Aires, o presbítero
quarta-feira, dezembro 26, 2007
O padre António Aires, depois da consoada da passada segunda-feira e a caminho dos respectivos preparos para mais uma missa do Galo, não cuidou em precatar-se para outras surpresas que não as dos paramentos em dia de festa litúrgica.
Mas foi precisamente no caminho para Alijó, que lhe surgiu ao caminho uma espera inusitada, em modos rocambolescos.
Em plena noite de Paz, um grupo de encapuçados, no meio da serra do Vilarelho, apeou-o do carro que conduzia, levou-o para um ermo do lugar e sovou-o, como num romance camiliano.
Qual o pecado do padre Aires, para este castigo corporal, ministrado em modo de vendetta?
Cherchez la femme, como aconselhariam os franceses?
Na dúvida, o melhor será reler O Crime do padre Amaro, o primeiro de Eça de Queirós.
Publicado por josé 14:54:00
As raparigas com a concorrência dos amigos da pencuda ficam sem material e depois têm que ser as reservas da nação a trabalhar...
«O Crime do Padre Amaro» teve três versões:
Uma primeira, muito curta, que o autor disse ter sido publicada à sua revelia.
Uma segunda, já "oficial", e que lhe deu problemas por ser demasiado ousada, levou Eça a introduzir importantes modificações. Essa terceira versão, que teve o nome de "segunda edição", é a que corresponde ao texto que hoje se comercializa.
Camilo remete-nos para cenas como a que o post refere, até com o pormenor da impunidade:
No «Amor de Perdição», logo depois de Simão cometer o assassinato que o deitou a perder:
- Vossa Senhoria! - disse o meirinho espantado; e, aproximando-se, acrescentou a meia voz: - Venha, que eu deixo-o fugir.
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