O azar da ASAE
segunda-feira, janeiro 28, 2008
O problema principal da ASAE, não é apenas o da visibilidade dos "shows-off" do seu Inspector Geral, o fumador de casino, António Nunes.
É principalmente, o da credibilidade de um organismo público, colocado perante a necessidade de actuações discretas em alguns casos e em visibilidade firme, mas aceite pela comunidade, perante outros.
O melhor exemplo desta desadequação, deu-o um feirante cigano, aquando de uma apreensão, pela ASAE, numa das tais operações de visibilidade, de mercadorias supostamente contrafeitas e à venda: "então isto é contrafacção e o diploma do primeiro-ministro não é?!"
É ainda um problema de imagem pública de uma instituição que sendo aparentada a órgão de polícia criminal, não é de todo uma brigada anti-terrorismo.
No fundo, é um problema de quem não entende o povo português e as idiossincrasias que lhe são próprias. Neste, como noutros assuntos.
Continua a ser, por isso, um problema de senso comum, na actuação concreta que não se compadece com fundamentalismos em áreas como a restauração, tendo em conta o país real que somos e continuaremos a ser: "um país engravatado todo o ano que se assoa à gravata, por engano", no dizer de Alexandre O´Neill.
Quem defende a actuação destemperada, insensata, fundamentalista, de um organismo destes, merece a imagem do fumador de casino que foi notícia nos principais media internacionais pelos motivos que se sabem: defender-se, restringindo e eximindo-se à aplicabilidade da lei geral que deveria fazer cumprir, em primeiro lugar.
Publicado por josé 12:47:00
9 Comments:
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Dadas as circunstâncias do momento também me parece que o Primeiro Ministro fez mal em penhorar mais ainda a sua imagem nesta defesa pública da ASAE.
Eu pela minha parte, hoje com este seu post vi esclarecida uma dúvida que há anos me persegue : não raro olham para mim e dizem-me - tens algo cigano -
Pois , agora com a sua transcrição do " desabafo " deste feirante cigano, fez-se luz ...
Saudações amigas
Maria
Era exactamente isso que pretendia dizer com o postal, mas fico ciente de que passei mal a mensagem.
É verdade, grande cigano, que topou a balofice. Num país de chico-espertos institucionalizados e no Poder, vir-se moralizar o povo, dando exemplo de maior ciganice, está de ver que é caso para se gozar.
Nenhum regulamento ou norma de proveniência comunitária deve ser aplicado "às cegas", ou sem atender a uma maneira de ser portuguesa que tem de ser levada em conta, para que não haja "excessos de zelo",como tem havido, ou puras e simples idiotices como parece também que existem, como o deputado do CDS apontou no Parlamento.
Uma coisa, são os regulamentos sanitários, as normas de higienização e as de bitola; outra bem diferente, é a aplicação dessas normas a realidades que não são aquelas a que se destinam.
Antes de haver ASAE, havia a IGAE ou coisa que o valha e antes desta a Intendência disto e daquilo. As leis de há cinco anos não são diferentes das de agora, nesse aspecto.
O que mudou?
O aparato. A ideia de "visibilidade" parola. A noção que a instituição tem de "aparecer", para impressionar o poviléu.
É esta parolice que me incomoda; não é o facto de haver leis que devem aplicar-se com rigor.
Tomara que o fossem a sério...
O que é que o presidenta da ASAE tem a ver com isso?
O que é que o Estado tem a ver com o facto de alguém ter um pequeno café que praticamente não dá lucro?
É que esta parte é que estranhei. Se está legalizado, que têm eles a ver com o serem muitos ou poucos? acaso querem comparar o preço e esta boa reserva bem portuguesa de pequenos cafés baratos, como na Europa já não existe?