Antes as SCUTS

Foi muito discutida a questão das SCUTS nesta Grande Loja, bem como, por razões diversas, as transferências de fundos de pensões para o sector público. Está na altura de juntar os dois assuntos.

Num assustador Relatório de Auditoria revelado recentemente pelo Tribunal de Contas (disponível aqui) ficamos a saber que a diferença entre os montantes transferidos e as responsabilidades assumidas pelo Estado podem atingir qualquer coisa como 1.800 milhões de euros, no cenário mais pessimista.

Isto sem contar com a perda de receita fiscal, que seria gerada pela actividade dos fundos de pensões privados.

Reparem, 1.800 milhões de euros que não correspondem a investimento em infra-estruturas, ou em desenvolvilmento humano.

São, tão só, o preço da arrogância e do tão propalado "rigor" da Dr.ª Manuela Ferreira Leite.

Preço esse que irá subir no dia em que fizermos as contas aos custos da venda da rede fixa à PT na economia nacional, das operações de securitização, etc., etc., etc.

Endividou-se brutalmente o país para compor cosmeticamente o défice em 2002, 2003 e 2004. Qualquer medida servia. Dinheiro deitado à rua!

Face a isto, antes pagar as SCUTS, o TGV e, nunca pensei dizê-lo, a Ota. Muito ou pouco reprodutivo, ao menos é investimento.

Estamos a falar de décadas e décadas de despesa. Até 2071, para ser inteiramente claro. Veja-se o gráfico do próprio Relatório do Tribunal de Contas:

O que eu gostava de saber é quem é que vai responder por este crime contra as contas públicas.

Ninguém, aposto já aqui. Afinal estamos em Portugal.

Face a isto, resta-me dizer que o que faltou ao Eng.º Guterres nos anos da sua governação foi o instinto patrícida para fazer a mesma coisa.

Publicado por irreflexoes 02:54:00  

6 Comments:

  1. Rui MCB said...
    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
    Rui MCB said...
    Nem sei como foste capaz amigo, dizer mal desse poço de rigor, de competência, esse bastião de defesa do interesse nacional. E ainda por cima uma senhora.
    O Guterres é que foi mau pá, não te lembras das dezenas de milhares de contrados a prazo que ele teve o desplante de meter no quadros da função pública aumentando a despesa do Estado. Não te lembras das transferências para o fundo de equilibrio financeiro da seg. social que insistiu em ir fazendo, em prejuizo , por exemplo, do défice de 2001?
    Manuela Ferreira Leite é amiga, colega, ex-secretária de estado e ministra de Anibal Cavaco Sìlva, o salvador da pátria. É esta a medida de gravidade deste teu post. Atacaste um mito, os deuses não te perdoarão.
    ;-)

    Bom ano!
    irreflexoes said...
    Pior, já não é de hoje, como bem sabes ;)

    Não tenho salvação, arderei para sempre na pira infernal reservada aos não crentes!
    JLL said...
    E no entanto, a assunção das responsabilidades pelo sector público foi feita pela 1ª vez pelo Prof. Sousa Franco (no governo do Eng.Guterres), ao assumir as responsabilidades do antigo BNU.

    Não é curioso como o governo a seguir vem e faz o mesmo? E o governo que segue também?

    Se de facto estas opções foram (e são) tão lesivas ao estado - um crime, como lhe chama o irreflexões - porque motivo não são criminalizados os antigos responsáveis?

    Este tipo de relatório, que diz o que toda a gente já sabia quando se fez a operação do BNU, da CGD e dos CTT, não é mais do que marketing politico para antigir determinadas pessoas.

    O irreflexões (justificando o seu pseudómino) serve de prova da função e objectivo deste tipo de "fugas de informação". Condicionar a opinião pública, criar um sentimento de desagrado contra pessoas alvo e tornar mais cor-de-rosa as decisões actualmente em curso, nem que estas sejam na essência idênticas.

    O que o actual governo está a propor para a realização dos seus grandes projectos (OTA e TGV) não é mais do que o mesmo modelo de protelação de custos adoptado anteriormente com as SCUTS e com as transferências de fundos de pensões. É igual, a mesma coisa, tem aspecto ligeiramente diferente mas o cheiro é o mesmo.

    Mas também se coloca outra questão: Se estas politicas são assim tão prejudiciais para o país porque motivo continuam os governantes a adoptá-las?

    Ou afinal estas medidas não são assim tão más ou então, sendo más, não restando opções, são as possíveis.

    No limite, e adoptando a posição de que se trata de um crime sobre o qual os antigos ministros deviam ser julgados, então convém meter a mão à consciência do eleitor... a verdadeira responsabilidade é NOSSA, como eleitores e cidadãos, que deixámos que isto aconteça...
    Tonibler said...
    Oh irreflexões, imagino que esse gráfico tenha em conta os custos de 4100 milhões de euros emitidos à taxa da dívida pública incluídos nos proveitos, ou não?
    E com os fundos comunitários entretanto abichados como proveitos, ou não?

    O mal de se olhar para estes relatórios do tribunal de contas isoladamente é que não valem um pénis. O relatório incide sobre as contas do estado, mas o que interessa são as contas do país, se foi ou não proveitoso para o país. Para o estado até a OTA isoladamente vai dar lucro, embora para o país seja ruinoso.
    Rui MCB said...
    Ó muito chato, o que é que eu eleitor, português remediado que tem de trabalhar para ganhar a vida pode fazer para deixar de ter culpas no cartório?

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