Nada de novo

Às "pinguinhas", a terceira candidatura de M. Soares vai revelando "apoios". E, em cada "apoio" divulgado, pressente-se a natureza "oficiosa" da dita. Como último avatar do "regime" - no sentido de o "deixar estar como está", evitando quaisquer rupturas saudáveis para o "desinfantilizar" e "desenvolver" - a "terceira via" soarista conta naturalmente com os seus mais lídimos representantes. Não podiam, por isso, faltar à chamada o arquitecto Siza Vieira e o Nobel Saramago. Vieira, cujas qualidades profissionais não vêm ao caso, é uma espécie de Duarte Pacheco do "regime" e a maior "vaca sagrada" da arquitectura "institucional" portuguesa. A estética "oficial" dos últimos anos, "transpira" Siza por todos os poros e o "lobby" Siza manda muito no círculo de pequenas vaidades e invejas que constitui o panorama geral da arquitectura lusíada . Ou seja, Sisa é muito mais "político" do que arquitecto, ou melhor, usa, com inteligência e manha, a arquitectura como elemento "político". Seria sempre de "presença obrigatória". Com Saramago não vale a pena perder muito tempo. Apesar do execrável feitio e da insuportável soberba, o país, em 1998, comoveu-se intensamente com a frivolidade do Prémio Nobel. E o homem convenceu-se, para a eternidade, que contava. Bajulá-lo, tornou-se numa parolice trivial e ele deixar-se bajular, numa agradável massagem ao ego. Nenhuma destas duas luminárias acrescenta nada ao que já se conhece da aventura de M. Soares. São, como o próprio M. Soares, apenas previsíveis. Ficam eventualmente bem sentados ao pé do "boneco articulado" do "regime", o andrógino José Castelo Branco. Nada de novo, portanto.

Publicado por João Gonçalves 12:38:00  

9 Comments:

  1. josé said...
    Siza, antes do Chiado arder, vivia quase no anonimato das pequenas obras.

    Depois, tendo sido um Abecassis quem lhe deu a mão, para afastar críticas da esquerda bem pensante, foi por aí fora até à...pala!

    Percebo pouco de arquitectura para fazer grandes comentários, mas percebo o que os meus olhos e vista alcança.
    Siza, por esse prisma que é o meu, é apenas mais um arquitecto. Um bom arquitecto, sem mais.

    Dantes, os arquitectos, eram de Belas-Artes. Não eram técnicos, eram artistas.
    Agora, parece que são semi-deuses.
    Bolas, para esta parolice.
    josé said...
    Diga-se em abono da verdade que julgo ser consensual e não só a minha, que Siza, pré-Chiado, era mais conhecido no estrangeiro do que aqui. E premiado, claro.
    Nuno said...
    "...e o "lobby" Siza manda muito no círculo de pequenas vaidades e invejas que constitui o panorama geral da arquitectura lusíada" -absolutamente certeiro.
    Agora, quanto ao tema da "política", diga-se que um arquitecto tem que ser, sem grande hipótese de escolha hoje em dia, acima de tudo um político (E talvez tenha sido sempre assim).
    Porque, para realizar-se qualquer obra de arquitectura, não bastam, como noutras áreas criativas, apenas os meios específicos da disciplina.
    Por exemplo, para escrever um livro não é absolutamente necessário lidar com um editor (embora possa ajudar...).
    Já uma obra de arquitectura não se faz sem promotor ou cliente, sem engenheiros, sem constructores, sem lidar com as instituições públicas responsáveis, etc. Aliás, parte do respectivo interesse vem da conjugação de tantos factores, díspares, contraditórios, etc (às vezes mesmo absurdos).
    Por isso, não chegam, por si, nem o talento artístico, nem a competência técnica.
    Nuno said...
    Quanto aos "semi-deuses"...bem, uns talvez o possam ser, outros...não (a maioria, para ser exacto).
    Mas isso é apenas mais um tímido reflexo do funcionamento da nossa sociedade, mais aristocrática que muitas monarquias constitucionais.
    E sim, Siza era mais conhecido e respeitado no estrangeiro antes do Chiado (ainda hoje é considerado um dos arquitectos mais importantes), mas não vivia de pequenas obras, já tinha realizado projectos bem grandes.
    Anónimo said...
    Ui, estamos muito azedos hoje, não?
    Anónimo said...
    Os candidatos são todos péssimos, e só têm mesmo um mérito: são candidatos.


    Imagino que muitos dos comentadores se achem com méritos maiores, e será por isso uma pena que não se candidatem. A cada um deles ofereço a minha assinatura.

    Claro que como ainda não vi da parte do autor do post um apelo à abstenção, se adivinha que espere por um outro qualquer candidato.

    Que deve estar quase a chegar. Ou não. E se... ??

    Também não suporto a arrogância dos Sizas e Saramagos, apenas acho que têm o mérito de ser conhecidos por terem feito qualquer coisa, o que é mais do que se pode dizer destes comentadores.
    Talvez fosse boa ideia discutir ideias e não pessoas, não?
    Anónimo said...
    Ora vamos discutir ideias.

    Quando Maria de Lurdes Pintasilgo foi primeira ministra de um governo da iniciativa da Ramalho Eanes, antes de sair do seu posto resolveu aumentar as pensões sociais de certas camadas de pensionistas. Foi um aumento considerável.

    Sá Carneiro, na altura a preparar a AD, criticou fortemente esse aumento. A AD ganhou a seguir as eleições e foi para o governo, com Cavaco Silva em ministro das Finanças. Não tardou muito e fez novo aumento dessas pensões, o que fez com que num só ano essas pensões tivessem aumentado cerca de 45%. Começou aqui o descalabro despesista do Estado.

