Horizontes sem fios
segunda-feira, outubro 30, 2006
A pequena história conta-se num ápice:
Eduardo Prado Coelho, "que não lê blogs", leu em dois blogs uns textos que lhe desagradaram acerca do Plano Nacional de Leitura.
Vai daí, na sua coluninha no Público que nunca perco ( espero que JMF ou quem vier a seguir a preserve no lugar que tem), desanca em dois bloggers iconoclastas.
A um, "uma personagem anónima, em algo que se intitula "Rabbit´s Blog", chama-lhe "funcionário do Continente que se pretendeu pôr em bicos dos pés" pois que revela a estupidez de discordar da excelsa importância do PNL, (título aliás, da sua croniqueta) e que EPC incensa.
Depois de zurzir também em VPV a quem reconhece inteligência, ataca-se a "um tal Luís Aguiar Conraria, que escreve "num estilo mais ou menos aparvalhado, no blog A Destreza das Dúvidas"
E são estas as ofensas de EPC, aos dignos bloggers da blogosfera lusa.
Um, "funcionário do Continente". Outro, escriba de "estilo mais ou menos aparvalhado".
O que é que isto deu? Um rol de postais em alguns blogs.
L.A.C. no seu blog, já lhe respondeu, à letra e num postal agreste, e atira o nosso pobre colunista da pág.5 , para o lado dos demagogos profissionais, pagos pelo erário público, lançando-lhe o pior anátema que neste momento se pode atirar a um profissional da cultura: subsídio-dependente! E acaba por lhe chamar "burro", numa elipse escusada a quem tem razão, ao referir que "Não comento o elitismo asinino implícito nestas frases", sendo as frases aquelas que se referem.
A blogosfera lusa é um sítio pequeno, já toda a gente que a frequenta se apercebeu.
Mesmo com todos os milhares de blogs que despontam como cogumelos na humidade, ou flores na Primavera, há uma dúzia deles que por algum motivo, marcam agendas de quem visita blogs e se interessa por temas comuns, discutidos publicamente.
Será inevitável que haja encontros e desencontros entre bloggers e cronistas de jornal que se abeiram dos mesmos temas e assuntos.
O caso articular de EPC, JPP, MST, e outros tantos, suscita a curiosidade dos bloggers porque sim e nem sequer haverá outra explicação.
É natural, por isso que a troca de galhardetes se processe a uma velocidade próxima da permitida pelo Blogger.
Sou do tempo em que EPC manteve polémicas em artigos de jornal, espaçados e semanais. Duros nos argumentos e ácidos nos temperos.
Mas com algum humor.
Parece-me que é isso que falta neste caso. E por isso, acho que chamar a alguém "funcionário do Continente em bicos de pés" ou " um tal" que escreve artigos aparvalhados num blog, merecia uma resposta a condizer. Em todo o caso, outra que não esta, embora esta sirva. Contudo, parece que ainda não viram nada.
A blogosfera, na minha visão, se perder o seu lado libertário, mas ainda assim contido, no leque de artifícios linguísticos, perde grande parte do seu interesse.
Se alinhar e enfileirar pelo lado correcto, sempre sempre correcto, à la João Miranda,( o caso mais à medida do exemplo, só por isso) perde o interesse. Humourless. Abrupto, quoi!
Espera-se um equilíbrio, mas que não se espere por um conjunto de escribas que apenas solicitam bocejos e textos insípidos.
Estava quase a dizer que EPC prestou um serviço à blogosfera lusa...
Publicado por josé 19:55:00
Acredita que um EPC ou outro escriba alguma vez se lembrariam de referir um Dragão ou um Arrebenta?
A partir do momento em que um qualquer JPP o indique pelo dedinho em riste, pego em armas! De escrita, entenda-se.
":O)))
Mas temos que concordar que uma estante com livros de M Sousa Tavares, Dan Brown ou Paulo Coelho não têm nada a ver com cultura.
Permita-me discordar.
Uma estante com livros medíocres, pode ser um desperdício em relação a um espaço que poderia estar ocupado com obras primas que custam quase nada e algumas até são oferecidos com um jornal.
Mas, na verdade, parece que pouca gente lê desses livros.
No entanto, ainda assim, tomemos o caso singular do Equador: um livro aparentemente medíocre na escrita e limitado no horizonte da imaginação, literária e não só.
