Os sapatos de Pinho

O ministro Manuel Pinho, foi à feira de calçado de Milão, Itália, supostamente, ajudar cerca de 80 empresários portugueses que o convidaram a estar presente, para mostrar ao mundo, o valor do calçado nacional.
Na terra da moda e do design industrial e de modas, num sítio que nesta área de calcantes, tem produtos de luxo raro, a dar por nomes como Salvatore Ferragamo ou Fratelli Rossetti, todos não são de mais.
Manuel Pinho, minsitro deste Governo fantástico, entrevistado pela tv nacional, não encontrou nada de melhor para dizer, desta iniciativa e convite, do que isto:

"Eu vinha cá comprar sapatos italianos, mas fiquei tão impressionado com a qualidade dos sapatos portugueses que vou levar sapatos portugueses. Vinha comprar sapatos italianos porque têm um óptimo nome em termos de design".
Diz a notícia que “os empresários portugueses presentes na feira preferiram não comentar as declarações do ministro.” Pudera!
Se eu fosse aos industriais portugueses de Felgueiras ou de S. João da Madeira que produzem algum do melhor calçado do mundo, por exemplo, da marca Mariano, oferecia ao ministro um par de chancas.
Ficavam-lhe muito bem, com toda a certeza. E não parece merecer mais, depois daquela entrada auspiciosa, precisamente de chancas, no mundo da moda do calçado, em Milão.

Publicado por josé 14:32:00  

6 Comments:

  1. jbp said...
    quais chancas, qual quê? era umas ferraduras para condizer com o personagem
    Tino said...
    O Ministro Manuel Pinho, até vai fazendo alguma coisa.

    Mas quando abre a boca, sai cada tamancada...

    Espero que traga da feira uns sapatinhos Prada bem amaneiradinhos para do Grande Timoneiro da jangada à deriva...
    Laoconte said...
    O Ministro deveria estar interdito a quaisquer visitas oficiais ao estrangeiro, exceptuando aquelas onde se promove o turismo e mesmo nessas convém estar acompanhado com ranchos folclóricos.
    David Fernandes said...
    Mais um caso que não comove o rebanho; deve ser questão de semântica como a da diferença entre "promessa" e "objectivo". Já com mentiras como a dos "300 despachos" sim, saem das tocas para nos darem conta da sua profunda indignação. Méééééé.
    Planosusto said...
    Assisti pessoalmente ao acontecimento relatado (mal) pelas SIC. Segundos antes o ministro, num stand nacional cheio de compradores chineses A COMPRAR, chamou a SIC para (e cito porque estava a seu lado) "mostrar aos portugueses que vendemos calçado para a China". Infelizmente a jornalista da SIC omitiu este detalhe que faria muito bem ao nosso "ego". E de seguida quis deixar uma mensagem de que os sapatos portugueses são melhores do que os italianos. Embora um pouco sem jeito, foi isso que tentou fazer com estilo de "piada" ao mesmo tempo que perguntava se as jornalistas - eram várias - tinham sapatos portugueses (o que também não passou na SIC mas seria interessante rever)! Na qualidade de técnico da Associação de Calçado acompanhei o Ministro em toda a visita e devo dizer que a suaua presença em Milão fez muito pelos denodados esforços dos empresários portugueses de calçado. Honestamente, sinto muita revolta ao ver como jovens licenciados em jornalismo (!?) trabalham muito mais em busca do "desastre", da "falha", do "episódio marginal" das pessoas públicas do que na valorização do que o país tem de bom. Com portugueses destes, arrisco dizer que preferia os espanhóis!
    josé said...
    planosusto:

    Se um ministro é convidado da indústria portuguesa do calçado, para promover o produto nacional, numa feira como a de Milão, não pode cometer uma gaffe daquelas, porque é certo e sabido que será essa gaffe, a notícia.

    Por outro lado, nem será gaffe. Acredito que o ministro disse o que
    pensava, o que ainda é mais triste.

    Um ministro da Economia, que nem sabe bem que tipo de qualidade temos na área do calçado, não merece ser ministro. Aliás, o tipo vinha de um qualquer gabinete do BES não é assim?
    Quem é que lhe compra os sapatos? Será que os comprava na Baixa de Lisboa?

    Gosto de ver o estilo de sapatos. É uma velha mania que vem de há muitos anos. Praticamente, desde que me conheço que aprecio o calçado bem feito.
    Quando não tinha dinheiro suficiente para comprar bom calçado, procurava comprar o melhor que havia e escolhia.
    Foi assim que comprei umas botas parecidas com as da Clarks, mas produzidas em Portugal, quando tinha os meus 15 anos, altura em que isso era moda ( início dos anos setenta). Foi assim que comprei uma sapatos de ténis, em meados dos setenta, parecidos com os Adidas, quando esta marca começou a mostrar o design. Ainda hoje gostava de ter esses sapatos, bem portugueses, comprados na baixa de Coimbra e imitação feita em S. João da Madeira. Nessa altura, a Sanjo nacional era melhor do que qualquer Adidas.

    Nos final dos anos oitenta, visitei uma fábrica de calçado em Felgueiras e fiquei impressionado com a qualidade excelente dos produtos que vi, quase todos para exportação. Nas lojas nacionais, não havia daquilo.

    No início dos anos oitenta, a marca Mariano, de S. João da Madeira, produziu um tipo de calçado que se vendia nas lojas nacionais de todo o país, de altíssima qualidade.
    Ainda hoje gostaria de ver e comprar uns sapatos como os que comprava nessa altura.

    Quando estive em Itália, ha um par de anos, reparei que a moda por lá, era de uma certa forma. Por cá, demorou uns bons meses a chegar.
    Para além do design, não me pareceu que os italianos pudessem ensinar o que quer que fosse aos portugueses nesse aspecto.

    Será que o ministro Pinho seria capaz de escrever isto que escrevi aqui, agora?

    Mais ainda:

    No início dos anos 2000, frequentei um curso de pós graduação em que um dos professores tinha sido responsável por um cargo na área do calçado, na então CEE.
    Durante uma aula, mencionou que não havia marcas famosas de calçado na Europa, de proveniência italiana. AO ouvir aquilo que habituado a ver anúncios em revistas como a Vanity Fair, mencionei a marca Salvatore Ferragamo. Pela reacção, pareceu-me que nem conhecia...e calei-me, arrependido de ter sequer falado.

    É isto, meu caro.

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