alfa beta...Mozart
sexta-feira, janeiro 27, 2006
Ave verum corpus natum de Maria Virgine.
vere passum immolatum in cruce pro homine:
cuius latum perforatum fluxit aqua et sanguine:
esto nobis praegustatum mortis in examine.
O Iesu dulcis! O Iesu pie! O Iesu fili Mariae.
Na Sexta passada, já à tardinha, estive numa Academia de música. Enquanto escutava a inquirição que decorria na AR, por rádio com auscultadores, numa mesa em frente , alguns jovens adolescentes divertiam-se em barulho próprio que me confundia a audição- e daí os auscultadores.
Em determinada altura, começo a ouvir, na sonoridade ambiente filtrada pelos auriculares, uns sons do divino e que me pareciam provir de um mais que profano aparelho de reprodução.
Apurei melhor a audição ao som ambiental, não querendo perder pitada da intervenção da Drago no Parlamento e o som tornou-se inconfundível: os primeiros acordes do motete Ave, verum corpus, estavam ali perto, vindos de algures, numa direcção ainda incerta para mim.
O hino magnífico ao mistério da consagração, vindo dos séculos medievais, genialmente musicado por Wolfgang Amadeus Mozart, tomava corpo em coro, ali mesmo, ao pé de mim.
Cantado por uns putos que ensaiavam, já na perfeição, as vozes da composição genial de Mozart.
Irrepetível, pensei, depois de me dar conta que o som inesperado era o natural e já mais que perfeito de uma curta composição , com umas poucas dezenas de compassos e duração de pouco mais de um par de minutos.
Segundo dizem, fácil de cantar para as crianças e muito difícil para adultos. Genial.
Publicado por josé 12:36:00
O Requiem é programa já calendarizado para ouvir religiosamente daqui a uns dias, numa igreja de cá.
A Missa, há tempos que não ouço...
Como se me avariu o leitor de cassetes do carro( não aprecio o som cd), tenho ouvido a Antena 2.
No outro dia, apanhei um Allegro de Vivaldi que me agarrou a atenção pela vivacidade do andamento e o contraponto alegre. Coisa breve, de 3 minutos.
Em campo, descobri que se trata de uma andamento do Concerto em Fá maior (F major). Uma pequena maravilha.
http://www.alla-camera.art.pl/mp3/15-w.a.mozart-ave_verum.mp3
Já que deu atenção à prosa, e amantiza intelectualmente corais de alta cultura, deixe que lhe conte a seguinte história.
Não sei que idade terá, mas se for para cima dos quarenta lembrar-se-á de um programa de rádio chamado Em Órbita, apresentado por Jorge Gil que no final dos sessenta se cansou da música popular ( para mal dele, acho eu) e passou a jurar unicamente pelos LP´s de música clássica que coleccionava e passava em gira discos cuja cabeça de leitura escolhia a preceito.
O indicativo desse programa, ficou-me no ouvido e a única coisa que sabia sobre a pequena peça de música coral de uma harmonia e melodia fantásticas, era que...tinha vozes em coro e uma orquestra lenta e suave.
Ao longo da década de setenta e parte da de oitenta procurei a origem de tal sonoridade e descobri que era de uma peça de Schubert com alguns andamentos adequados às partes de uma Missa. Vim a saber rapidamente que era a Missa Alemã. Deutsche Messe,para ser mais específico.
Mas...qual delas? Que versão escolher entre as variadas que se apresentavam em LP e já em CD?
Primeiro foi a versão em LP, gravado em 1975 pelo Tölzer Knabenchor, sob a direcção de Gerhard Schmidt-Gaden.
A parte que me interessava e que era a pequena introdução ao programa Em Órbita, era o Cântico Final com pouco mais de um minuto de duração eterna.
A versão do LP comprado na velhina discoteca Santo António do Porto ( onde ouvi as colunas de som que ainda hoje são a minha referência máxima em qualidade- umas B&W a capella) não era exactamente o som do indicativo.
Mas tarde e muitas tentativas depois, na Valentim de Carvalho, em Lisboa, desencantei um cd fracês,da colecção Ophélia da Preiser Records que apresentava a versão da Deutesche Messe que julgo, se a memória musical não me atraiçoa, ser a versão mais próxima da exacta. Trata-se da Missa Alemã, cantada pelos Coros e Orquestra de Santo Agostinho de VIena, sob a direcção de Friedrich Wolf, numa gravação de ...80!
É óbvio que não poderia ser! Mas para mim, continua a ser o mais aproximado que ouvi á sonoridade original e inultrapassável do indicativo que Jorge GIl escolheu para apresentar o seu magnífico e portentoso programa Em Órbita.
Se alguém, souber qual a versão original, que servia de indicativo e o disco exacto que serviu para a gravação, era um favor que faziam a um maníaco destas coisas.
Ecco!