Em resposta à tréplica de Carlos Abreu de Amorim comecemos por defazer um equívoco : Eu não sou um liberal.

Aliás CAA, e sem querer, explicou  porque é que não se  pode, ou deve, ser liberal pelo menos segundo a minha bitola.

Portugal pode ser tudo, pode ser um  "país católico da Europa do Sul", e não vejo o problema, mas percebo o alcance -  falta-nos na opinião de CAA uma certa cultura protestantista, calvinista até, inerente a alguma ideologia liberal, à predestinação darwinista, ao survival of the fittest atrelado ao laissez faire, laissez passer  do mercadoPortugal pode ser um País "em que metade da população exige tudo e não quer fazer nada, enquanto a outra suspira, saudosa, por uma disciplina de sacristia de cariz salazarento" e  "em que todos assumem o Estado como a componente essencial da sua existência". Talvez, mas é o meu País.

E ser realista, é admitir que se Roma e Via não se fizeram num dia, tambem Portugal não se muda num dia. Aliás não se percebe como se podem condenadar "ligeiras reformas que transformem o péssimo em mau" e ao mesmo tempo fazer a apologia de "reformas substancias" dando de barato que os resultados são sempre de "cariz incerto".

Mas há uma outra variável que é incontornável:  Portugal não é uma equação, um modelo ou um objecto.

Portugal são pessoas, boas e más, produtivas e improdutivas, mas todas portuguesas. Da mesma forma que falhou a economia planificada nas sociedades ditas socialistas,  também estaria condenada a falhar  a revolução liberal planificada, darwinista, qual Conway 's Game defendida por CAA.



Portugal precisa de reformas, muitas, e é certo que muitas reformas fazem uma revolução, mas o facto é que abominando um Estado demasiado espaçoso, demasiado lento, demasiado burocrático, eu quero um Estado forte!

Um Estado que regule, um Estado que arbitre, um Estado que combata monopólios e oligopólios e proteja os mais fracos. Se calhar é defeito meu, que quase chumbava no teste austriaco, se calhar é burrice minha assumir-me mesmo como "social-democrata", mas o facto é que sou assim.

Também eu quero um País melhor, e isso faz-se com convição, com ideias e com as pessoas, mas nunca contra, ou apesar, delas. E apesar do manifesto que o Mata-Mouros tem no seu canto superior esquerdo, que CAA diz professar, o facto é que CAA ao fugir para a frente e ao fazer a apologia de um liberalismo "revolucionário" transforma-o, suprema ironia, num dogma de fé ...

... e depois eu não sei se um dos males deste País, não é, precisamente, muito boa gente achar que como as coisas só se resolvem com grandes passos, com grandes revoluções, então, e nos entretantos, o melhor é não se fazer nada.

P.S. será curioso observar se a Nova Democracia do Dr. Monteiro, e para além das reformas constitucionais - que até agora só têm servido para, em termos relativos, fazerem parecer "normais" e moderadas as da coligação no poder - nos próximos tempos vai aplicar esta lógica revolucionária a outras áreas ...

Publicado por Manuel 15:31:00  

0 Comments:

Post a Comment