uma oportunidade
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
Em Maio do ano passado, a propósito das peculiaridades do nosso 'pseudo' mercado de telecomunicações, escrevia isto...
Há muitos anos atrás, nos primórdios do Guterrismo, já o professor Marcelo fazia as sua homilias dominicais, então na TSF. Nessa altura, que precedeu a sua eleição no Congresso da Feira, o Professor ainda conseguia articular duas ou três frases, e duas ou três ideias, com nexo, há muito tempo já se vê. Numa dessas homilias, das últimas, fazia o professor o balanço do cavaquismo e debruçava-se sobre o legado e a herança de Joaquim Ferreira do Amaral, o ministro das obras públicas e telecomunicações do cavaquismo, lembrando, e bem, que pesasse embora a enorme visibilidade, e utilidadade, das obras públicas realizadas, Ferreira do Amaral poderia vir a ficar na história não por elas mas pela forma como tinha gerido o dossier das telecomunicações, a abertura daquele mercado, e nomeadamente o caso da PT. Passaram-se 10 anos, e por cá, a memória é sempre curta.
Hoje a PT é o que é e a liberalização do mercado de telecomunicações é uma farsa. Não houve coragem de separar o negócio grossista do retalho, fez-se de tudo para torpedear a entrada de novos operadores, e agora, recentemente, descobriu-se a pólvora. A PT é grande de mais e, pior, pode cair nas mãos dos espanhóis, nomeadamente da Telefónica. Há umas semanas o sr. Patrick Monteiro de Barros vociferava por aí contra a separação do negócio do cabo da PT (imperativo em qualquer economia de mercado "normal") alegando (!) que isso desvalorizaria a PT e a tornaria assim digerível pelos espanhóis. Agora, sabe-se, que mesmo com o Cabo ainda atrelado à PT os espanhóis só não compram mais porque não lhes é permitido, sendo que, e um dia isso há-de vir a ser claro, que o objectivo de certos acionistas de referência nacionais, que tem ao seu serviço como consultores ex-CEOs da Telefónica, sempre foi desde o primeiro minuto funcionarem, muito lucrativamente, como proxys de um takeover camuflado, a prazo, da telefónica à PT. Não valem pois os argumentos patrioteiros de última hora. O facto é que, mais tarde ou mais cedo, a Telefónica vai tomar a PT. Mais, foi esse o plano desde o primeiro minuto.
Agora que se sabe da OPA da Sonae.com e já se fala numa contra OPA da Telefónica, convinha que não se perdesse de vista o essencial. E o essencial não é a 'vitória' numa pseudo guerra Portugal vs Espanha (em que a França (France Telecom) avançaria com o dinheiro ao 'nosso' lado). O essencial é repor a normalidade no mercado de telecomunicações. Ou seja, como já então dizia...
...convinha de uma vez por todas, que se criassem condições para um eficiente e saúdavel mercado de telecomunicações em Portugal. E isso, passa impreterivelmente por rachar a PT, separando o negócio grossista do retalhista, de modo a que quem está no mercado de retalho, que não a PT, tenha condições justas de acesso, nomeadamente através do unbundling do local loop, e pela obrigatoriedade da venda da TV cabo. Desta forma, talvez não só não fique tudo para os espanhóis, como certamente teriamos, todos preços mais baixos e muito melhor oferta...
Será essa, tarde e a más horas, a única forma de manter sustentavelmente centros de decisão na área das telecomunicações em Portugal.
Publicado por Manuel 21:17:00
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