A economia do fogo...(I)
quinta-feira, agosto 04, 2005
Epílogo
- De Janeiro até 31 de Julho de 2005, arderam 68.290 hectares, sendo que 52 mil hectares arderam apenas no decorrer do mês de Julho.
- O Estado Português vai pagar este ano á Helisul e Aeronorte o valor de 24 Milhões de Euros pelo aluguer de meio áereos.
Capítulo 1
Os países europeus efectuam em Novembro de cada ano, os seus concursos internacionais de aluguer de aviões Canadairs para as épocas de incêndio. Falamos pois da Grécia, da França e da Itália que não possuem aviões Canadair em número suficientes para uma correcta cobertura do espaço florestal. Em Portugal o concurso público decorre em Abril, numa altura em que todas as empresas internacionais já alocaram os seus aviões nos concursos ocorridos em Novembro. Não deixa por isso de ser estranho que num concurso público internacional promovido anualmente pelo Estado Português não concorram empresas internacionais. Apenas as portuguesas.
Capítulo 2
O problema é que o concurso é ganho por empresas portuguesas que não tem os meios próprios. Então funcionam como intermediários, é mais um intermediário na cadeia. Depois têm que ir alugar os meios a empresas na Alemanha e noutros países europeus, mas estas empresas já os têm alugados e, por isso, acabam por ir para a Ucrânia e para a Rússia.Ou seja, o Estado Português paga mais caro e menor qualidade pelos aviões que aluga para a época de fogos florestais.
Capitulo 3
Neste negócio, também há comissões.
Capítulo 4
Porque razão desistiu Portugal de um concurso público internacional de aquisição de aviões Canadair?, co-financiado pelo Banco Europeu de Investimentos. O BEI disponibilizou para a Espanha uma linha de crédito por exemplo e ao abrigo deste programa adquiriu cerca de 25 aviões Canadair, tendo cerca de 55 % do custo total sido suportado pelo BEI, pelo simples facto de a Espanha ainda ser considerada elegível para o Fundo de Coesão. Tal como Portugal. O custo final co-financiado ficou em cerca 6,5 Milhões por cada avião novo.
Capítulo 5
Em 2003, arderam em Portugal 410 mil hectares de floresta entre os meses de Junho e Setembro, tendo morrido 20 pessoas. Segundo os relatórios oficiais divulgados pelo SNBPC - Serviço Nacional Bombeiros Protecção Civil, foram utilizados 24 helicópteros , 10 aerotanques ligeiros e 2 aviões Canadair contratados à empresa Aerocondor.
O SNBPC possui apenas dois helicopetros de combate aos incêndios. No dia 14 de Julho, o Ministro António Costa deslocou-se a uma frente de um fogo, impossível de controlar por falta de meios áereos. O meio de deslocação utilizado por António Costa foi um dos dois helicópteros do SNBPC...
Capítulo 6
Porque proibiu Armando Vara, nos tempos da Administração Interna, o uso por parte da força aérea de calda retardante em kits instalados em c-130? Porque razão não são equipados os C-130 com kits de transporte de água ? Porque se insiste agora que a frota de helicópteros Puma vai ser desmantelada em não utilizar alguns deles para combate aos fogos ?
Capítulo 7
No ano de 2003, foram contratualizadas 350 horas de voo com a empresa Aerocondor relativos aos 2 aviões Canadair, sendo que cada hora é, segundo o mesmo relatório do SNBPC, paga pelo Estado Português pelo valor de 3.000 euros. Ora, as contas são simples, o valor de horas utilizado pelos aviões Canadair foram de 520 segundo o mesmo relatório, multiplicando por 3.000 euros à hora, temos que no total a factura deveria ser de € 1.560.000,00. O Estado Português pagou segundo o relatório da SNBPC, cerca de € 2.800.000,00, a empresa Aerocondor, quando o deveria ter feito apenas por cerca de € 1,5 Milhões de Euros.
Conclusão
A partir de hoje, sim de hoje, encontram-se esgotadas as horas de vôo contratadas inicialmente, naquele célebre concurso, que foi anulado, para ser novamente lançado e resolvido por... ajuste directo.
