A crítica aos críticos, parte 1.
domingo, agosto 12, 2007
Um dos críticos criticados no postal sobre os palimpsestos virtuais, respondeu na caixa de comentários. Aqui fica o comentário ( sem correcções ortográficas, as quais no entanto, foram ressalvadas pelo autor):
A falta de conhecimento é uma coisa, o falso testemunho é outra, e de outra índola. Aventar, por um segundo que seja, que ficcionei o que quer que fosse, é de uma total sobranceria, e de uma má formação moral que me repugna.
Respondo-lhe, no entanto, para o deixar descansado: o texto sobre Leonard Cohen - que não é uma figura dos anos 60, mas sim do século XX (mas isto o senhor não é obrigado a saber) - foi baseado em vários biografias, todas elas disponíveis na Amazon, entrevistas que recolhi ao longo de cerca de 17 anos (talvez mais), artigos de jornais, e de revistas especializadas. Há, além disso, e para quem quiser consultar, vários documentáios (alguns sobre Cohen) em que o bardo é mencionado, outros em que esse concerto é abordado. Material mais que suficiente para a abundância de pormenores, que era, aliás, um dos meus objectivos iniciais ao escrever o artigo.
Nunca consultei a Wikipédia (nem uma única vez), e sou do tempo em que se liam livros.
Qualquer dúvida em relação a artigos pode colocá-las ao director, ao editor e ao provedor -o que será mais correcto do que o que fez.
Fique também a saber que o livro de estilo do Ípsilon permite outro registo de escrita e que não hé um jornal do mundo que cite todas as biografias que utiliza, em particular num suplemento acima de tudo urbano e "jovem" (detesto o termo, mas enfim).
Espero que não volte a usar o meu nome nos termos em que o fez.
Para além do comentário que segue, também colocado na caixa dos ditos, apetece ainda respigar considerações sobre a alta estima pessoal que o crítico do Público tem por si mesmo e pelo nome que ostenta em Ípsilon. De tal modo que lhe vejo o dedo em riste, no comentário escrito, para ameaçar com retaliações de índole ignorada. Sugere que escreva cartas ao director e ao provedor e coisas assim, para protestar contra as crónicas. Enfim.
Afirma ainda não ter consultado a Wikipedia e para cronicar, “leu livros”. Leu poucos, a meu ver. Ou então, leu demais, como bem me parece.
De resto, não leu o suficiente para perceber sequer o significado da palavra “ficcionar” e daí, talvez, o acesso de agressividade no escrito. Acalme-se, Bonifácio. Para a próxima, vai ser pior…entretanto, entretenha-se e ria um bocado connosco que só lhe fará bem.
Não se abespinhe tanto. Sabe porquê? Em primeiro lugar porque não o insultei- limitei-me a criticar a sua crónica. Nem sequer lhe chamei abertamente ignorante, porque lhe faço a justiça de pensar que o não será.
Fiz uma crítica, simplesmente. Aquilo que você faz, habitualmente, referindo-se a trabalhos alheios.
Não está habituado? Então, vá-se habituando, porque tem aqui um leitor que quando lhe apetecer, desancar-lhe-á nos escritos, se o merecer. E olhe que merece muitas vezes, para lhe ser franco e nem sequer por outro sentimento menos digno que não a mera opinião pessoal.
E vai ser sempre sem apelo nem agravo da sua parte, a não ser o do sentido de humor que já vi que lhe falta em alto grau.
Depois, porque com um pouco de humildade ( ou humor), é possível mostrar inteligência...
Abespinhe-se um pouco, se quiser, mas para dizer a todos como é que consegue escrever os verbos no tempo do costume, sem que saibamos em que tempo viu leu e ouviu, o lugar onde o fez, como o fez e já agora, se não for pedir muito, porque o fez.
Se não experimentou - porque é demasiado novo para isso- em directo e no tempo certo, as experiências que narra na primeira pessoa, quer que chame a isso o quê?
Jornalismo à
Bem gostaria, mas infelizmente não lhe vejo talento para tanto. Mas nem por isso deve aborrecer-se, porque em terra de cegos quem tem um olho é naturalmente rei.
Na crítica musical, cá na terra, os reis morreram todos há muito tempo, se é que alguma vez houve monarquia por cá.
Houve um regente, que usurpou o poder em meados dos setenta, chamado MEC, mas não era crítico: era amador de escrita. E por isso fazia escrítica. Pop, no caso.
Quanto ao assunto Cohen, diz que há cerca de uma dúzia e meia de anos que anda a recolher material. Fez bem. Como fez bem escrever sobre a recensão dos primeiros discos de Cohen.
