laços de parentesco
segunda-feira, setembro 12, 2005
O Bloguítica [Link] lançou o desafio à blogosfera para se encontrarem laços de parentesco na política português, não sei bem o que procura mas imagino que a inspiração vem da candidatura de Mário Soares, o que me lança confusão pois o actual candidato Mário Soares não me parece nada filho do antigo presidente Mário Soares, aliás, a acreditar nas más-linguas será mais propriamente um pai ou mesmo um avô, o que acaba por contradizer o conceito de monarquia, a não ser que se considere que o país está tão de pernas para o ar que a sucessão seja feita no de filhos para pais.
Mas voltando ao parentesco acho ingenuidade procurar laços de parentesco na política, e referi-los leva a conclusões maldosas; e se procurássemos laços de parentesco nos advogados, nos médicos, nos economistas, nos serralheiros, nos sapateiros ou nos jornalistas? O que não falta em Portugal são parentes não genéticos; por exemplo, Jorge Coelho e Dias Loureiro são parentes por parte dos SIS, mas há também parentes por parte da Opus Dei, por parte da maçonaria, enfim, por parte de tudo e mais alguma coisa, e não vale a pena perderem tempo a compararem apelido. Os já referidos Jorge Coelho e Dias Loureiro são dos portugueses com mais parentes, muito mais do que o José Sócrates, que até agora só deu para perceber que deverá ser parente de Vara, pela parte de Guterres, e de Fernando Gomes devido a uma adopção mais recente. Mas voltando aos dois guardadores dos segredos da Nação, alguém consegue imaginar quantos parentes terão por essas autarquias fora, mesmo descontando alguns que devido a arrufos de circunstância andam desavindos? Não há autarca deste país que não seja parente do Jorge ou do Loureiro, e se imaginarem quantos parentes desses (porque nisto dos parentescos da política à portuguesa, o parente do meu parente, meu parente é) depressa vão concluir que não há aldeia neste país onde eles não encontrem facilmente um parente. Juntem políticos, beatos da Opus Dei, maçons e façam as contas a quantos laços de parentesco formam a árvore genealógica do nacional-oportunismo. Procurar por apelido limitando a busca a políticos não passa de um exercício muito limitado e por isso mesmo pode ser considerado oportunista, pois pode-se pensar com alguma legitimidade que se pretende apanhar apenas alguns no xalavar, quando todos sabemos que na política o conceito de família ultrapassa em muito os laços de sangue, e pode-se mesmo dizer que ultrapassam as fronteiras dos partidos. As nossas famílias são formas de organização mais sofisticadas e o único paralelo é o da máfia, e mesmo assim podemos concluir que os nossos parentes são bem mais modernos que os capos sicilianos, não precisam de se esconder, falam às claras, pertencem ao jet-set, tempo de antena nas televisões, e até dão a cara por candidatos presidenciais. Ingenuidade? Eu quero crer que sim, e por isso sugiro ao Paulo Gorjão que alargue o conceito de parente e considere os laços de parentesco que não passam pelo apelido. Por exemplo, António Preto, o presidente da distrital do PSD, deveria ser considerado parente de Manuela Ferreira Leite, e por aí adiante. Aliás, a língua portuguesa aceita o conceito de compadre muito para alem dos laços criados pelo baptismo, e o que não faltam por aí são compadres por via de baptizos feitos na pia baptismal do orçamento do Estado.
in Jumento
Publicado por Manuel 14:42:00
5 Comments:
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Bem haja, caro caval(h)eiro.
organigrama das escepções, que levam a haver familias inteiras
espalhadas dentro de uma empresa
publica ou num ministerio!
Quem è competente não tem nada a recear...............
Alguns já chegam ao ponto de achar que quem é funcionário público, não poderá ter parentela na função pública ou no governo, eh, eh, eh...