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'The culture war over Katrina'
sábado, setembro 03, 2005
Right-wingers point to blacks looting and see a Hobbesian war of all against all. Liberals see a failure of civilization to help the poorest among us.
To make the case for a strong sovereign, Thomas Hobbes (1588-1679), whom many consider Britain's greatest political philosopher, asked his readers to imagine what would happen in a state of nature. Without authority, he wrote, there would be a perpetual war of all against all, and the conditions of life would be "nasty, brutish, and short." We no longer have to imagine a state of nature; in the wake of Katrina's devastation, we see one raging full force in our own country. Remove authority, and what you get is what you see: Although there exists a remarkable amount of heroic self-sacrifice and care-giving beyond dedication in New Orleans, humanity's most altruistic instincts are overwhelmed by images of looting, rape, vigilantism, starvation and death.
Responses to Katrina, like responses to Hobbes, can be divided into two broad camps. There are those who say that a state of nature reveals humanity as it really is; we are little more than animals, depraved creatures burdened by sin and self-interest and desperately in need of the firm guidance that only a deity or armed force can provide. For others, by contrast, the state of nature is a reminder of where we would be if we had not invented civilization; we are not animals driven by nature but builders of societies capable of keeping nature at bay. Reminded by anarchy of what a precious achievement civilization is, we transform examples of humans acting at their worst to do everything in power to help them act their best. [continua aqui]
Ainda a propósito do Katrina, Vital Moreira, herói da República e ex futuro candidato presidencial, assinou uma prosa perversa e relativista, cheia de ressentimentos. Diz ele...
Sectarismo
Há pessoas que passaram estas semanas a catar todas as oportunidades, ou mesmo sem elas, para condenar as falhas (as reais e as imaginárias) da luta contra os fogos florestais em Portugal, mas quando alguém, ecoando aliás os media norte-americanos, critica entre nós as monumentais falhas da entidades responsáveis em relação ao furação Katrina, logo surge a inevitável acusação de "antiamericanismo"! Haja paciência para tanta duplicidade...
À boleia do Katrina Vital contextualiza - relativizando as críticas - o escândalo - anual - dos incêndios, determinístico, face às 'monumentais falhas da entidades responsáveis em relação ao furação Katrina' nos EUA! É que se tal catástrofe era espectável num futuro indeterminado o facto é que ainda não tinha acontecido nunca, o que não se pode dizer dos incêndios, recorrentes, ano sim, ano sim.
[ sobre os incêndios Vital esquece-se que a incompetência na casa do vizinho não é desculpa, nem pode ser, para o nosso próprio desleixo e incúria, não vou sequer entrar no capítulo da mercearia onde se poderia, até, demonstrar com números que - a prazo - os danos na nossa economia provocados pela catástrofe dos incêndios são percentualmente maiores que o abanão que a economia dos EUA está sofrer...]
Das muitas lições, e há muitas a retirar, que desde já se podem obter da tragédia que se abateu sobre os EUA há uma que convem reter - não dá para confiar na sorte, e há que estar sempre preparado para o pior, algo muito útil para um país - o nosso - que faz do nacional porreirismo ideologia do regime e onde caem pontes sem necessidade de furacões tropicais. O que está em causa não é a crítica, a perplexidade, às tais falhas, é estas serem usadas como pretexto - hábil - para criticar uma alegada superiodade moral americana, e desculpar as nossas próprias falhas. Ora, nenhuma daquelas falhas, e a lógica que as catalizou, é um exclusivo americano, sendo que onde alguns - rápidos - veêm negros a sofrer, eu vejo cidadãos americanos, sendo que os que agora mais depressa notam a cor de alguns dos mais pobres (ecoando aliás uma cassete da extrema direita americana...) são os mesmos que de cada vez - cá - que há arrastões, ou disrupções similares, omitem e branqueiam a cor dos participantes. Nem na América, nem em lado nenhum, há, ainda, uma sociedade sem pobres, sem excluídos, pelo que a pergunta que todos deveriamos fazer, antes de atirar com pedras (e algumas são mais que justas, note-se) é...
e se fosse cá ? se (por absurdo) 1755, o terramoto, se repetisse, estavamos preparados ? seria diferente ?
É óbvio que é mais confortável andar a discutir apenas a cor dos mais pobres, como se os pobres, enquanto pobres não sejam todos iguais, independentemente da côr, raça, sexo ou credo. Na América há vidas que valem mais que outras, sendo a côr certamente um dos parametros, mas cá, também não é assim ? Com a cor, o apelido, a zona onde se teve a sorte de nascer, e por aí fora ? É óbvio que o modelo americano, e ocidental, de desenvolvimento tem falhas, como todos, infelizmente, mas ninguém as tem discutido seriamente, há apenas apontares de dedo, neste quintal à beira mar plantado, e basta ler o texto que se citou ao início para se perceber da distância que vai entre o nível do debate lá e cá...
Publicado por Manuel 04:23:00
10 Comments:
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Graças a deus que quando alguma coisa corre mal na obstinação
(a ignorância é sempre arrogante)
lá estarão o paizinho Bush e o padrasto Clinton, para mandar chamar a correr.
Please,
help me.
O Katrina teve uma espantosa virtude: pôs a nu a América pobre e muito pobre,
a que não anda de gravatas vermelhas e fatos azuis escuros,
não especula na Bolsa,
não habita East Upper Side,
e que,
curiosamente,
se assemelha muito a todas aquelas partes e povos do Mundo que a Administração Ultra-Reaccionária Americana trata abaixo de cão.
Esse cavalheiro,
tão crente,
e que termina os seus discursos com o farisaico "God bless America",
deveria estar agora radiante:
Dieu,
finalement,
a blessé l'Amérique.
O Katrina é uma tragédia humanitária - estas imagens falam por si.
Anyway, who give´s a fuck about Vital´s opinion?
É de dimensão avassaladora e um artigo hoje no Público,assinado por uma testemunha ocular, um reporter do Los Angeles Times, chamado Scott Gold, é de um pungência de ficar sem palavras.
Um excerto:
"A água é o inimigo. Jorra dos esgotos, é atirada contra montras partidas e portas quando passam os camiões de ajuda. Esconde cobras, ratazanas mortas, e nas áreas onde as inundações foram piores, números ignorados de cadáveres humanos inchados."
Perante este cenário, o mundo continua a girar, mas o sofrimento nesse lado do mundo, podendo ser mesmo aqui, faz-nos sentir
solidários.
Estas desgraças alheias, dão visibilidade a outras obscenidades, sempre que os comentadores querem aproveitar o lado que potencia a luta política mais comezinha.
O esforço de Vital nesse sentido, é sinal disso. Não aprende muito e nada esquece, muito menos a luta de classes e por isso, sempre que pode, foge o pé para a chinela da ideologia caduca.