justiça : agora, também, um problema de literacia

Juízes garantem que partes do acórdão citadas na imprensa não são da sua autoria, mas «foram retiradas da parte em que no acórdão se descreve, por transcrição, a resposta de um dos arguidos ao recurso interposto».

Os juízes que confirmaram quarta-feira a não ida a julgamento de Paulo Pedroso, Herman José e Francisco Alves no âmbito do processo Casa Pia esclareceram hoje que partes do acórdão citadas na imprensa não são da sua autoria. Numa nota enviada à Agencia Lusa, o juiz Mário Belo Morgado, da Relação de Lisboa, indica que afirmações atribuídas àquele tribunal "foram retiradas da parte em que no acórdão se descreve, por transcrição, a resposta de um dos arguidos ao recurso interposto pelo Ministério Público".

Os outros juízes responsáveis pelo mesmo acórdão, António Rodrigues Simão e Carlos Sousa, subscreveram a posição de Mário Morgado, admitindo, no entanto, que a confusão "ficou a dever-se apenas e tão só a uma má e apressada interpretação do teor do acórdão do tribunal", um documento com 163 páginas. (...) O "incidente" diz respeito à divulgação do referido acórdão, quarta-feira à tarde, quando foi conhecido que, após cerca de um ano e meio, o Tribunal da Relação de Lisboa indeferiu um recurso do MP contra a não pronuncia de Paulo Pedroso, Herman José e Francisco Alves no âmbito do processo de pedofilia na Casa Pia. Numa notícia difundida às 19:15 de quarta-feira, e anulada 45 minutos depois, a agência Lusa também confundiu a fundamentação do defensor de Paulo Pedroso, transcrita no acórdão, com a do colectivo de juízes da Relação. (...)

Portugal Diário


Publicado por Manuel 14:55:00  

2 Comments:

  1. Gomez said...
    Os comentadores que se apressaram a condenar, taxativamente, por "erro grosseiro" e até "dolo"(?!), com base na dita transcrição, irão fazer acto de contrição? O entusiasmo militante é mau conselheiro...
    Teófilo M. said...
    Caro manuel,

    dupla e insanável dúvida e não se encontram indícios suficientes, são palavras demasiadamente fortes para serem usadas levianamente por três desembargadores que foram "escolhidos" , quer pelo MP, quer pelos advogados das vítimas.

    Que esta decisão irá afectar o processo, não tenho dúvidas, mas de quem serão as culpas de tudo isto?

    Será que os diversos responsáveis da Casa Pia são figuras inocentes em todo este assunto e podem continuar impunemente a aparecer nas notícias como protectores dos 'seus' meninos?

    O JIC terá feito o seu trabalho cuidada e competentemente como seria mister fazê-lo, ou a sua escolha foi premeditada de modo a que a sua impreparação premeditasse este fim?

    Os investigadores agiram ponderada e eficazmente ou limitaram-se a atamancar um caso que merecia melhor tratamento em defesa das vítimas?

    São demasiadas questões, mas há ainda muitas mais a resolver.

    Entratanto os verdadeiros culpados devem rir-se alarvemente assistindo a todo este circo que tresanda por todos os lados.

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