O Sr. Alberto - o grande vencedor

Um dos grandes vencedores do debate de ontem entre Alegre e Louçã foi manifestamente Alberto João Jardim. A propósito do 'excesso' de boa educação de Alegre que, sobre Jardim, 'deixou' que Louçã exprimisse uma posição diferente da sua já te teceram hoje os maiores dislates. No canil Francisco Trigo de Abreu tratou de moer Alegre e considerou mesmo o fenómeno 'suficientemente escandaloso e revelador da preparação de Alegre para o cargo de Presidente da República'. Que disse Alegre ? Bom, Alegre, socorrendo-se de ideias antigas de Adriano Moreira, apenas aventou a hipótese de (mudando a Constituição) uma vez um governo regional destituído (no caso, pelo PR) o seu presidente não poder candidatar-se de novo ao mesmo cargo, por determinado periodo de tempo. Uns dias antes Louçã, o zeloso guardião da Constituição, tinha-se prontificado a exonerar Jardim caso fosse eleito. Falemos claro, absolutamente claro, se, porventura, Jardim fosse corrido não o seria por mera incompetência, como foi o Dr. Lopes, mas sim por manifesto, sistemático e contínuo desrespeito pela Lei geral, a do 'contenente', e dos mais elementares princípios democráticos. Ora, da mesma forma que a Constituição proíbe a formação de partidos de teor nazi/fascista ( sendo omissa em relação a casos similares do extremo oposto) não me choca que também 'capasse' a capacidade electiva de quem foi considerado 'anti-democrático'. Podemos é discutir se o PR - a solo - sem a intervenção de outras entidades, como o Tribunal Constitucional, ou até o STJ, o Parlamento, tem legitimidade para uma decisão dessas (e Louçã acha que tem), por 'aqueles' motivos, agora , defender em nome dos formalismos que é absolutamente normal exonerar alguém por incomprimento das regras democráticas para de seguida, e em nome dessas mesmas regras, agir como se nada se tivesse passado é no mínimo rídiculo. Alegre afinal apenas levantou o assunto para demonstrar a inconsequência da medidas de força prognosticadas por Louçã, absolutamente demagógicas, que em bom rigor não resolvem - por si - o que quer que seja (até porque se por absurdo Louçã fosse PR e destituísse Jardim, pelos motivos que elencou, caso este fosse reeleito nada mais lhe restava que demitir-se de seguida...)

Publicado por Manuel 16:42:00  

5 Comments:

  1. MJMatos said...
    Bem apanhado. Também me pareceu que Louçã tinha "escorregado" do ponto de vista do bom senso mas, não tendo eu "background" em Direito, estava na dúvida se não seria mais um dos habituais "ardis" legais a dar~lhe razão. Obrigado pelo esclarecimento.
    zazie said...
    foi uma das maiores boçalidades do Louçã nesta campanha...
    naoseiquenome usar said...
    O Alegre dizia tratar-se de uma hipótese Académica...
    inda vai serr feita uma Revisão Constitucioanl só para contemplar a destituição do Alberto João! E depois tem que haver ainda uma emenda a dizer: destituídos não podem recandidatar-se!!! :)
    FTA said...
    Caro Manuel:

    O Manuel não acha que seria escandaloso que eu o demitisse da blogoesfera (onde é um dos eleitos) e que depois o impedisse de criar um novo blogue, evocando delitos de opinião ou o desrespeito contínuo da lei geral e dos princípuios democráticos? E também era giro que o Manuel Alegre aplicasse o mesmo critério (sabe-se lá qual) a todos os titulares de cargos políticos que não aprecia. Com as escutas que por aí andam, não teria dificuldades para reformar da vida política, pelo menos, oito mil pessoas. Era o chamado dois em um: cumpriam-se os ideais revolucionários de Abril. E do PREC.

    Repare: a ideia é tão surrealista que o próprio Manuel Alegre a desmentiu um minuto depois de a ter proposto. Se calhar, até está preparado para ser Presidente. Exibiu uma enorme rapidez de raciocínio.
    wolverine said...
    É evidente, pelo menos em termos do debate, que esse momento foi um autêntico tiro no pé por parte de Alegre, que se viu quase que obrigado a pedir desculpa, engolindo em seco e dizendo que sim às baboseiras do Louçã. Que lhe tinha estendido a ratoeira e mal conteve um sorriso perante a argolada do oponente...
    Alguém que quer ser presidente não pode discutir os temas com a leveza de opinião de quem está num café com os amigos, mesmo que no caso concreto o Alberto João merecesse não só a exoneração como uma eventual limitação de direitos democráticos. A isto chamamos crime e castigo.

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