Cruzes, canhoto!

"Mas, independentemente de qualquer acto eleitoral, os símbolos religiosos não podem estar patentes em estabelecimentos públicos, pela simples razão de que representam uma violação qualificada da separação entre o Estado e as religiões." Vital Moreira, causa nossa.

Vital Moreira, na sua luta encarniçada e porfiada, na senda de um serôdio jacobinismo, herdeiro de mata-frades, atira-se às cruzes. As cruzes são o diabo, em estabelecimentos” ( sic) públicos, como bem mostra a resenha que segue, de um lugar ligado a muitas cruzes: a freguesia de Santa Cruz, em Coimbra. Coimbra, aliás, é um lugar de cruzes. Na Igreja, onde estão sepultados os restos mortais do nosso primeiro rei, cujo reinado se simboliza numa cruz, que é a de Cristo, há um ror de cruzes que atenazarão para todo o sempre Vital Moreira.
Abrenúncio!
A história da freguesia de Santa Cruz está intimamente ligada à fundação do Mosteiro com o mesmo nome. No ano de 1131 D. Afonso Henriques autoriza a construção do Mosteiro. A primeira pedra da construção da Igreja é lançada a 28 de Junho, num local conhecido por "Banhos Reais". É à sua sombra que se desenvolve uma vida medieval de artistas, do comércio e das primeiras habitações.
No ano seguinte começa a vida da Comunidade de Agostinianos, constituída por 12 frades, tendo como superior o prior D. Teotónio (S. Teotónio).
Em 1530 é aberta a rua da Sofia (etimologicamente "sabedoria"), plena de monumentalidade e tradição, construindo-se ali importantes edifícios, conhecidos como Colégios Universitários que fornecem as primeiras matérias pré-universitárias e dão apoio logístico ao já grande afluxo de formandos que pretendiam frequentar a Universidade de Coimbra.
Do conjunto destes edifícios, destaque para o antigo Colégio de S. Teotónio (Palácio da Justiça); Igreja de S. Pedro dos Terceiros (antigo Colégio S. Bernardo); Colégio de S. Boaventura (de que resta só a fachada); Colégio de S. Domingos (hoje Shopping Center); Colégios da Graça e do Carmo.
A fundação da Igreja da Graça data de 1543 (reinado de D. João III). A Igreja de Santa Justa foi edificada nos princípios do séc. XVIII.
Ao Lado da Igreja de Santa Cruz está o "Café Santa Cruz", que fez parte do antigo Mosteiro das Donas e foi a Igreja Paroquial da freguesia de Santa Cruz (Igreja de S. João de Stª. Cruz, construída pelo ano de 1530.
Ligado a esta freguesia e à Rua da Sofia anda o Tribunal da Inquisição proposto pelo rei D. João III e trazido para Coimbra pela mão do Cardeal Infante D. Henrique.

Se Vital Moreira continuar nesta senda de expurgo de simbolismos religiosos, de "estabelecimentos públicos", vai ter um trabalho medonho. Vai ser mesmo o diabo...



Publicado por josé 13:00:00  

7 Comments:

  1. zazie said...
    Viva José!

    O jacobinismo foi a maior praga que nos podia ter caído em cima.

    E esta esquerda, que perdeu a bandeira revolucionária, à falta de melhores causas, agarra-se de novo ao ateísmo.
    zazie said...
    Andei a ler umas passagens do livro do Sarkozy e parece-me bem mais inteligente.
    josé said...
    Se foi a maior, não posso dizer. Mas foi certamente uma das maiores. No Egipto, no Êxodo judaico, recairam sete pragas, qual delas a mais fulminante.

    Por cá, conto só uma que não coloquei no postal, para não alargar e porque descontextualizava um pouco:
    Soube há pouco tempo que em Braga, no tempo da implantação da República, de inspiração anti-clerical, foram destruídos centenas ou milhares de livros contendo registos únicos e centenários de linhagens e história local de monges e de Igrejas, pelos "revolucionários" da época.
    Perderam-se registos importantíssimos sobre a história de pessoas com papel importante nas comunidades locais e com relevo nacional até.

    Tal como hoje, em nome de um princípio único: o ódio( expresso na plena força do termo) anti-religioso!

    A luta de Vital, teve os seus percursores.

    No início do século XX, as fogueiras e autos de fé, não eram em nome da Igreja. Eram em nome do laicismo...
    Os efeitos, os mesmíssimos que os verificados no tempo de Savonarola ou no tempo da destruição da biblioteca de Alexandria.
    zazie said...
    Era precisamente nisso que estava a pensar- nas destruições. Sempre que tenho de andar à volta do património sou obrigada a pensar nos tipos- e da pior maneira. É impressionante como conseguiram espatifar tantas obras, como se já não bastasse o que os franceses fizeram.
    E é sempre em nome do lacismo- eles nunca invocam o verdadeiro motor- a estranha embirração a tudo o que é religião.
    zazie said...
    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
    zazie said...
    Não é preciso ser-se católico ou cristão para se respeitar qualquer símbolo religioso. Eu não tive a menor formação religiosa mas os meus pais sempre me ensinaram que todos os símbolos religiosos são para se respeitar.
    E aqueles em que se enraíza a nossa história são para se respeitar e cuidar ainda mais.

    A religião faz parte da cultura. Ao contrário do que os ateus militantes dizem, não se trata apenas de uma questão de consciência individual.
    Kane said...
    São tiques, Senhor!

    Trata-se de uma causa pequena, que envergonhará qualquer ateu ou agnóstico minimamente consciente.

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