laços de parentesco

O Bloguítica [Link] lançou o desafio à blogosfera para se encontrarem laços de parentesco na política português, não sei bem o que procura mas imagino que a inspiração vem da candidatura de Mário Soares, o que me lança confusão pois o actual candidato Mário Soares não me parece nada filho do antigo presidente Mário Soares, aliás, a acreditar nas más-linguas será mais propriamente um pai ou mesmo um avô, o que acaba por contradizer o conceito de monarquia, a não ser que se considere que o país está tão de pernas para o ar que a sucessão seja feita no de filhos para pais.

Mas voltando ao parentesco acho ingenuidade procurar laços de parentesco na política, e referi-los leva a conclusões maldosas; e se procurássemos laços de parentesco nos advogados, nos médicos, nos economistas, nos serralheiros, nos sapateiros ou nos jornalistas? O que não falta em Portugal são parentes não genéticos; por exemplo, Jorge Coelho e Dias Loureiro são parentes por parte dos SIS, mas há também parentes por parte da Opus Dei, por parte da maçonaria, enfim, por parte de tudo e mais alguma coisa, e não vale a pena perderem tempo a compararem apelido. Os já referidos Jorge Coelho e Dias Loureiro são dos portugueses com mais parentes, muito mais do que o José Sócrates, que até agora só deu para perceber que deverá ser parente de Vara, pela parte de Guterres, e de Fernando Gomes devido a uma adopção mais recente. Mas voltando aos dois guardadores dos segredos da Nação, alguém consegue imaginar quantos parentes terão por essas autarquias fora, mesmo descontando alguns que devido a arrufos de circunstância andam desavindos? Não há autarca deste país que não seja parente do Jorge ou do Loureiro, e se imaginarem quantos parentes desses (porque nisto dos parentescos da política à portuguesa, o parente do meu parente, meu parente é) depressa vão concluir que não há aldeia neste país onde eles não encontrem facilmente um parente. Juntem políticos, beatos da Opus Dei, maçons e façam as contas a quantos laços de parentesco formam a árvore genealógica do nacional-oportunismo. Procurar por apelido limitando a busca a políticos não passa de um exercício muito limitado e por isso mesmo pode ser considerado oportunista, pois pode-se pensar com alguma legitimidade que se pretende apanhar apenas alguns no xalavar, quando todos sabemos que na política o conceito de família ultrapassa em muito os laços de sangue, e pode-se mesmo dizer que ultrapassam as fronteiras dos partidos. As nossas famílias são formas de organização mais sofisticadas e o único paralelo é o da máfia, e mesmo assim podemos concluir que os nossos parentes são bem mais modernos que os capos sicilianos, não precisam de se esconder, falam às claras, pertencem ao jet-set, tempo de antena nas televisões, e até dão a cara por candidatos presidenciais. Ingenuidade? Eu quero crer que sim, e por isso sugiro ao Paulo Gorjão que alargue o conceito de parente e considere os laços de parentesco que não passam pelo apelido. Por exemplo, António Preto, o presidente da distrital do PSD, deveria ser considerado parente de Manuela Ferreira Leite, e por aí adiante. Aliás, a língua portuguesa aceita o conceito de compadre muito para alem dos laços criados pelo baptismo, e o que não faltam por aí são compadres por via de baptizos feitos na pia baptismal do orçamento do Estado.

in Jumento

Publicado por Manuel 14:42:00  

5 Comments:

  1. josé said...
    Ora temos aqui um d. quijote, em grande forma! Assina com o nome do jerico que o carrega, mas é um senhor da alta cavalaria do país que ainda se honra.

    Bem haja, caro caval(h)eiro.
    Anónimo said...
    Pois é, pois é. Muita gente ficaria com medo do que se pudesse descobrir, de que afinal o nosso país é governado por meia dúzia de famílias, não muito diferente do tempo da outra senhora.
    Anónimo said...
    Sou da opinião, que seja feito o
    organigrama das escepções, que levam a haver familias inteiras
    espalhadas dentro de uma empresa
    publica ou num ministerio!
    Quem è competente não tem nada a recear...............
    Anónimo said...
    A inteligência é hereditária...
    Teófilo M. said...
    Uma zurradela interessante que peca por apenas querer que o método pidesco se alastre tipo bactéria em placa de Petri.

    Alguns já chegam ao ponto de achar que quem é funcionário público, não poderá ter parentela na função pública ou no governo, eh, eh, eh...

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