Mas poderia ocorrer-lhe que há quem os tenha ouvido na altura em que saíram...e também tenha espírito crítico para ouvir e comentar e tenha lido outros críticos, noutras revistas com bem mais do que os 17 anos de pesquisa.
Para escrever sobre Cohen com um mínimo de interesse crítico, não basta aflorar umas ideias que parecem adequadas embora respeite a sua crítica, pelo trabalho que representa.
Mas se aceitar a crítica à crítica dê-se ao trabalho de ler outros críticos, no que escreveram sobre essas três obras de Cohen.
E não escreva com toda a facilidade do momento que Songs ...é o disco mais respeitado da folk do séc. XX, a não ser com o espírito do escrítico que dizia o mesmo dos Joy Divison, in illo tempore.
Sabe quem sabia mesmo escrever sobre Cohen? Jacques Vassal.
Julgo que saberá de quem se trata e dispenso por isso apresentações.
Em Maio de 1971 ( há muito mais tempo do que os 17 anos), escrevia numa revista que tenho aqui à minha frente, uma crónica do tal disco que é ( para si) o mais respeitado disco folk do séc. XX. Entre as diversas frases adjectivas, sobre o disco, refere expressamente a orquestração de Paul Buckmaster ( que você nem cita, como nem cita os músicos e seria importante fazê-lo), como refere as canções:
Love calls you by your name ( melancolia etérea); Avalanche ( patética); Famous blue raincoat ( infinita tristeza dos coros que cheira intensamente a autobiografia); Joan of Arc ( surpreendentes rupturas); Dress rehearsal rag ( ironia desesperada). E a apreciação pessoal de Cohen: "homem da subjectividade total, tentando atingir não se sabe que sol e amar o seu ódio, de aconchegar o amor ao ombro, num impermeável rasgado, de cantar outra canção, ( por esta estar velha e amarga) e chamar o amor pelo nome e- nunca é demasiado tarde para o fazer-aflorar o sexo de Joana D´Arc".
Como pode ler, estão aí todos os clichés acerca do que se tem escrito sobre Cohen.
E já foram escritos em 1971.
A diferença, neste caso concreto, é que eu coloco aqui, onde leio o que porventura escrevo e não gosto muito de palimpsestar [o que porém, será sempre inevitável, na medida em que nos basearmos nos sons que ouvimos e nas palavras de outros, para saber factos e ter a noção de coisas que de outro modo nos seriam estranhas].
Vocês, dão-se ao luxo de se acharem catedráticos da crítica[dispensando a citação de fontes para as croniquetas].
Tenho pena, da vossa falta de humildade e sentido de humor.
Publicado por josé 11:53:00
E deixemo-nos de coisas: eu sei o significado da palavra "ficcionar" e o senhor sabe bem que foi para si mais divertido "ficcionar" a ignorância dos outros ou a sua falta de ética.
A ser cínico, ao menos seja cínico por inteiro - embora não haja nada pior que um cínico. É que um meio cínico é um mau cínico.
Quanto ao resto, uma correcção: escrevi que era o disco folk (embora devesse ter assinalado "folk sinfónico") mais respeitado do século XX. E em termos estritos de respeito é-o certamente, inclusive pelos músicos que restam da época. Presuma que pelo menos isso saberá.
Noutro tom: não concordo consigo quanto ao tempo usado. Gosto, em certos casos de entrar e sair do presente de uma acção. E gosto de ler textos em que isso acontece. Não vejo qualquer sentido na questão do "ter estado" ou "não ter estado presente" quando os factos estão bem documentados - não vejo qualquer sentido apenas em termos estilísticos. Se cada obra é primeiramente da sua época, isso não impede o exercício de pensar sobre os objectos.
Quanto a essa de em terra de cegos quem tem olho é rei, abstenho-me de comentar.
E por favor, abstenha-se de tentar adivinhar o que eu li ou deixei de ler. É o truque mais raso de qualquer discussão, personalizar. E soa a insegurança: como eu sou mais novo (não tão novo assim, mas pense lá o que quiser)devo ter lido pouco, ou pelo menos, menos. Não só tem azar em fazer passar essa ideia. Provavelmente escolheu a pessoa errada para usar como exemplo do parco conhecimento litarário da juventude.
Diga o que tem a dizer sobre o(s) objecto(s) das suas apreciações e dispense exercícios adivinhatórios que reduzem o mérito que eventualmente as suas críticas têm. Até porque já não tem idade para se portar como um rebelde.
Calorosamente, JB.
PS: Abstenho-me de comentar as gralhas dos seus textos. Mas aproveite e corrija-as, que ainda vai a tempo de fazer boa figura.
