uma campanha alegre

Em Portugal, o comum dos mortais não conta rigorosamente nada no que à política diz respeito. É verdade que de tempos a tempos lá são chamados a votar, sempre em opções mais ou menos pré-formatadas, mas a participação cívica dos cidadãos acaba aí. Por eles pensa uma casta de ungidos que devora números, sondagens, estudos e que se julga talhada para definir a acção política. São os spinners, normalmente em agências de comunicação e grandes consultoras, e - também, os aprendizes - por essa blogosfera. Para um spinner não há bem nem mal, apenas tácticas e timings correctos ou incorrectos, não há conteúdo nem decisão - tudo acessório - mas apenas a forma. Um spinner não hostiliza, aconselha, não critica, aponta... Vive-se da imagem, e para a imagem. Vive-se mais para agradar (não se sabe bem a quê e a quem) do que para solucionar... De vez em quando as coisas correm mal, Guterres caiu quando nada o fazia prever, Barroso fugiu e o Dr. Lopes foi o que se sabe. Agora, vem aí as Presidenciais. Os spinners acham que tem tudo controlado, todos os cenários previstos. Resta saber se o povo vai concordar com eles. A política faz-se com o povo, e para o povo, ponto. Reduzir umas eleições - ainda por cima - unipessoais, a exercícios estritamente tácticos e conceptuais à margem das preocupações do cidadão comum, descontente com a política e com os políticos, é um exercício de alto risco, com resultados que podem vir a revelar-se surpreendentes, ou talvez não. Afinal, são esses mesmos spinners que dizem que o povo é sereno...

Publicado por Manuel 19:03:00  

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