sobre a lealdade...

O conceito que a casta dominante tem por cá de 'lealdade' é - sem sombra de dúvida - um dos maiores, e mais letais, vícios da praxis políca portuguesa. Com efeito confunde-se lealdade com cegueira, seguidismo e hipocrisia. Muitos consideram, à direita e à esquerda, que ser leal implica uma fé cega, absoluta e sem limites, nem questões (im)pertinentes, muito menos opiniões próprias, assim como a elevação de quem se apoia ao estatuto de divindade. Por isso, os 'chefes' acabam muitas vezes verdadeiramente sós, rodeados por uma corte, que lhes diz tudo, menos, porventura, o que estes precisariam de ouvir. Não há espaço para a crítica, para a diversidade, é a lógica do tudo ou nada. Ser sério, frontal, é, muitas vezes, visto como o maior dos pecados, porque o que importa é o fim último, a unidade, nem que seja virtual, em nome de um qualquer objectivo superior. E muitas vezes esses mesmos objectivos superiores não se alcançam, ou alcançam-se 'mal', precisamente porque se perdeu o contacto com a realidade, porque não houve ninguém que, na hora certa, 'pintasse' as coisas como elas eram. Diz-se já não o que se pensa mas aquilo que se pensa que o interlucutor gostará tão só de de ouvir. São estas as regras do jogo. Acham, que se o Dr. Soares tivesse verdadeiros amigos, estes o deixavam fazer a figurinha que anda a fazer ? Querem maior solidão que esta ? No fundo, ele até o menos culpado. Mas que mete pena, isso mete.

Publicado por Manuel 02:37:00  

1 Comment:

  1. O Reformista said...
    Uma das minhas grandes preplexidades com a política é a total incapacidade das pessoas na política de exprimirem aquilo que pensam fora das paragonas oficiais.
    (Porque apesar de tudo acredito que sejam seres pensantes)
    Quando se lhes pede uma opinião sobre uma proposta inovadora agradecem muito, dizem que vão estudá-la mas acabam por nunca dar a sua opinião. Não me comprometas é o lema.

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