Magistratus facit hominem

Dizer-se que “o ofício faz o homem” é aforismo banal. Mas desactualizado. Nos tempos que correm a regra parece ser outra: “o cargo faz-se para o Homem”. Ainda hoje o Governo nos deu mais um exuberante testemunho da vitalidade desta máxima.

O Coordenador da Unidade de Missão para a Reforma Penal (UMRP) – equiparado a Subsecretário de Estado - tomou recentemente posse como Juíz do Tribunal Constitucional.

Até então, era necessária uma UMRP? Pelos vistos, sim.

E agora? Não: uma Resolução do Conselho de Ministros de hoje extinguiu a UMRP.

De acordo com a Resolução que a constituiu (RCM 138/2005), a duração da UMRP só terminaria em Agosto, sabendo-se que é frequente a prorrogação da duração das unidades de missão.

O “caderno de encargos” assumido pelo Coordenador no discurso de tomada de posse parecia longe de estar cumprido. Aliás, ainda há poucas semanas era possível ouvir o Coordenador da UMRP a realçar publicamente a importância de prosseguir os trabalhos da unidade de missão tendentes, por ex., à aprovação de um código de execução de penas ou à sistematização de legislação extravagante.

Sem que nada o fizesse prever, vem hoje o executivo extinguir a UMRP, alegando, em tom sisudo, “estar concluída a maior parte dos trabalhos que lhe foram atribuídos (...) não justificando o remanescente a manutenção de uma estrutura com estas características”.

Notável e conveniente coincidência! Sai o homem, o obreiro e de imediato se constata a desnecessidade do cargo...

Ao vulgo, resta reconhecer o costumado sentido de Estado em matérias da área da Justiça.

Publicado por Gomez 17:33:00  

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