Aventuras na terra do Nunca


Segundo o Sol, a especulação imobiliária, em torno da área do futuro aeroporto, já começou- e em grande. 250 milhões de euros, 50 milhões de contos antigos, foi quanto uma sociedade secreta ( não se conhecem os sócios...e o administrador designado pelos compradores, o senhor António Capoulas, prefere não dizer quem o contratou, para além de informar que foi uma sociedade com sede no estrangeir0...) em sistema de off-shore, pagou por uma simples herdade, com quatro mil hectares.
Segundo o jornal, dias antes de o LNEC entregar ao Governo o relatório do aeroporto, a Sociedade Agrícola do Rio Frio mudou de mãos. A pergunta que naturalmente se coloca e: a que mãos foi parar? Não se sabe. É segredo guardado por uma off-shore, a Trasset Investments BV, com sede em Amesterdão.
Sendo naturalíssimo, segundo as regras de mercado em que estamos inseridos, estes negócios de trocas e baldrocas, com muito dinheiro misturado, parece deveras interessante como é que uma sociedade secreta ( não se conhecem os sócios...tentem apanhar um único nome que seja, aqui) adquire por um valor muitíssimo superior ao real, na altura do negócio, uma extensão de terra tão grande, ANTES de se saber sequer oficiosamente, que o aeroporto a construir, afinal seria na terra do... Nunca. Jamais!

Vejamos, então, Marinho e Pinto: que pensa disto? Não quer dar mais uma entrevista, comentando as declarações risíveis de um primeiro- ministro que anda a gozar connosco?

Melhor ainda: se o negócio foi precedido de informações de pessoas que exercem funções em entidades oficiais, a actuar em nome do Estado ou com influência directa no Estado-Administração-Governo ( e só o poderia ter sido se de facto o negócio se realizou com a certeza de que a opção do Governo seria mesmo a de construir naquele local o aeroporto), então temos aqui suspeitas fortes da existência de influências traficadas. Crime de catálogo.
Exagero? Pois então, desmintam-me. E se o não fizerem, sempre quero ver como é que se investiga criminalmente uma coisa destas.

No DCIAP? Do modo como funciona e com as leis que temos?
Repito: é virtualmente improvável qualquer investigação a coisas como esta. Seja de que natureza for: criminal, parlamentar, jornalística ( para além da excelente cacha do Sol), da opinião pública, em blogs, seja onde for.
A impunidade está instalada em Portugal. Completamente à vontade.

Publicado por josé 18:41:00  

5 Comments:

  1. Cidadão do Mundo said...
    Está confirmado,..este país está a saque, os saqueadores estão aí,....é só começar a agir....e então? Marinho Pinto ???
    Laoconte said...
    Se calhar foi por causa disso que instaurou um inquérito ao, até agora, grande Bastonário.
    jorge100 said...
    Será dificil a investigação? Não será possível conhecer o nome das pessoas que pagaram os 250 milhões? Não há movimentos bancários que, pelos valores envolvidos, terão de ser do conhecimento das autoridades?
    Conhecendo-se os nomes não será possível tirar conclusões?
    Fernando Martins said...
    Porque será que o LNEC entregou as conclusões da avaliação sobre o Aeroporto ainda em Dezembro e ninguém no PS queria assumir que tal aconteceu?
    Carlos Medina Ribeiro said...
    Para estes e outros problemas é que existem profissionais da arte de manipular palavras e factos.

    Sobre o assunto, talvez valha a pena ler a crónica «A ARTE DE MENTIR», da autoria de António Barreto, publicada no «Público» de hoje. Encontra-se no blogue onde ele escreve - [aqui]
    .

Post a Comment