Fumos de portugueses suaves

Estamos cá uns para os outros…por isso já sabe! Um abraço!” – José Luís Arnaut, para Valentim Loureiro em 9.12.2003 ( escutas telefónicas no Apito Dourado, transcritas pelo Correio da Manhã de hoje).
Confrontado com estas declarações, em que Valentim Loureiro lhe pedia um favor junto da CGD, para o amigo comum, Sousa Cintra, em dificuldades financeiras, José Luís Arnaut defendeu-se dizendo que “ficou provado que nada fiz de ilegítimo " e que nunca deu andamento aos pedidos de Valentim Loureiro em relação ao empréstimo da CGD a Sousa Cintra. Diz que respondeu aos telefonemas com cortesia e simpatia.

No caso Sócrates, depois da entrevista de quarta feira, na RTP1, perante as “dúvidas legítimas” que se levantaram com os factos já conhecidos e divulgados, alguns já depois da entrevista, uma certa classe de pessoas, a maioria dos políticos deste país e um certo tipo de comentadores, declara-se satisfeita e até plenamente satisfeita, com as explicações do actual Primeiro Ministro. Nada mais há a esclarecer, porque o Primeiro Ministro falou, mostrou assim uns papés a modo de prova plena de honorabilidade e isso chega perfeitamente. A crítica que he fazem é apenas a de não os ter mostrado mais cedo...

Compreende-se. O caso virou assunto de luta politico-partidária. Logo, as regras são outras. Desaparecem os valores de cidadania, para darem lugar aos valores da política á portuguesa.
O caso Sócrates vai morrer assim, às mãos dos políticos, porque a partir daqui, pouco interessa que Sócrates tenha mentido ( quem não mente em politica, interrogam-se os mesmos?); pouco interessa que as explicações para alguns factos não tenham qualquer ponta por onde se lhe pegue ( quem é que no Parlamento ainda não se viu nas mesmas andanças?) e pouco interessa trazer para a política discutida, a valorização ética de procedimentos de carácter ( todos sabem que isso é secundaríssimo perante os interesses politico-partidários e a competência política absorve completamente essas manchas no carácter, seja de quem for).
O que é que nos resta a nós, cidadãos sem partido ou com ideias diferentes dessa lógica de luta pelo poder político?
Lutar também. Pelas ideias que são válidas. A transparência, a alternância democrática, a correcção de procedimentos, a honestidade e verticalidade nos princípios e outros valores éticos e cívicos.
Não falei sequer da legalidade. Podemos ter agora a certeza absoluta que isso é uma ideia feita para inglês ver e que a legalidade para os políticos portugueses é apenas uma arma de arremesso, quando convém.
O descrédito completo dos políticos e da política está patenteado nestas atitudes e as consequências, mais tarde ou mais cedo chegarão. Até para eles.

Publicado por josé 11:51:00  

2 Comments:

  1. Arrebenta said...
    2Não deixem que a verdade estrague (várias) boas histórias..."
    zazie said...
    José,

    Resta lutar, mas como? há forma de acção, inclusive jurídica que os cidadãos possam usar, para além de escreverem nos blogues e depois nem votarem?

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