"O dinheiro aparece sempre"

Com pompa e circunstância, o ministro Mário Lino apresentou a "obra" do regime. Não é a primeira, nem será seguramente a última. Já tinha havido a Expo 98 - uma versão circense de "obra" de regime - e o Euro 2004, a mais descarada apoteose do betão. Lino, muito naturalmente, escudou-se nos "estudos" favoráveis à construção de um novo aeroporto na Ota, da mesma forma que podia ter recorrido a outros tantos desfavoráveis à dita. Desculpou-se com a circunstância de tudo "já vir de trás" o que é, aliás, uma "moda" recorrente nestas ocasiões. Tirando os fãs incondicionais, não vislumbrei grandes entusiasmos. Para a plateia empresarial e dos "negócios", Lino fingiu que a coisa é mesmo importante e indispensável. Os espectadores limitaram-se a fingir - porque lhes convém - que acreditavam. O trivial. A "obra" veio aparentemente para ficar e para durar. Acabará, se for avante, por custar aos contribuintes muito mais do que o estimado nos "estudos" financeiros, como é da praxe. E, em matéria de "impacto ambiental", não hão-de faltar prosélitos dispostos a assinar em baixo. O extraordinário disto tudo são, salvo erro, os quatrocentos milhões de euros que Lino vai "investir" na Portela pré-defunta - nesta perspectiva obreirista -, incluindo a eventual "extensão" do Metro até lá. Haverá porventura nisto tudo uma lógica misteriosa que a minha incredulidade ignorante não deixa entrever. Como dizia outro dia o dr. Mário Soares, reputado especialista em contas, "o dinheiro aparece sempre". Parece que, afinal, tem razão.

Publicado por João Gonçalves 23:10:00  

2 Comments:

  1. av said...
    a pre-defunta ainda deve ter 17 e mais alguns anos de vida, por isso se justifica o dinheiro, que nao é "para deitar fora" como vi um jornalista da sic dizer com pompa na tv parecendo ter o rei na barriga, como se o ministro fosse algum anormal

    é porque se calhar é preciso para continuar o aeroporto a ser aeroporto e a dar lucro espera-se e pagar o investimento
    Olindo Iglesias said...
    Não admira que o país esteja como está e que os políticos nos continuem a roubar. Com povo parvo como o que temos (a ver pelos dois comentários anteriores) nada é de estranhar.

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