A terceira via

Helena Pereira que está para o Público como a saudosa Milú, agora na embaixada de Madrid,  estava para o DN nos velhos tempos, e no que ao PSD diz respeito, descobriu a pólvora: "PSD Baixa Expectativas para as Eleições Europeias" . O título só por sí já diz tudo. A reter ainda do mesmo texto a tese do  adianço da remodelação para alturas do próximo Congresso do PSD.  Pois, só faltava escrever quem foi a fonte mas enfim ...

Entretanto, e para não causar dramas existenciais aqui, já que Vitorino continua entretido com as Europas e Portugal não precisa de tecnocratas bem comportadosAntónio Borges dá também no Público, com uma perninha no DN, uma  lição de savoir-faire, classe e bom senso. Marcelo é literalmente desfeito por K.O., Santana relativizado qual pulga perante o elefante Cavaco e Barroso é contextualizado  não por aquilo que fez mas por aquilo que ainda falta fazer (ou seja tudo) explicando pelo meio ao ainda PM o verdadeiro significado da palavra reformas ... 

Em 27 de Julho de 2001 Nicolau Santos escrevia no Expresso Online ...

A rodagem do carro de Borges

Nicolau Santos

Quando Leonor Beleza afirmou, no final de mais uma sessão das Noites de Oposição, que a mobilização das pessoas não passa por coisas muito complicadas, mas por «ir atrás de uma ideia, ir atrás de um líder», ficou dado o mote para o que pode vir a significar para o PSD e para o país a entrada de António Borges na vida política activa.

Há muitos anos que uma pessoa com uma carreira académica e profissional tão destacada não entrava na política portuguesa. E esse é o primeiro factor relevante, que justificou os elogios de Cavaco Silva - «mais que uma alegria, é uma honra para o PSD a adesão do Prof. António Borges» - ou o apoio discreto mas significativo de Leonor Beleza a voos mais altos do ex-vice-governador do Banco de Portugal, do que ser presidente da assembleia regional de Alter do Chão ou apenas um futuro ministro das Finanças.

Borges tem, aliás, vindo a fazer a cama onde se quer deitar. O ex-reitor do INSEAD, que foi capa das maiores revistas financeiras internacionais e que ocupa agora o cargo de vice-presidente da Goldman Sachs não veio a Portugal nos últimos meses fazer algumas intervenções públicas de grande impacto - concedendo entrevistas a Maria João Avillez, na SIC Notícias, ao «Público» e ao «Diário Económico» - por mero acaso. E também não foi por acaso que criticou a política monetária da Reserva Federal norte-americana e o seu presidente, Alan Greenspan.

Teve também o cuidado de sublinhar que não é um neófito em política, lembrando que participou no primeiro congresso do PSD, tendo sido saneado da faculdade onde dava aulas no dia seguinte por causa dessa decisão. E passou a mensagem que, sendo um homem da área financeira, tem uma visão do mundo muito completa. Finalmente, integrou já as preocupações sociais no seu discurso, uma área onde o seu pensamento não era conhecido e em relação à qual sempre se mostrou frio e distante.

Colocou, por fim, a cereja em cima do bolo, a ideia que mobilizará as pessoas. A primeira prioridade de um futuro Governo a que pertença deverá ser combater a corrupção. Porquê? «Porque temos um problema extraordinariamente sério de corrupção a todos os níveis», que «afasta as pessoas honestas da política»

Há três pessoas para quem a chegada de Borges à política é preocupante. Borges é tão bom orador como Guterres, mas é muito mais consistente e decidido; passa tão bem em televisão como Marcelo mas é infinitamente mais credível; e é melhor em tudo em relação a Barroso. O que quer dizer que Borges irá ao próximo congresso do PSD, para fazer a rodagem de um carro novo, que há-de comprar.

Nos entretantos Guterres fugiu e o poder caiu literalmente no regaço de Barroso. Só que o que tem de ser tem muita força ... e Marcelo e Santana vão prestar um valioso serviço à pátria anulando-se um ao outro... Barroso, esse afunda-se a sí mesmo.

Ah,e a rodagem do carro começou ontem ...

P.S. Entretanto o discurso, a pose, o saber estar e clarividência, evidenciados por Borges deviam servir de lição para esses revolucionários da Nova Democracia. Um tem uma ideia e uma visão para Portugal, os outros contas a ajustar com o passado e com os seus próprios fantasmas ...

Publicado por Manuel 04:29:00  

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