um narciso chamado... Cunha Rodrigues

Na vida, as pessoas que se safam são como os gatos: fazem e tapam logo.

máxima atribuída por Pedro Santana Lopes, em entrevista ao Expresso este fim de semana, a... Mário Soares.

Pedro Santana Lopes não está totalmente certo
, como o não estará Mário Soares. A regra para se fazer - seja o que for - não é tapar logo, a regra para se sobreviver é não hesitar, não olhar, não reparar e, sobretudo não fazer perguntas. Não são precisas nem necessárias cabalas elaboradas para perceber e interpretar profundamente as regras do jogo político em Portugal nas últimas décadas, basta, simplesmente, conviver com a nossa "aristocracia" e observar. Em Portugal, tudo é natural, tudo é expectável, vive-se da reputação, do prestígio, se fulano, ou fulana, chegou aonde chegou, tem que ter mérito, e tudo o resto serão bocas mesquinhas, vive-se, sobretudo, da, e na, aparência, da, e na, aparência de legalidade, de riqueza, de sobriedade. Vive-se também, e obviamente, dos conhecimentos, toda a gente sabe algo de toda a gente. Em Portugal os negócios nunca são formais, antes informais, e quem fala de negócios fala de princípios. A norma viver com o sistema, e em função dele. Não é preciso um especialista em teorias da conspiração (com mais buracos que um bom queijo suiço, aliás, e para quem o caso pio, além de importado, nunca terá existido... ) vir dizer que a Democracia acabou. Não acabou mas está doente. Está doente porque as perguntas que não se podem fazer, as respostas que não se podem dar, os poderes fácticos que não se podem enumerar, levam muitas vezes a decisões - nomeadamente por omissão - complicadas. Não que sejam precisam elaborações complicadas,porque normalmente a lógica é sempre muito simples e pragmática. E se, mesmo assim, se quiser falar de coisas complicadas, sem cabalas nem devaneios, então falemos, a sério, e por exemplo, de um narciso chamado... Cunha Rodrigues.

Publicado por Manuel 18:04:00  

1 Comment:

  1. josé said...
    Cunha Rodrigues?!!!

    Pois em Janeiro de 2004, coloquei aqui um postal com o seguinte teor:

    "Cunha Rodrigues está de novo na berlinda!

    As afirmações que lhe são imputadas pela directora d' O Independente são estarrecedoras, se forem verdadeiras!

    Aqui na loja já se delineou em tempos, uma radiografia de declarações que o mesmo foi prestando ao longo do seu consulado na PGR, sob uma perspectiva eminentemente política, no sentido mais amplo da expressão.

    Consultado o Tribunal de Justiça das Comunidades, para onde foi indicado pelo governo socialista, pode ler-se o seu perfil ...


    “Nascido em 1940; diferentes funções judiciais (1964-1977); encarregado do Governo em diversas missões com vista à realização e coordenação de estudos sobre a reforma do sistema judicial; agente governamental junto da Comissão Europeia dos Direitos do Homem e do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (1980-1984); perito junto do Comité dos Direitos do Homem do Conselho da Europa (1980-1985); membro da comissão de revisão do Código Penal e do Código do Processo Penal; Procurador-Geral da República (1984-2000); membro do Comité de Fiscalização do Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF) (1999-2000); juiz do Tribunal de Justiça a partir 7 de Outubro de 2000.”

    Hoje, a directora d' O Independente põe na boca de Cunha Rodrigues, quanto ao processo da Casa Pia, que ele considera que ...

    “este processo é muito perigoso”.

    “Porque a democracia ainda é frágil e porque como uma tempestade, as suas suspeições varrem a confiança dos cidadãos nas instituições do Estado inclusivé nos tribunais.”

    Cunha Rodrigues estará preocupado com o rumo do processo e entende que ...

    “há casos em que é melhor não fazer justiça do que fazer mal justiça”


    Segundo a directora do Independente, Cunha Rodrigues ainda terá dito que ...

    “O Ministério Público estará a causar mais danos ao Estado num ano do que toda a morosidade da justiça causou em 30 anos.”

    Percebendo o percurso de Cunha Rodrigues, reapreciando as declarações que ao longo dos anos foi deixando nos jornais, algumas já copiadas nesta loja, é fácil de perceber que Cunha Rodrigues não poderia ter dito estas enormidades que a directora d 'O Independente lhe imputa!

    Ou disse mesmo?!

    Quanto ao perigo e aos cuidados a ter com a democracia, nota-se que as declarações parecem verosímeis, porque Cunha Rodrigues também aparece, desde sempre, alinhado na velha escola de que fazem parte Mário Soares e Almeida Santos, a democracia, sendo jovem, precisa de tutores e eles julgam-se sempre aptos para o papel.

    Foi por isso que como chefe da corporação dos deputados, Almeida Santos, no caso das viagens-fantasma, das festas na sala do Senado e passando pelo regime "part-time" de muitos deputados, preferiu sempre a contemporização à moralização. Mário Soares, por seu lado, também não é muito de espaventar escândalos, a não ser que apanhem, por exemplo, um Duarte Lima.

    Quanto aos danos que o MP tem provocado ao Estado, neste último ano, esclarecimentos precisam-se, com urgência!

    E já agora, se Cunha Rodrigues se dignar falar, que diga também o que pensa do PS que se manifestou em S. Bento ao acolher o presumível inocente, e que diga o que pensa do papel desempenhado pelos advogados do processo, que aproveitam gulosamente todas as regalias de defesa que ajudou a construir no processo penal.

    Por outro lado, a leitura do Estatuto do Tribunal de Justiça das Comunidades não impede, no modesto ver de copista, que o próprio Cunha Rodrigues se pronuncie sobre estas matérias e sobre outras...

    Não colhe aquele exercício de fuga ao comentário, sob a capa do Estatuto. A qualidade de juiz das comunidades parece restringir-se aos processos comunitários.

    As opiniões de Cunha Rodrigues enquanto tal, correm por isso e segundo um copista, por conta e risco do próprio, que neste caso não quis arriscar.



    Porém, o problema agora, é outro, o que fica mesmo em causa é que não querendo dizer coisas com conteúdo, acabou por ver alguém fazer de porta-voz.

    Malgré lui.

    O povo leitor de blogs e de jornais, tem o direito de saber se as declarações são genuínas, se provém da fonte ou se são apócrifas.

    Cunha Rodrigues, desta vez, não deveria refugiar-se no Estatuto...

    ... porque a gravidade das imputações exige a sua voz e porque haverá pelo menos mil magistrados do MP que esperam explicações...

    ... Urgentes!"


    Resta acrescentar que nunca li, vi ou ouvi qualquer desmentido a estas notícias do Independente...mas posso estar bem enganado e por isso, ressalvo desde já qualquer eventualidade.
    Se não estiver, então continua por esclarecer se Cunha Rodrigues pensa mesmo assim e nesse caso o debate afigura-se interessantíssimo!

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