Comecemos pela linguagem gestual

Perdi na infância um colega de turma que disparou acidentalmente contra si próprio a arma do pai que empunhava numa insane brincadeira. Em mesquinhas quezílias rodoviárias, há quem prefira desembainhar uma caçadeira no lugar de preencher a declaração amigável de acidente ou contactar a polícia. Nada mais antinómico que na era de primado da palavra e da internet, derribando amiúde a intimidade e a noção de razoabilidade, seja aceirada a auto-determinação de dispor da vida de outrém, emparelhando na mesma prateleira quotidiana relacional o teclado do computador e o gatilho. Talvez após o resplandecimento da comunicação virtual, seja o momento de reaprender a conviver com o nosso próximo real. Que caminho árduo nos aguarda.

Publicado por Nino 21:40:00  

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