Mesmo assim, pode sempre fazer-se o paralelo com um dos livros que confessadamente lhe serviu de inspiração directa e em algumas páginas até mais do que isso.
O livro, nessa parte inspirada, fala da Índia e da descolonização à força, no final dos anos 40.
É em belíssimo pretexto para tentar buscar outras fontes de inspiração, mais interessantes, não acha?
Por mim, só o simples facto de me ter dado ao trabalho agradável de procurar o artigo da época e descobrir que ainda o tinha e que até foi escrito por John Kenneth Galbraith e ter vindo a saber que este tinha sido embaixador na Índia e por causa disso o Nouvel Observateur lhe pediu a crónica ao livro,interessantíssima aliás, já valeu toda esta polémica. ( Ufa! que parágrafo extenso, mas fica assim).
Acho que todos os livros são interessantes, mesmo os que prestam pouco. Um livro, mesmo os de edição de autor, com erros ortográficos e rejeitados por todas as editoras, contém em si mesmo um capital de ideias. Podem ser pobres, mal alinhavadas, disparatadas, de valor acrescentado próximo da nulidade.
Mas tomemo-lo com outros olhos mais positivos e queiramos descobrir o que está por detrás daquela sucessão de folhas escritas e descobrimos sempre alguma coisa com interesse.
Isso, se estivermos com boa disposição. Caso contrário, a indústria de papel reciclado também fica a ganhar um pouco mais de matéria prima.
No caso dos livros de autores mediatizados e com imagem promovedora, como é o caso evidente de MST e dos apresentadores de televisão que deram em escritores instantâneos, o preconceito gera hostilidade.
Não conto pegar no livro que me promete revelar o segredo de Deus ou os mistérios insondáveis dos templários perdidos ao esconderem a Arca da Aliança, mas por vezes pego noutros parecidos e até aprecio um pouco.
O último que li desse género foi a Regra dos Quatro que sendo medícre como narrativa, me falava de outro livro misterioso: o da Hypnerotomachia Poliphili. Daí até ao interesse pela tipografia, vai um passo e foi com passos desses que fiquei um...diletante aperfeiçoado!
Ando agora a ler o último livro de Mário Puzo, Os Borgia. A primeira família criminosa da Europa, segundo o autor.
Talvez um pouco mais bem escrito que o da Hypnero, mas ainda assim, livro para ler e dispensar logo a seguir.
Há livros assim.
O regresso foi em grande força e logo por causa dos ataques ao anónimato da blogosfera, de MST, JMF e agora também de EPC. Para mim, o primeiro tem toda a razão naquilo que disse, não tenho nada contra o anonimato, antes pelo contrário, considero que tem virtualidades próprias, desde que o mesmo não sirva motivações ínvias, como o insulto, a falsa acusação e o boato. Diz ele e bem, como poderá alguém defender-se duma acusação de pedfilia ou tráfico de droga ao abrigo do anonimato? Sobretudo quando para alguns "jornalistas" isso é tido como fonte credível de informação.
Quanto a JMF e EPC parece-me que qusieram ir à boleia de MST, só que EPC sobretudo foi compelatamente disparatado, para não dizer mais. LA-C respondeu-lhe merecidamente e com a elegância que sempre caracteriza a sua escrita. Sõa estilos.
Deve haver algum complexo de anonimato na blogosfera, pois cada vez que o assunto é tocado, "cai o carmo e a trindade" e vêm logo todos defender esse estatuto.
Da minha parte, deixei de usar o nick Atento e passei a usar Ricardo Batista. Não soa tão bem, é certo, mas penso ser mais autêntico e assertivo dessa forma. Afinal quem somos nós?
Pois soa. E aposto que assim ninguém vai dizer que é anónimo.
E nem lhe vou perguntar se esse é o seu verdadeiro nome...
Porque carga de água havia de duvidar ou como é que podia provar o contrário...
É que eu não estou a ver quem seja o Ricardo Batista cá da terra, que toda a gente conhece
Estive a ver o Sporting...e o guarda- redes portou-se bem. Podiam ter ganho.
E também vi o blog. Afinal quem apanhou o vício já sei quem foi...
Quanto ao anonimato ou não estou com a zazie: para mim, Atento ou Ricardo, vale o mesmo, pelo que escreve. E isso me basta.
PS. Li para aí que a zazie era engenheira sistemática. Boa!