tomem nota
quarta-feira, abril 11, 2007
há uns anos ocorreu um célebre debate nos EUA. Foi entre Nixon e Kennedy. Para quem o ouviu apenas na rádio - Nixon teria ganho sem apelo. Mas aqueles que o viram na TV - que estava a dar os primeiros passos - acharam que a vitória afinal era de Kennedy. Kennedy ganhou (Nixon só chegou ao poleiro uns anos depois). Hoje passou-se em Portugal algo de semelhante. Quem não lê jornais, não vai à net, e só hoje tomou conhecimento do caso que 'afecta' aquele que ainda é Primeiro-Ministro, admito que tenha ficado convencido, com o monólogo travestido de entrevista. Só que o mundo mundou. Portugal não é Coreia do Norte, (já) não há canais únicos, muito menos verdades à la carte. Tal como, com Kennedy, a TV matou a rádio, hoje a Internet emancipou-se. Tomem nota.
Publicado por Manuel 23:15:00
Absolutamente de acordo.
Mas há visível neste processo muita árvore e pouca floresta, porque o que na verdade interessa no caso é saber quem é que, pelas informações que terá prestado a algumas instâncias, ao mais alto nível, designadamente a todos os Órgãos de Soberania, ou seja, a Presidência da República, a Assembleia da República e o Governo, informações que levaram a que documentos oficiais do Estado Português, deles emanados, se mostrassem, e mostrem ainda, feridos de evidente e inescamoteável falsidade.
É o caso do DECRETO PRESIDENCIAL que dá publicidade à tomada de posse do Governo, será por certo também o caso da própria ACTA da tomada de posse do primeiro-ministro, é o caso da conteúdo do PORTAL DO GOVERNO na Web, que se manteve com indicações falsas por cerca de dois anos, é o caso da brochura "Biografia dos Deputados - VI Legislatura", referente ao ano de 1993, EDIÇÃO OFICIAL DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA.
O que interessa saber é se quem pratica actos de tal gravidade, seja lá quem for, pode sair incólume e seráfico como se nada tivesse acontecido.
Isto é o que verdadeiramente interessa em todo o caso, constituindo a raiz do problema, a questão fundamental, por, além de poder revestir uma questão de carácter a que há que estar especialmente atento em casos que envolvam titulares de altos cargos públicos e políticos, poder ainda constituir ilícito criminal suficientemente tipificado e penalizado, na previsão da lei penal portuguesa.
O resto são meros instrumentos para a esta conclusão se chegar.
Acontece que o que temos visto é uma abordagem apenas virada para os instrumentos e pura e simplesmente ignorando o essencial, o que realmente é prejudicial para a credibilidade do Estado Português.
Por isso, a minha extrema surpresa. E desânimo também, confesso.
António Balbino Caldeira, em Do Portugal Profundo, trouxe tudo isto à superfície. No entanto, mais ninguém pegou no assunto como me parece que deveria ter sido feito.
Tratei-o no meu blog. Fui manifestamente insuficiente.
Talvez por isso, após a entrevista desta noite, tenha vislumbrado sorrisos onde não haveria razão alguma para que eles se mostrassem.
Resta a esperança de que o assunto não fique por aqui. Para bem do Estado Português, para bem do país que temos, para bem do Povo que somos.
Cumprimentos
Ruben Valle Santos
Parabéns pela vossa - no contexto especialmente sua - inteligência e carácter.