Os inoxidáveis
terça-feira, abril 03, 2007
O jornalista Ricardo Costa, da SIC-Notícias, ouvido hoje, no Jornal da Noite, na SIC, produziu algumas pérolas informativas acerca do relacionamento entre jornalistas e governantes executivos.
Assumiu com toda a tranquilidade de um treinador de notícias, que “os telefonemas do primeiro-ministro, de um ministro ou de um assessor do governo, são coisas absolutamente normais nesta actividade”
Hummm…”absolutamente normais”?
Aqui há dias, citei um artigo da Vanity Fair americana, assinado por Michael Wolff, no qual se assumia também que a diferença entre Republicanos e Democratas, no relacionamento media-administração, residia na circunstância de aqueles telefonarem mais vezes e responderem imediatamente aos telefonemas dos jornalistas. Os Democratas, supostamente inconfortáveis no papel de spinners, seriam mais discretos e aparentemente mais ineficazes, também. O zelo neoconista, para convencer cépticos dos media, originava um spin infernal, cuja última vítima conhecida acabou por ser um indivíduo de apelido “lambreta”, por causa de um perjúrio para proteger superiores. Lewis "Scooter" Libby, arrisca-se a apanhar 30 anos de cadeia, se não for entretanto perdoado pelo presidente.
Aqui em Portugal, ao que parece e Ricardo Costa corrobora, o modelo socialista é também o dos spinners neoconistas , numa saborosa discrepância em relação aos burrinhos americanos que apesar de tudo, preferem levá-los à água, do que andar a dá-la pela barba.
Ricardo Costa, um inoxidável das notícias televisivas, impressionante no seu discurso de licenciado de redacção, afiança os desconfiados que “ mal seria que nós nos deixássemos influenciar…”, só para avisar do verdadeiro perigo que “vem da legislação que os governos aprovam” que condiciona o estatuto e a carreira dos jornalistas que assim se vêem apertados entre um muro e uma parede e cedem à tentação da censura interior.
Mas…isso é para os outros, entenda-se. “A SIC e a SIC- Notícias, são absolutamente incontroláveis, evidentemente”, assegurou.
“Evidentemente”. Que ideia! Basta lembrarmo-nos da informação a propósito do processo Casa Pia, para termos a certeza da inoxidabilidade da informação SIC. Nas notícias ou nos programas.
Publicado por josé 22:08:00
É que os métodos são muito parecidos...
Sobre o Barak, ainda é cedo.
Entretinha-se a descrever frases de notáveis congressistas com simpáticos adjectivos, como "ridículo", ou parecidos. Mesmo sem saber que era irmão de A. Costa, achei logo que ia longe...