Não sabemos, se é um efeito colateral da enchurrada de críticas motivadas pela sua nomeação para Director de pátio (quer dizer redação) do DN, se vendetta pelo não cumprimento de algumas promessas feitas a Martins da Cruz aquando da demissão deste (Anaximandro quer comentar ?) mas o facto é que Fernando Lima tem escrito uns editoriais com piada. O último, que transcrevemos de seguida não é excepção :
 

Para onde vamos

Os últimos dados sobre a evolução da economia portuguesa, divulgados por Vítor Constâncio, mostram um ajustamento violento do sector privado - empresas e famílias - e uma enorme rigidez da despesa do Estado - que, apesar de um controlo apertado, continua desproporcionada em relação ao que o País produz. Os dados do Banco de Portugal comprovam ainda a enorme fragilidade no enquadramento da máquina fiscal - com repercussões graves no défice público - e, por último, confirmam a boa notícia de um bom comportamento do sector exportador, apesar das condições adversas.


Em 2002, o Governo, e em particular a ministra Manuela Ferreira Leite, apresentou como objectivo estratégico um ajustamento na despesa do Estado, promovendo a consolidação orçamental, e uma mudança de agulha no modelo da economia portuguesa, que apostaria o seu crescimento no sector exportador com sacrifício da procura interna.

De acordo com a informação veiculada oficialmente, o ajustamento na despesa do Estado seria drástico, enquanto que para o sector privado a transição seria suave. No final de 2003 verificamos o contrário: o esforço foi violento para as empresas e e as famílias e relativamente suave para as despesas públicas correntes, com corte no investimento.

O equilíbrio nas finanças públicas não foi consolidado e o ajustamento da economia, tendo como motor as exportações, está em andamento. Ou seja, o Governo entrou em perda na prioridade das prioridades - o equilíbrio das contas do Estado. Em contraponto, os ganhos na correcção da estrutura da economia portuguesa são atribuídos a terceiros.

Em termos de gestão de expectativas, o Governo está a perder. A «obsessão» ou prioridade do défice tornou-se pouco convincente com o recurso repetido a receitas extraordinárias.

Resta saber se a «obsessão» subordina tudo o mais ou se, como já alguns disseram, o Governo até faz outras coisas, tem uma estratégia, mas não sabe comunicar.

Depois de Cavaco, não deixa ser curioso, quiçá sintomático, ver alguém que num passado tão recente estava tão perto do coração do poder interrogar-se tão explicitamente sobre a existência ou não de uma estratégia de facto por parte da governação de  Barroso...

Publicado por Manuel 00:36:00  

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