Frases com Pimenta
sexta-feira, junho 15, 2007
O pequeno filho-da-puta
é sempre um pequeno filho-da-puta;
mas não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria grandeza,
diz o pequeno filho-da-puta.
no entanto, há filhos-da-puta
que nascem grandes
e filhos-da-puta que nascem pequenos,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto, os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda o pequeno filho-da-puta.
(…)
é o pequeno filho-da-puta
que dá ao grande
tudo aquilo de que ele precisa
para ser o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto,o pequeno filho-da-puta
vê com bons olhos o engrandecimento
do grande filho-da-puta:
o pequeno filho-da-puta
o pequeno senhor
Sujeito Serviçal
Simples
Sobejo
ou seja, o pequeno filho-da-puta.
Alberto Pimenta - Discurso sobre o Filho da puta
O instrutor do processo disciplinar movido pela DREN, ao professor destacado, por ter proferido frase ofensiva ao primeiro-ministro de Portugal, propôs a suspensão do ofensor, para desagravo do ofendido putativo.
A frase assassina da honra do primeiro-ministro de Portugal, segundo a DREN, é esta:” Somos governados por uma cambada de vigaristas e o chefe deles todos é um 'filho da puta.'" ( os jornais não reproduzem a palavra “puta”, por um pudor contido... ).
Contudo, parece que a frase evoluiu semanticamente, desde a mais ampla e abrangente "Estamos num país de bananas, governados por um filho da puta de um primeiro-ministro", para a versão restrita e abreviada, dirigida ao grupo de governantes capitaneado pelo mesmo putativo filho da puta.
Em epígrafe copia-se uma parte do discurso do filho da puta, de Alberto Pimenta, que assenta que nem luva nesta matéria, toda ela semântica e de significados ocultos e explícitos, e de contornos duvidosos.
O texto de Pimenta, é um catálogo literário de filha-da-putices e um elenco de paternidades várias, com indicação de bastardos, enteados e verdadeiros filhos da mãe.
Este texto que segue, é apenas uma glosa ao referido catálogo, em modo de igual pretensão literária e sem significado explícito, não vá o diabo semântico tecê-las...
O problema particular do professos Charrua, agora, já não é só da lavra dele- é de todos. Os que comentam, como hoje José Manuel Fernandes no Público o faz, já perceberam o cerne da questão e a sementeira de ventos que desde há muitos anos se faz, só poderia trazer destas colheitas tempestuosas.
A politização partidária e disseminada nos diversos cargos na Administração Pública, perverteu e corrompeu o sentido e a semântica do dever geral de lealdade e correcção, do funcionalismo público. A expressão “civil service” não tem equivalente na língua de Camões. É por isso que o discurso de Alberto Pimenta se adapta aos conceitos, já um tanto quanto anárquicos
A um dever de lealdade entendido como um desempenho profissional “subordinado aos objectivos do serviço e na perspectiva da prossecução do interesse público”, sobrepõe-se agora o entendimento semântico da lealdade como devoção, respeito e fidelidade caninas ao chefe máximo do governo, sem margem para discordâncias aceradas, públicas, ou sequer privadas. A reserva de intimidade da privacidade de uma conversa, passa ao domínio público, através de sms delator, se mencionar o chefe a venerar e serve de fundamento para castigos disciplinares.
A lealdade, neste sentido, passa a significar absoluta aparência de fidelidade ao chefe eleito e às suas ideias, mesmo peregrinas e avança sobre o dever de isenção e imparcialidade, com o denodo de uma indignação postiça.
Publicado por josé 12:17:00
14 Comments:
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Na realidade, é algo de semelhante que falta a muito boa gente que, uma vez alcandorada ao poder (e isolada do mundo-real por uma multidão de "yes-men"), é incapaz de se ver de fora e de se aperceber das tristes figuras que faz...
Já agora, quando alguém pretensamente injuria outro, não é o pretenso injuriado que deve apresentar queixa...?
No texto tive o cuidado de mencionar a glosa literária que pretendi fazer.
Nunca me passaria pela cabeça apodar de filhos das ervas ou mesmo da puta, qualquer uma das pessoas que menciona.
E nem o digo com ironia, porque nem os conheço e conheço apenas os actos, agora publicitados.
Como os actos substanciais e que motivaram o processo e acusação disciplinares, têm a ver com a expressão vernácula, achei por bem glosar o poema de António Pimenta que sublima este assunto, para além das pessoas concretas.
Está explicado para quem ainda não entendeu.
Mas o comentador A. Ramos dedicou o poema à situação e a 3 personagens de ficção, que, como toda a gente sabe, não existem - os "Primeiro-Mentiroso, a Sinistra da Inducação e Comissária Política da DREN". Eu sei que ameaçaram atacar os responsáveis dos Blogues, no âmbito da legislação nova sobre Imprensa, mas há que "tener-los en su sítio"...
Não respondeu foi à questão final - "Já agora, quando alguém pretensamente injuria outro, não é o pretenso injuriado que deve apresentar queixa...?". Será que podia acrescentar algo sobre o assunto?