Uma vez que voltará a este post, aproveito para o incitar a tornar o Y um lugar mais aprazível à leitura. Para tal, seria de todo uma simpatia se fizesse por correr aquelas meninas que agora têm um espaço para falar sobre as suas frivolidades e demais banalidades em tratos pseudo-alucinados.
Para além do serviço público, contribuirá para tornar o Público um jornal mais leve à sexta, ou pelo menos mais transportável.
Cumprimentos
Na falta destas, ocorre-me uma IMAGEM, que a mente humana tem coisas que por vezes pouco se explicam - BUD SPENCER - " grande, forte, bruto, sempre a fazer rir mesmo quando parece que não é isso que quer, e especialmente, sempre pronto a bater... desajeitadamente, mas à grande...
Francamente, além disso, e com todo o respeito pelo Senhor, nunca percebi nem o que de facto sabia fazer ou sequer o que sabia...
Não vou citar a fonte dos meus conhecimentos Bud Spenceristas, apoiada nos melhores... perdoarão.
Mas, ainda assim, prefiro o Trinitá. Aposto que esse contava como se tinha enfiado debaixo da cama para testemunhar o wisky e a eternidade.
Principalmente pela Eternidade, uma piquena mexicana, muito jeitosa
":O)))
É interessante que se calhar seja mais fácil para pessoas com menos formação académica perceber o estado da arte em artigos da Nature do que a vida de Leonard Cohen no Y.
De todas as formas com todo o respeito que tenho por vós permitam-me dizer que esta discussão é infrutífera. Parece que uma parte procura no Y e num determinado tipo de escrita aquilo que ele ou ela não é. A outra parte..não sei...não consigo descodificar.
Não leio o Y nem publicações do mesmo "estilo" ou com com semelhantes "guias de estilo" porque não consigo descodificar metade da informação que lá se escreve. E parece-me sinceramente que uma parte de quem lá escreve está mais interessado em mostrar de forma sobrenceira aquilo que muito sabe do que humildemente mostrar aos outros o pouco que sabe.
Repito mais uma vez que fico com alguma pena em permanecer na ignorância das suas fontes. Já sei que serão livros...mas ainda assim, faltam os títulos e aquela introdução dinâmica, dá-me vontade de procurar mais leitura, sobre o festival de Wight de 70. No Youtube já vi o vídeo de Suzanne, que mostra um Cohen de casado de safari , o tal "desportivo".
Por falar em gralhas, da próxima vez, corrija as seguintes, lá no seu artigo sobre o Cohen:
O Pet Sounds não foi escrito em 1967, porque já tinha saído em Maio de 1966.
E o S. João Damasco, pode muito bem ser escrito, como habitualmente se escreve por cá, S. João Damasceno. Ou, se quiser ser fiel às fontes anglófonas, seja então S.João de Damasco ( A Síria, foi a terra de nascimento do santo compositor).
Quanto ao Requiem, era escusado redundar na expressão "Funerário" e sempre ficaria melhor, escrever Requiem Ortodoxo de S.João Damasceno.
A propósito: já ouviu a obra, alguma vez?
Cumprimentos calorosos.
Suzanne a été un succès mondial en début de votre carrière. Elle est toujours restée aussi populaire. Rares sont ceux cependant qui savent qu'il ne parle pas de la mère de vos deux enfants, Adam et Lorca, qui s'appelle également Suzanne. Alors, de qui s'agit-il? N'est-ce pas un hymne à l'amour de cette femme, qui figure e. a. à votre côté sur l'album Death Of A Ladies Man, sorti en 1977? Qui est-elle, et quelles ont été les raisons d'écrire cette chanson?
L. Cohen: La réponse est très simple. Cette Suzanne est la femme d'un de mes amis. Lorsque j'ai composé, cette chanson, assis au bord d'une rivière à Montreal, j'ai cherché, un personnage dont je pourrai parler (et Cohen de citer quelques phrases de cette chanson, très riche en images). Après que cette femme soit passée me rendre visite au bord du fleuve en m'apportant du thé et des oranges, j'ai alors su de qui allait parler cette chanson.
Depois, não resisti : fui ver o documentário sobre a vida de L. Cohen que está resumidamente no youtube e ouvir alguma da sua música.
Que criatura genial foi este homem. Que carisma. Que voz. Acima de tudo, que alma fascinante.
De verdade não pode falar-se deste Homem sobranceiramente ...
Compreendo-o muito melhor agora.
Ao José, a quem transparece igualmente uma alma especialmente genial, obrigada por partilhar com todos nós que gostamos e respeitamos a GL o que conhece a este respeito.
Maria