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Escândalo de pedofilia envolve políticos no Chile

As alegadas tentativas de «politização» de escândalos de pedofilia, por via do envolvimento de políticos no abuso sexual de crianças e adolescentes, não se verificam apenas em Portugal. No Chile, abalado pela chamada «rede Spiniak», passa-se o mesmo. Com uma diferença significativa: é o Partido Socialista (PS) que ataca os conservadores da União Democrática Independente (UDI), depois de terem surgido denúncias sobre o possível envolvimento de deputados da UDI em orgias com menores de ambos os sexos, ocorridas em 22 casas espalhadas por todo o país.

Resultado: o PS chileno é acusado de «politizar» o processo e o líder da UDI, Pablo Longueira, que, em menos de 70 dias, escreveu o livro «O meu testemunho de fé», sobre a crença total na inocência dos seus correlegionários, mesmo antes de passarem pelo crivo da justiça, é criticado pelo excessivo envolvimento no caso, «arrastando» todo o seu partido para o escândalo. Com uma pesada factura que até pode prejudicar o candidato do partido, o muito católico Joaquin Lanvin (é membro do Opus Dei), actual autarca de Santiago, às próximas eleições presidenciais.

As revelações sobre a rede de pedofilia liderada pelo empresário Claudio Spiniak, proprietário da cadeia de ginásios Go Fitness, surgiram em finais de 2002, circunscrevendo-se apenas a este suspeito. Tal como aconteceu em Portugal com Carlos Silvino, Bibi. O caso foi entregue à magistrada Eleonora Dominguez em Janeiro de 2003. Esta chegou a permitir que Spiniak, em cujas casas fora descoberto muito material pornográfico, instrumentos para práticas sadomasoquistas, armas sofisticadas, fosse libertado mediante pagamento de uma caução de dez milhões de pesos. E quando tudo indicava que o escândalo ficaria circunscrito a um suspeito, a «bomba» rebentou a 10 de Outubro de 2003, quando a deputada Pia Guzman, da Renovação Democrática, falou do envolvimento de políticos da UDI na rede. Caiu o Carmo e a Trindade. Longueira começou logo a falar em cabala, montagem para desacreditar o partido, naquele que é já considerado o pior erro da sua carreira política. Tanto mais que desencadeou uma muito polémica investigação paralela à da justiça.

MUDANÇA. Devido às novas proporções do escândalo, Spiniak volta à prisão e o processo muda de mãos: passa, a 13 de Outubro, para o magistrado Daniel Calvo. Entretanto, a UDI, contratando os serviços, nomeadamente de um ex-polícia (vários agentes estão referenciados como envolvidos nas orgias, também marcadas pelo consumo de álcool e de drogas) e de um advogado, saiu para o terreno para desacreditar os testemunhos dos menores abusados. Começou aquilo a que o PS chileno apelidou de campanha de desinformação, que terá passado mesmo, segundo os media, pelo pagamento de testemunhos falsos e pela falsificação de documentos.

Aos poucos, ia-se revelando o horror: em dois meses, a partir de Outubro, descobriu-se que a presumível rede recrutava menores de ambos os sexos entre os milhares de meninos de rua do país, que, depois, eram abusados sexualmente em orgias realizadas em casas luxuosas. Umas alugadas por Spiniak, outras propriedade dos seus amigos pedófilos.

O líder da UDI sentia que o cerco estava a apertar. A 14 de Outubro, apenas um dia depois de Calvo assumir o processo, o escritor e sociólogo Pablo Huneeus divulgou no seu site o nome dos dois políticos conservadores presumivelmente envolvidos: Carlos Bombal e Jovino Novoa. Tal como em Portugal, onde abundou a desinformação através dos blogs, o escândalo também passou para a Internet. Os dois políticos processaram Hunneus, mas a menor que denunciara um deles disse às autoridades que o conhece tão bem que é capaz de descrever todos os sinais do seu corpo. Outro político foi identificado perante o juiz Calvo, entre centenas de fotografias.



DESACREDITAÇÃO. O próximo passo seria desacreditar totalmente o titular da investigação. O objectivo foi logrado quando a 13 de Outubro surgiu uma reportagem, filmada com câmara escondida, em que Calvo confessava frequentar saunas gay. A sua posição ficou imediatamente fragilizada e, a 10 de Novembro, novo magistrado assumiu a responsabilidade do processo: Sergio Munõz, que ainda tem o processo. A 5 de Dezembro, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) do Chile decidiu, por unanimidade, suspender Calvo por quatro meses do exercício da sua profissão, recebendo apenas metade do salário. Calvo defendeu-se, dizendo não ser homossexual e garantindo frequentar as saunas gay só para superar um «episódio traumático da sua adolescência». Não pondo em causa a sua orientação sexual, o STJ considerou que a conduta é «inadequada ao decoro que o cargo exige». A 19 de Dezembro, Calvo pediria desculpa ao STJ pelo seu comportamento e pelas possíveis repercussões sobre a imagem da magistratura.

Entretanto o  JN "informa" que "Ferro foi tratado como suspeito na investigação". Descoberta da dupla Carlos Tomás e Tânia Laranjo claro... Se o bomem esteve sobre escuta queriam que ele tivesse sido tratado como quê?

Publicado por Manuel 00:21:00  

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