"O Presidente da República decidiu criticar abertamente o juiz Rui Teixeira, titular do caso da rede de pedofilia, e responsável pela prisão preventiva de, entre outros, Paulo Pedroso, dirigente socialista e amigo de Jorge Sampaio. O magistrado do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa tem resistido de forma notável a todo o tipo de pressões. O jovem juiz tem visto serem confirmadas por tribunais superiores muitas das decisões que tem tomado em primeira instância. Outras aguardam agora novos acórdãos da Relação. O magistrado que não veste fato às riscas e gravata preta viu os órgãos legítimos da Justiça confirmar a sua titularidade no processo, apesar de estar colocado no Tribunal de Torres Vedras e ter sido objecto de um incidente de recusa, já chumbado na Relação e em apreciação no Supremo. Rui Teixeira já passou por quase tudo em matéria de devassa da sua vida privada e da quantidade e qualidade dos ataques a que tem sido sujeito. Ainda bem que resistiu. Em nome da justiça e da verdade sobre um dos processos mais graves da democracia portuguesa. A intervenção crítica de Jorge Sampaio, dirigida a um jovem magistrado, é mais um elemento novo a juntar a tantos outros num processo que continua a pôr Portugal em estado de choque.

Catalina Pestana, provedora da Casa Pia, afirmou sábado ao Expresso que «o País não está preparado para o terramoto que aí vem» no processo da rede de pedofila. Pode ser um terramoto de grau 7 na escala de Ritcher, acrescentou. Pois pode.



E assim se percebem melhor os comportamentos estranhos, mesmo bizarros, de muitas personalidades que têm pautado a sua passagem na vida pública pela contenção e bom senso.

E assim se percebem melhor os que atacam furiosamente a independência da justiça perante o poder político.

Resta esperar pelo terramoto anunciado para se compreender melhor quem é quem neste Portugal europeu e democrático do século XXI."