política e políticos

O Dr. Soares, e os soaristas, anda feliz, e tem até razões para isso. Não é que tenham, ou estejam em vias de, virado as presidenciais mas, por uma vez, o Dr. Soares marcou a agenda, e pôs toda a gente a falar do que ele queria. Já sabemos que a Soares não interessa o debate de coisas sérias, ou sequer aborrecidas, pelo que nada melhor, para ele, do que inventar um 'factóide' político, e colocar toda a gente a discutí-lo. Prova da esquizofrenia deste país toda a gente foi atrás. Soares saiu-se com umas bocas banais, entretanto promovidas a ataque feroz, o que diz muito sobre o actual estado do debate político, sobre a qualidade de 'político profissional' de Cavaco e desde há uns dias não se fala noutra coisa. Até Cavaco veio dizer que não dizia nada e Alegre não se coibiu de recordar que ganhava mais de direitos de autor do que como político. Nos moldes em que é apresentada a questão sobre os 'profissionais' da política não interessa a ninguém, muito menos ao comum eleitor, e serve só para passar o tempo, e fingir que se debate. Tudo, porque não há coragem de chamar as coisas pelos nomes, em nome do politicamente correcto e da boa educação. É que se é verdade que Cavaco é político profissional, e é-o na medida é que é o que mais competentemente (e ser profissional costuma querer dizer ser competente no que se faz e não 'amador') exerce a política - quando se dedica a esta- também é verdade que não fez da política a sua profissão. Cavaco teve antes e depois da política uma vida, que lhe permitiu, quando quis, dizer não, fazer opções. E o grande problema, neste momento, em que em nome da demagogia se mistura tudo com tudo, está na liberdade, ou falta dela, que os políticos, e candidatos a políticos, tem na sua actividade política. É que ou se assume que para ser político se é rico e não se precisa de uma salário para nada, ou talvez fosse útil perder algum tempo a pensar que liberdade, e margem de manobra e acção, é que podem ter determinados personagens que fazem da política a sua única e exclusiva actividade, não lhes convindo portanto sair, nunca, das graças do poder. Afinal é desses, dos que 'dependem' de tal modo da política que ficam incapazes de se distanciar das coisas e de manter um mínimo de serenidade acabando incapazes de distinguir o bem do mal e o certo do errado, que Cavaco , bem, e como muitos, se quer distanciar... Transversal a esta questão há uma outra, recorrente, muito cara a Soares, e a alguma esquerda, sobre a 'cultura', que um político deve ter, e que Cavaco, economista, alegadamente não terá. Sobre essa questão Agostinho da Silva já disse tudo.

Publicado por Manuel 15:52:00  

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