O tempo das cerejas
terça-feira, fevereiro 20, 2007
Sendo a ideologia política, muitas vezes, um caso de razão que a razão desconhece, não é despiciendo fazer o paralelo com a paixão dos sentidos para o amor. E válida será, de algum modo, a sabedoria antiga que diz que não há amor como o primeiro.
É por isso que as conversões de credos por motivos circunstanciais, deixam sempre algo a desejar quanto à autenticidade da mudança.
Tal fenómeno antigo e próprio da natureza humana, não se confunde com o vira-casaquismo oportuno dos videirinhos, mas assume particularidades psicológicas distintas, naqueles que passam a professar credos emprestados por aqueles que dantes execravam. O sinal mais visível, nestes cristãos-novos dos tempos modernos, é o fervor elevado que aparentam, ao serviço dos novos senhores. As reservas de quem observa, são por isso naturais porque o postiço é sempre contra natura .
É também por estas razões que os antigos adeptos da democracia socialista soviética, mesmo temperada pelos aggiornamentos ocidentalizados, passado que foi le temps des cerises, anseiam ainda a cor, o cheiro e a forma do antigo fruto que lhes foi proibido.
E é nesses anseios ocasionais, mas frequentes, que revelam a sua verdadeira natureza de antidemocratas de sempre, para quem a discussão ampla e libertária, de assuntos divergentes do seu pensamento unificado, lhe provoca a náusea da rejeição violenta.
Desfaçatez sem vergonha, disse um deles, num blog, a propósito da discussão aberta sobre Salazar.
Publicado por josé 21:30:00
Se não fosse a democracia socialista soviética pensa que teríamos agora a tentativa de estabelecimento da nova escravatura neo-liberal? Vossa Mercê é o produto acabado da guerra psicológica de que todos somos ora vítimas e que teve tão bons resultados na terra dos livres e corajosos?
Julga que a escravatura de circunstância vai durar para sempre?
Querias! Batatas com enguias...
Como é mesmo? A justiça tarda mas não falha! Não a sua, mas uma com uma vibração mais elevada.