o sol e o umbigo, reality check

José Pacheco Pereira a pretexto de um texto de Paulo Gorjão disserta sobre blogs. Discute-se influência e audiência (reais e imaginárias), discutem-se métricas, objectivas ou não, discute-se em suma, tão somente o poder. O pretexto próximo foi um artigo menos feliz publicado na revista do Expresso esta semana e que tinha subjacente o fim do reinado absoluto do Abrupto de Pacheco. Antes de mais, tenho de notar, e por ser parte interessada - esta Venerável Loja aparece no gráfico inserto no Expresso representada de forma basatnte 'simpática' - que duvido muito da fidelidade dos números tomados como referência (do sitemeter) e que pura e simplesmente não batem certo com outros de que dispomos como os derivados dos banners do Google. Dito isto, é pateta, e aí concordo com o JPP, reduzir o fenómeno e a questão da influência, dos blogs a uma mera questão de audiências. A revista Maria, a Nova Gente, o 24 Horas, até o CM, etcetera e tal, vendem que se fartam e não é por isso que eu, e muito boa gente, leva a sério esse tipo de publicações. Também, é bom registar, não é apenas, embora seja uma métrica mais fiável, uma questão de ser apenas mais ou menos linkado/citado no technorati, já que links e links, há links para posts, e links 'institucionais' que linkam para os blogs mais conhecidos, na moda, por ligar (vejam-se os rankings obtidos pelo defunto Meu Pipi e pelo gato fedorento) . Tenho para mim que a maioria das pessoas que escreve em blogs não escreve em função (da obtenção) de uma determinada audiência, fá-lo tão somente porque lhe dá gozo, em primeiro lugar, porque lhe apetece, e porque sentirá um qualquer impulso (cívico também) de partilhar com terceiros pontos de vista, sentimentos, emoções e opiniões. Assim, mais do que fidelizar audiências, públicos, os blogs conectam pessoas, causas, sentimentos concretos, criando à sua volta comunidades (rings) virtuais. A questão não está pois tanto na influência directa que A, B ou C têm, mas sim no facto de aparecerem novos actores, novas ideias, novos ângulos de análise, de se establecerem novas relações e interações, que de uma forma ou de outra acabam sempre por ser tido sem conta, no imediato ou não, pelos opinion makers do regime, que perderam inapelavelmente o controlo mais importante - o da definição do que a cada momento é debatível, é notícia ou não, é a tal capacidade de agenda setting. Quanto ao resto haverá por aí quem se leve demasiado a sério, e se sinta com missões divinas, como converter este mundo e o outro, a isto ou aquilo, mas são excepções. O grande mérito dos blogs em geral é que num mundo em que as pessoas não conhecem o vizinho, muito menos o presidente da junta, é terem devolvido às pessoas o poder, e o dom, da palavra. E o facto é que há cada vez mais gente a falar, a opinar, sobre tudo e mais alguma coisa, e acharem que isso pode servir para alguma coisa, só pode ser bom, muito bom, excelente. Já quanto ao peditório sobre o anonimato deixem-me que diga, enquanto se aguarda ansiosamente a palavra definitiva de JPP, que faz tanto sentido como o de proíbir a assistência a jogos de futebol, ou permití-la só a mudos, pelo facto de haver um ou outro energúmeno que de vez em quando põe em causa a honorabilidade da mãezinha do árbitro...

Publicado por Manuel 17:26:00  

2 Comments:

  1. Éme said...
    Completamente de acordo.

    Saúde
    josé said...
    Achei curioso, no texto de JPP que este não tenha citado uma única vez este blog. Cita alguns outros, mas este...parece constituir uma pedra no sapato do blogger.

    Nem quero pensar no que o autor deste blog poderia escerver sobre o assunto, particularmente a propósito da eventual citação abruptiana, mas deu-me vontade de rir.

    E rir é o melhor remédio para as pessoas não se levarem muito a la abruto, perdão...a sério.
    TOngue in cheek é conceito que não entra naquele blog. Entram várias tentativas frustradas para alcançar aquilo que os Hawkwind, grupo de rock já datado cantavam:
    Quark strangeness and charm

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