O passado presente

Irene Pimentel. A vencedora do Prémio Pessoa deste ano, concedido por um júri com nomes, assim-assim, ou assim-assado ( ver aqui), conversa com Mário Crespo na Sic- Notícias, agora mesmo, no momento em que escrevo.

Confesso que me tomei de curiosidade, quando vi um livro sobre a história da PIDE, do Estado Novo, de Salazar. Folheei, folheei e li algumas partes que me pareceram muito bem escritas, com referência directa a documentos. O livro é um documento, sobre um período e um aspecto importante do Estado Novo. Parece que reflecte uma versão da tese de doutoramento da autora, orientada por Fernando Rosas. Ao saber isto, desisti, por preconceito. Não gosto da historiografia portuguesa segundo Rosas. Ponto. Final.

Sobre Isabel Pimentel, a surpresa foi positiva, porque os livros ( aquele sobre a PIDE e um outro sobre o Movimento Nacional Feminino, numa edição cuidada e de grande qualidade gráfica), tratam assuntos do passado recente, de um modo apelativo e ligeiramente diferente do habitual, até agora.

Ainda assim, questiono abertamente a possibilidade de se fazer História contemporânea, portuguesa, tendo como background um passado esquerdista marcado.

A pergunta que deixo a quem já se pronunciou sobre o assunto e é conhecedor destas coisas, um certo MCR, do blog Incursões, é esta:

Um(a) esquerdista, militante, pode ser um(a) bom(a) Historiador(a)? Será capaz de se “isentar” suficientemente, para escrever com a requerida objectividade?

Duvido. E porque duvido fico à espera do autor, capaz da isenção suficiente para se tornar no Historiador necessário.

Em 1974, nos alvores da Revolução de Abril, a revista O Século Ilustrado, publicava uma série de reportagens assinadas por Viriato Dias (?!). Os textos, de algumas páginas, foram os primeiros a ser publicados (em Julho de 1974) sobre a polícia política do Estado Novo, precisamente o objecto de estudo da historiadora vencedora do prémio Pessoa.

No mesmo número apareciam as primeiras ( e quase únicas, porque não foram muitas as publicadas então) imagens dos responsáveis do regime de Marcelo Caetano, entretanto presos na Trafaria- o almirante Tenreiro; Casal Ribeiro, um deputado do regime; Silva Cunha, ministro do Interior e Moreira Batista, ministro da Informação. Todos fascistas, acabados e retintos, no texto do Século Ilustrado, de 13.7.1974. Aqui ficam as imagens ( basta clicar para aumentar as imagens e ler).

























Publicado por josé 21:46:00  

1 Comment:

  1. zazie said...
    Para guardar.

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