Não consigo ter tantas certezas sobre a questão, mas vindo de quem vem...
sábado, novembro 05, 2005
«O aborto é uma escolha da mulher. Se ela não desejar ser mãe, o filho não deverá nascer. É uma forma de proteger a criança»
Berry Brezelton, professor da Escola de Medicina de Harvard e autor dos mais respeitados livros sobre pediatria
Eu sei que só daqui a um ano esta discussão vai aquecer, mas nunca é demais reflectir sobre o aborto. Sou pró-escolha e acho que este problema devia estar revolvido há muito tempo. Nenhuma dúvida sobre a a questão da descriminalização: é absurdo, na sociedade em que vivemos, defender que mulheres sejam presas pela prática de um acto que, obviamente, não praticaram com gosto.
Mesmo assim, não consigo ter uma posição tão dicotómica como a que Brazelton apresenta. É verdade que uma mulher que entenda não poder ser mãe não o deverá ser, mas o facto é que, a partir do momento em que há um ser humano em gestação, esta não é uma questão que diga exclusivamente respeito à mãe.
É curioso e, ao mesmo tempo, problemático: à medida que a tecnologia avança, assumir uma posição ética sobre o aborto é ainda mais complicado: veja-se o fanástico projecto da «National Geographic», que mostrou imagens detalhadas, semana a semana, dos períodos de gestação. Quem viu, percebe o que estou a dizer: mesmo um feto com 12 semanas, ou até menos, já tem um esboço muito nítido do ser humano que irá ser.
Desculpem-me os defensores do «sim», nos quais me incluo, mas não consigo defender esta causa com unhas e dentes.
Publicado por André 00:03:00
O mais incrível é ver homens que não imaginam o que é uma gravidez ou o que é ser mãe falarem de alto como se soubessem do que falam.
Efectivamente, o Brazelton sabe muito bem do que fala, é O especialista da pediatria e daquilo a que chama "relação precoce", cuja leitura recomendo vivamente às alminhas que por aqui deixam comentários ("A relação mais precoce", T. Berry Brazelton, Bertrand G. Cramer - Terramar)
Perceberão porventura que a própria gravidez indesejada é susceptível de produzir efeitos muito nefastos.
É caso para recomendar aos dois últimos comentadores que perguntem às suas digníssimas mães até que ponto terão sido desejados...
S.