... e sobre a Ota...

Segundo informações recolhidas pelo PortugalDiário, o parecer que terá servido de base para que a Ota fosse a localidade eleita para a construção do «Novo Aeroporto Internacional de Lisboa», ressalva diversos factos que demonstram a falta de certeza na escolha.

Entre as diversas conclusões pode ler-se que a «ausência de projecto» para a infra-estrutura é uma importante condicionante do «presente parecer». Que alguns dos pontos analisados tiveram uma «abordagem deficiente» - como por exemplo, «economia, ruído, qualidade do ar ou colisão com aves». O que os levava a afirmar que «as conclusões dos estudos preliminares de impacto ambiental não são suficientes ou válidas como elementos e base para a tomada de uma decisão».

in Portugal Diário

Eu até nem queria colocar em causa o nível de literacia de Mário Lino, Ministro das Obras Públicas, mas...

Publicado por Manuel 14:33:00  

6 Comments:

  1. crack said...
    E houve quem levasse a mal que eu lhe desse o bom conselho de arranjar uns assessores para lhe lerem e explicarem os relatórios!
    Anónimo said...
    Pois... parece que os assessores actuais que por lá andam são tão medíocres e não profisionais, que os que têm alguma experiência já pediram a demissão. Esperam só pelas autárquicas para ser substituídos.

    Alface

    PS Pelo que dizem, a incompetência e a improvisação grassam...
    Carlos said...
    EU li os relatórios (disponíveis no site da NAER) e pretender, como diz o artigo, que alguns dos pontos analisados tiveram uma «abordagem deficiente» - como por exemplo, «economia, ruído, qualidade do ar ou colisão com aves» é duma chocante falta de honestidade intelectual.

    O artigo em questão, faz uma leitura parcial e enviezada dos relatórios em questão e selecciona exclusivamente as frases que suportam a tese do autor. A título de exemplo, nos ditos relatórios existem referências ao impacto positivo da implantação do aeroporto na economia local nomeadamente em termos de emprego.

    A referência a este artigo deixa-me ainda mais perplexo pois não compreendo o objectivo do autor do "post". Se se pretende demonstrar que o novo aeroporto é desnecessário o argumento é desmentido pelas afirmações sobre o impacto negativo na "qualidade do ar à escala local e regional, verificando-se violação de limites legais imperativos em algumas situações". Este impacto não deriva específicamente da localização do aeroporto mas da sua existência. Ora se esse impacto é negativo numa zona com fraca densidade populacional como é o caso de Rio Frio sê-lo-á por maioria de razão numa cidade como Lisboa.
    Os relatórios incluem por exemplo os perfis de ruído resultantes do tráfego de aviões e a população afectada (31 mil pessoas para um tráfego de 25 mpa no caso da Ota e 15000 para Rio Frio). Seria interessante que se comparassem estes números com os obtidos mantendo-se o aeroporto na Portela.

    Quando se diz que "as conclusões dos estudos preliminares de impacto ambiental não são suficientes ou válidas como elementos e base para a tomada de uma decisão", omite-se um aspecto essencial: os estudos (e o mandato da comissão) destinavam-se a seleccionar qual dos locais - Ota ou Rio Frio -se mostrava mais adequado e não discutir sobre a necessidade (ou não) de construir um novo aeroporto.

    Repito o que afirmei há algum tempo atrás. Pode discutir-se à luz de factores circunstanciais a oportunidade da construção de um novo aeroporto. Pode contestar-se a escolha do local (neste domínio o EPIA deixa em aberto muitas questões). Todavia nenhum dos defensores da manutenção do status quo demonstrou que a Portela constitui uma solução melhor. Além disso é hoje claro, analisando da evolução dos perfis de tráfego da Portela que esta solução é insustentável num horizonte temporal além de 15 anos, exigindo enormes investimentos apenas para assegurar a manutenção de padrões mínimos de operacionalidade, sem obstar a nenhum dos inconvenientes estruturais (ruído, poluição, risco de acidente, etc.).
    Carlos said...
    Para quem quizer fazer um juízo por si próprio aqui fica o endereço dos EPIA: http://www.naer.pt/NAER/PT/Historial/EPIA/index.htm

    A julgar pela utilização selectiva que se faz do conteúdo dos estudos já disponíveis, parece que o objectivo não é tanto o esclarecimento da opinião pública e um debate intelectualment sério sobre esta matéria, mas antes "flagelar o inimigo político" do momento.
    Anónimo said...
    É evidente que os que exigem tão diligentemente a divulgação dos estudos sobre a OTA não pretendem debate nenhum, já têm uma opinião mais do que formada: dizer mal do governo porque sim...
    Anónimo said...
    É curioso que basta seguir o link proposto (pelo Post) para se chegar a um texto como este (no mesmo Portugal Diário):


    " Mas a expansão do actual aeroporto de Lisboa pode ter um impacto directo em milhares de residentes das zonas envolventes. Segundo um "Estudo Preliminar de Impacto Ambiental", a que o PortugalDiário teve acesso, já referido pelo ministro das Obras Públicas, Mário Lino, teriam de ser realojadas, pelo menos, dez mil pessoas.

    No estudo elaborado pela Naer - Novo Aeroporto SA, em 1999, defende-se que os actuais 520 hectares ocupados pelo aeroporto da Portela não são suficientes para a criação de uma nova pista de aviação, indispensável para a manutenção desta infra-estrutura. Isso significa a expropriação de, pelo menos, 80 hectares de zona urbana. O que afectaria 1920 habitações, 47 armazéns, dez instalações industriais, três escolas e uma igreja, com o realojamento de dez mil pessoas. E o aumento do ruído afectaria cerca de meio milhão de pessoas, indica o estudo.

    É preciso ter em conta que estes números se referem ao ano de 1999, altura em que foi apresentado. Ou seja, considerando o crescimento da cidade, principalmente nos arredores do aeroporto, é provável que estes números sejam actualmente superiores. Basta constatar o crescimento de bairros próximos como Lumiar, Camarate, Telheiras, Olivais ou Alta de Lisboa. "


    Dá portanto para escolher, não é? Pega-se num bocado da prosa e parece que "definitivamente" se enterrou a oposição. E vice versa.
    Tudo muito definitivo.
    E intelectualmente honesto, claro.

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