    Mas, como o preço do petróleo entretanto tinha subido muito, de 12$/barril, para perto de 40$/barril, e como Sá Carneiro faleceu no acidente de Camarate, e era depois Pinto Balsemão o primeiro ministro, Cavaco Silva, prevendo mau tempo no canal para a economia mundial e portuguesa abandonou o barco da AD e recusou ser ministro do governo de Balsemão. Este ficou amuado e com o tempo se veria que nunca lhe perdoou este abandono do barco em pleno naufrágio.

    A AD, esfrangalhada por lutas intestinas e pela crise económica que levou o país à beira da bancarrota, acaba por perder as eleições em 1983 e dá lugar a um governo de salvação nacional presidido por Mário Soares, com Mota Pinto em vice-primeio ministro. Foi o governo do bloco central.

    Mário Soares teve de recorrer ao FMI para resolver a situação, com a ajuda do seu ministro das Finanças, Hernani Lopes. Em 1985 as contas públicas estavam recuperadas e o caso deu brado nos meios financeiros internacionais. Portugal passou a ser um exemplo de bom aluno do FMI.

    Mas esta recuperação das finanças públicas custou popularidade a Mário Soares e ao PS, que na altura fez outra grande reforma, a do arrendamento, matéria tabú para os governos anteriores. E o PSD, com Cavaco Silva, sobe ao poder.

    Iniciava-se na altura a recuperação da economia mundial depois do choque do petróleo de 1980/81, com a descida forte do preço do petróleo. Cavaco Silva, bem infomado sobre os ciclos económicos, viu que teria um período de vacas gordas para fazer figuraço, até porque Portugal se preparava para entrar na CEE e iria receber chorudos fundos comunitários.

    Cavaco Silva passou então a governar com três Orçamentos, o geral do Estado, o dos fundos comunitários e o das privatizações da banca, seguros, etc.

    Foi um fartar vilanagem, dinheiro a rodos para distribuir pela clientela, incluindo centenas de milhares de funcionários públicos. O despesismo estatal no seu melhor! Fez obras, sim senhor, incluindo o CCB, que era para custar 6 milhões de contos e custou 40 milhões, segundo se disse na época. O rigor cavaquista no seu melhor!

    Anos depois vem a guerra do Golfo, com implicações económicas fortes a nível internacional, e Cavaco Silva, prevendo período de vacas magras e já com ele em andamento, resolveu abandonar o barco e parar de governar e entregou o testemunho ao seu ex-ministro Nogueira. Este perdeu as eleições para Guterres e em 1996 iniciava-se a recuperação da economia mundial. Foi um bom período para Guterres, que continuou o despesismo de Cavaco Silva, já que este último tinha deixado o campo minado por sistemas automáticos de aumento da despesa pública, o MONSTRO cavaquista de que viria a falar Miguel Cadilhe, além de milhares de contratados a recibos verdes no aparelho do Estado, que Guterres teve de integrar nos quadros do Estado para não ter de mandar para a rua gente que há anos não fazia outra coisa senão trabalhar para e dentro do aparelho de Estado.

    Foi este o percurso do despesista Cavaco Silva, o que como ministro das finanças da AD aumentou num ano, pela segunda vez, milhares de pensionistas, e o que, como primeiro ministro, aumentou a despesa pública de tal ordem que os défices públicos da sua governação, se limpos das receitas extraordinárias, subiram tanto (chegou a 9% do PIB) que o actual défice das contas públicas é apenas mais um no oceano despesista inventado por Cavaco Silva nos longínquos tempos da AD e continuado nos tempos em que foi primeiro ministro, depois da recuperação heroica dos tempos de Mário Soares e Hernani Lopes, nos anos 1983-85.

    É neste despesista disfarçado de rigor que devemos votar para PR? Desculpem, se quiserem propor Hernani Lopes para PR, podem contar com o meu voto. Mas como ele não aparece a candidatar-se a PR, vou votar em quem o ajudou a salvar Portugal da bancarrota provocada pela AD de Cavaco Silva. E esse alguém é Mário Soares.

    Estes os factos. E eu voto em factos, não em mitos e miragens. Mário Soares tem um brilhante CV em controlo da despesa pública (governos de 1977/78 e 1983-85). Cavaco Silva tem um brilhante CV no descalabro das contas públicas.

    Qualquer economista, se intelectualmente honesto e conhecer um pouco da nossa História recente, rejeita liminarmente este embuste chamado Cavaco Silva. Se ele for presidente da República, como pode ele pregar moralidade económico-financeira quando ele foi e é ainda o pai do MONSTRO? Monstro que agora Sócrates se esforça por abater com as reformas profundas que está a fazer.

    Para os mais novos aqui fica a radiografia do embuste chamado Cavaco Silva.
    josé said...
    Caro anónimo:

    Não sei se é o estimado nónó ( nome de estima, provindo da contracção da palavra anónimo...)que costuma vir para aqui exercer um contraditório que ninguém encomendou, mas que pela minha parte é bem vindo, se não se limitar a publicar drafts de propaganda como até aqui.

    Seja como for, a sua história do Portugal contemporâneo parou em 1995?!!

    COntinue que até aqui ia bem...
    Fernando Martins said...
    Não liguem ao nonó, porque corremos o risco de o Menino Soares adoptar este pseudónimo/heterónimo nas suas próximas obras intectuais...

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