Há crimes de injúria e difamação que não dependem de queixa do próprio...
Há uns anos ( mais de vinte), em Coimbra, um certo primeiro ministro que já nessa altura não ganhava a vida na política, foi insultado soezmente na rua.
Esperava o tal primeiro ministro que o MP de então tivesse feito alguma coisa, porque a ofensa fora em público. Mas nada aconteceu. Ou antes, aconteceu a revisão da lei penal para permitir que os crimes de injúria e difamação contra certos indivíduos que são mais iguais que outros, não dependesse de queixa dos mesmos.
Foi assim que apareceu o artigo 188º do C.Penal actual que diz que em relação a certas pessoas é suficiente a queixa ou a participação. É esta participação que pode ser apresentada por outras entidades...
Quer saber que pessoas são essas com direitos especiais?
São as que vêm mencionadas no artº 132 nº 2 al. J) do C.Penal:
"(...) membro de órgão de soberania, do Conselho de Estado, Ministro da República, magistrado, membro de órgão do governo próprio das Regiões Autónomas ou do território de Macau, Provedor de Justiça, governador civil, membro de órgão das autarquias locais ou de serviço ou organismo que exerça autoridade pública, comandante de força pública, jurado, testemunha, advogado, agente das forças ou serviços de segurança, funcionário público, civil ou militar, agente de força pública ou cidadão encarregado de serviço público, docente ou examinador, ou ministro de culto religioso, no exercício das suas funções ou por causa delas; "
São muitos...
Logo, no caso concreto bastará a existência da tal participação. Mas pode haver factos que denotem da parte do putativo ofendido que não ficou ofendido e tal relevará para apreciação da questão de fundo.
Aliás, se os árbitros de futebol fossem ofendidos por todos os nomes com que são mimoseados nos estádios, enquanto arbitram e que depois são publicados nos jornais desportivos, então...
Então, se o professor Charrua for penalizado pelo que disse em privado, o MP ainda vai ter de o acusar de tal crime, duplicando a pena...? E se o crime existe no Código Penal, por que raio este senhor é acusado internamente no Ministério da Educação? Na II República os funcionário públicos (diz a minha mãe, que o foi nessa altura) é que tinham de "jurar fidelidade" ao Regime e aos seus "altos líderes" - agora nesta altura, um FP cuja nomeação não foi política estar sujeito a este vexame, parece-me talvez um pouco excessivo. Aliás ele só diz o que a blogosfera ligada aos professores pensa e diz (talvez não tão literalmente...) do Governo, do seu Grande Líder e da Ministra da Educação e dos seus caciques locais.
Já agora, não será acusação a mais para quem apenas desabafou...? E isto, para mim que sou um simples professor, parece-me uma acusação de lesa-majestade - ainda bem que a Monarquia acabou...ou não...?
A segunda, para corrigir o comentador FMartins, por me parecer que toda esta situação é estritamente republicana.
O Estatuto Disciplinar dos Agentes da Administração Pública dá-lhe a resposta. É só googlar.
Eu, que sou monárquico, começo a perceber a "ética republicana". Não percebo é como crime de lesa-majestade aparece nisto tudo (só pode ser isto, porque de outra maneira não consigo entender nada...).
Caro RB:
Sou funcionário público, conheço o Estatuto Disciplinar dos Funcionários e Agentes da Administração Central,
Regional e Local. Não percebo é que usar uma expressão vernácula típica do Porto vá contra esse mesmo estatuto (e isto se se provar que o senhor disse efectivamente o que a Comissária Política da DREN mandou colocar nos autos). Depois o senhor em causa é Funcionário do Ministério da Educação e é à sua Ministra e a Direcção da DREN que deve respeito e obediência, não a um mentiroso qualquer, ocupe o lugar que ocupe.
Há ainda, nesse estatuto, o artigo 29º refere duas atenuantes interessantes no caso: "São circunstâncias atenuantes especiais da infracção disciplinar:
(...)
c) A prestação de serviços relevantes ao povo português e a actuação com mérito na defesa da
liberdade e da democracia;
d) A provocação;".
Finalmente parece-me que quem sofre com isto tudo é a mãe do senhor PM, uma excelente Senhora, que não merecia ter o filho que tem e não merecia que o professor Charrua e a Comissária Política da DREN a metessem nestas bolandas. Mas é dentro de uma campanha global deste PS, que confunde maioria absoluta com poder absoluto, que este incidente aparece. Tentaram calar os Jornalistas, os Juízes, os Militares, os Professores, os Polícias, os Funcionários Públicos, os Enfermeiros, os Médicos e muitos outros. Tentaram (e estão a conseguir...) calar os Media. Agora resolveram calar os FP, as Associações de Professores e os Empresários - mas que raio de democracia é esta...?
Ao menos o Salazar assumia-se como não democrata... Porque será que a III República portuguesa se parece tanto com a alemã República de Weimar e o PS com outro partido... socialista...?!?
Como também colocou no meu blog o seu último comentário, respondi-lhe lá.
Já reparei - e também lhe respondi lá. Gostei foi do seu tom cordato, embora discordando parcialmente da sua posição.