Por isso, sempre que virem um Canadair no ar - está longe de ser demonstrado que os Canadairs são o melhor meio de aviação no combate aos fogos -, lembrem-se que cada hora extra está a ser paga a 3.700 euros.
Publicado por António Duarte 14:54:00
Desculpe a picuinhice, mas estarão bem feitas essas contas?
350 horas a 3 000 cada dá 1 050 000; Ficam a faltar 170 horas que custaram 1 750 000. Pelas minhas contas cada uma destas horas extra é paga a 10 294 €...
Ora, as contas são simples, o valor de horas utilizado pelos aviões Canadair foram de 520 horas.
300 contratualizadas mais 220 extras...
Não é a direita que argumenta...
www.visaoonline.pt/paginas/ conteudo.asp?CdConteudo=32247
3º anónimo
a referência a Armando Vara (mesmo que seja verdadeira) tira efeito ao resto do artigo para não ir mais longe... Vara se proiboi fê-lo quando tinha poder para tal, desde então para cá passaram vários anos e vários governos e sempre se tomou a mesma decisão (talvez certa, talvez errada - é preciso lembrar que também há argumentos que a podem justificar).
Aquilo que me parece uma investigação com pernas para andar e dar que falar fica manchada de "agit prop". E é pena...
Não se pretendia ao citar Armando Vara, estabelecer qq conexao com a nomeação da CGD. São coisas diferentes tratadas de forma diferente em assuntos diferentes.
Apenas e só explicar, que o facto de ele ter poder para o fazer nao significa que o tenha feito correctamente. O ministro da Economia tambem tem poder para colocar o TGV e a OTA, e nao e por isso que tu nao o deixas de criticar.
ehehhe
Teria de se instituir um coeficiente de qualidade (uma casa ardida é diferente de um descampado de arbustos por exemplo)
Isto depois teria de ser articulado com os meios de incêndio e colaboração entre diferentes partilhas.
lucklucky
Eu sei António, não ponho em causa o argumento, só que às vezes quereres expor demasiados argumentos (especialmente quando a opinião principal é estruturada - baseada numa análise quantitativa, factual) a mistura de "alvos" é contraproducente. Todo o texto pode parecer ser outra coisa. Mas era mesmo só um conselho emprestado.
Um abraço.
Pela conversa deves andar metido cu a Vara!!!
Isto é a nossa Mafia!
Poema de Vasquinho da Graça Vossa
De contrário, se essas horas não forem garantidamente pagas (mesmo que não haja fogos), a empresa escolhida vai trabalhar para outro lado, onde lhe garantem esses pagamentos pela disponibilidade dos aviões.
Mas como existe contrato e pagamentos garantidos (para que outra coisa seria o concurso?), a empresa só terá a ganhar se não houver fogos, pois as horas já estão pagas.
Por isso acho que a sua argumentação não cola, para não dizer que é idiota.
Isto, a julgar pelo seu próprio texto.
1- aos c 130,
2- aos Puma.
Já experimentou pilotar um C 130 carregado, em vôo baixo num vale com pouco espaço de manobra? Talvez se pudesse usar este tipo de aparelho com o kit de calda na zona Sul do país, mas é um conjunto pouco versátil.
Há 3 dias vi um Puma a voar para uma zona de fogo. O que faria ele? Desconheço, mas talvez tranpostar um equipa de intervenção anti-fogo, um ministro, ou coisa que lhe valha. Os Pumas, depois de abatidos à FA podem ser usados (alguns) mas com um custo de manutenção pouco simpático. Não lhe daria uma hora de vôo muito barata. Se fosse o estado a (SNPC) a ficar com esses helicopteros, seria preferível, acho eu, adquirir novos.
João
MANIFESTAÇÃO PELO FIM DO "NEGÓCIO DOS INCÊNDIOS"!!!!
Sexta, dia 26, às 18 horas, em frente à sua Câmara Municipal.
(em Lisboa, em frente à Assembleia da República)
Mostra a tua indignação!
Enverga uma tshirt preta em protesto pelo estado das nossas florestas.
Juntos podemos fazer a diferença.
(Esta convocatória não está conotada com qualquer força política, ou grupo organizado. É uma iniciativa espontânea, aberta a todos os cidadãos)