsculo).
Mas é no ano seguinte que sai o primeiro disco verdadeiramente marcante do grupo: Coisas do Arco da Velha. O talento satírico dos trocadilhos de Pinho conjuga-se com soluções inovadoras, e o disco é marcado pela guitarra de Armindo Neves e pelo violino de Mena Amaro, que substituiu Zíngaro. Cândida Soares participa e reforça a vocalização, ao mesmo tempo que ganha um nome artístico: Cândida Branca-Flor, do título da terceira faixa do disco, Romance de Branca-Flor. Temas como Canto de Amor e Trabalho, Morgadinha dos Canibais, ou Cantiga d'Embalar Avozinhas contribuíram para um inesperado sucesso junto do público e da crítica, que o considera disco do ano.
Se em Coisas do Arco da Velha a recolha etnográfica, depois livremente trabalhada e adaptada, é ainda decisiva para o resultado final, o álbum seguinte da Banda do Casaco inclina-se para a experimentação e o vanguardismo. Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos (1977), pretendia ser uma sátira à instabilidade económica e à precaridade social do país. Num álbum onde são significativas a entrada para o grupo de António Pinheiro da Silva e as colaborações dos "iniciados" Gabriela Schaaf na voz e Rão Kyao no saxofone tenor, destacaram-se os temas País, Portugal, Geringonça e Acalanto.
Este álbum é uma das jóias perdidas da nossa música popular. De facto, o master de Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos perdeu-se, o que torna impraticável a sua reedição em CD.
No ano seguinte, Contos da Barbearia sintetiza os trabalhos anteriores, incorporando as colaborações do contrabaixista José Eduardo e do baterista Vitor Mamede, além do regresso de Zíngaro. Mas é preciso esperar três anos mais para, em 1981, sair novo disco da banda que viria a causar forte impressão junto do público e da crítica. No Jardim da Celeste trazia duas novidades: uma sonoridade mais "urbana", aproximando-se do rock, e a participação de duas notáveis figuras: Né Ladeiras, na voz, após ter colaborado com a Brigada Victor Jara e os Trovante; e Jerry Marotta, baterista de Peter Gabriel, de reputação internacional, que gostou tanto da banda que veio a Portugal gravar com ela. Do disco sobressai Natação
Obrigatória, presença "obrigatória" nas playlists das rádios.
Também Eu (1982), é o último álbum de originais do grupo (haverá ainda em 1982 a compilação, em duplo, A Arte e a Música da Banda do Casaco), onde se faz sentir a ausência de António Pinho, um dos pilares do projecto. Notabiliza-se Salve Maravilha, na voz de Né Ladeiras. Em 1984 o grupo dá o seu primeiro e único espectáculo ao vivo, que deste modo encerra uma década de prodigiosa reinvenção dos pressupostos da música popular portuguesa. Nas palavras de Nuno Rodrigues: "Entre António Calvário e Sérgio".
Publicado por josé 15:50:00
1 Comment:
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- Anónimo said...
11:22 da manhã, junho 17, 2008Bom dia. A edição em CD do Fernandonho Vai ao Vinho existe há 4 ou 5 anos. Eu comprei para oferecer a um grande amigo E AGORA QUERIA TÊ-LO EM MP3 MAS O GAJO PERDEU O CD!!!! Se alguém o tiver e puder disponibilizar para partilha era optimo! cumprimentos
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