A morte (voluntária) que não indignou os media

A poucos quilómetros de Clichy-sous-Bois, e quase à mesma hora em que dois adolescentes desta cidade morriam electrocutados numa central sob alta tensão, pensando fugir a um controlo de polícia, Jean-Claude Irvoas assinou o seu decreto de morte. Este francês de uns 50 anos passava pela cidade de subúrbios de Epinay-sur-Seine. Ia com a mulher e a filha no carro, e nem sequer estava a trabalhar. Mas, na Rue de Marseille, reparou num candeeiro público, que tinha sido instalado pela empresa onde trabalhava. Toda cidade deve ser equipada com o mesmo modelo de lampadário, mas naquele momento Jean-Claude Irvoas queria tirar uma fotografia desta primeira instalação, para o seu trabalho. Assim que saiu do carro com a máquina fotográfica na mão, dois homens novos atacaram-no. Irvoas deu um safanão num deles, e colou-o ao chão. Um terceiro jovem surge então. Os três vão espancar até à morte este pai de família, em frente da mulher e da filha dele, aterrorizadas. No café mesmo em frente ao local da agressão, havia uns trinta homens. Ao lado, uma mercearia estava apinhada de mulheres a fazerem compras. Mas ninguém interveio. Ninguém "viu nada". Só a gravação vídeo do crime por uma câmara de segurança de um banco permitiu reconstituir com exactidão o que aconteceu. Os jornalistas que se deslocaram a Epinay-sur-Seine foram ameaçados e "expulsos" pelo mesmo bando que aterroriza os habitantes e que não admite intrusões no seu território.

Público

Publicado por Nino 07:35:00  

3 Comments:

  1. lino said...
    Entretanto, o dicionário europeu politicamente correcto actualiza-se, mas está a precisar de termos novos. "Jovem" ou "pobre" já podia significar "negro", mas agora também quer dizer "muçulmano".
    Joao said...
    Canalhas... infelizmente são escumalha, e essa não tem credo, raça ou cor.
    av said...
    É excelente o artigo! Um artigo excelente para continuar guerra de bandos ou lá sei o que. Agora a seguir um do outro lado vai contar uma historia de como foi maltratado por nao sei quem.

    E é assim que surgem as belas ideias.

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